O Kyrylo partilha do nosso gosto por bicicletas de touring. Vejam este vídeo desta viagem dele e da Catarina e digam lá se não ficam com uma comichão insuportável para os imitar. 😛
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Primeira S24O!
O Pedro (Velocorvo), convidou-nos para um S24O a meio de Abril e nós aceitámos prontamente! Para nós foi a primeira experiência neste formato, e a primeira vez a fazer campismo selvagem, mas o Pedro é um habituée e levou-nos para um seu local de eleição, no meio de umas rochas na serra de Sintra.
Para nós não é fácil conjugar coisas destas com outras pessoas dado que o nosso fim-de-semana (2ª e 3ª) não coincide com o fim-de-semana normal da maior parte das pessoas (sábado e domingo). Mas desta vez deu para juntarmos 6 pessoas, com o plano de sairmos de Lisboa a meio da tarde de Domingo (o que permite conjugar a volta com o nosso trabalho de manhã na escola), e regressarmos a Lisboa ao final da manhã de 2ª-feira.
Para isso foi fundamental a co-modalidade com o comboio, que apanhámos para lá e para cá.
Apanhámos o comboio em Campolide, outros no Rossio, outros em Benfica, e saímos na última estação, em Sintra. Depois de todos juntos, arrancámos, pois tínhamos uma serra para subir.
Chegámos ainda com tempo de montar o estaminé com luz do dia. Ficou apertado, mas coubémos todos.
A Mutthilda foi connosco, claro. E o A. levou o gira-discos, o que deu um toque especial à experiência. 🙂
Antes e depois do jantar subimos à rocha para apreciar a vista. O pôr-do-sol primeiro, e as estrelas depois.
O jantar incluiu massa instantânea, cogumelos, queijo, paté, folhados caseiros, chá, etc. Comida não faltou.
Depois de uma noite com um momento de emoção em que a S. se afastou para atender a uma chamada da natureza, caiu e se desnorteou momentaneamente para encontrar o caminho de volta sozinha, começando a gritar por ajuda, acordámos frescos. Tomar o pequeno-almoço na serra, na manhã seguinte, foi também muito bom.
Depois de voltarmos a arrumar tudo, lá saímos da “caverna” a meio da manhã, para regressar à civilização.
A parte mais positiva dessa perspectiva é que o que sobe (no dia anterior) tem que descer. 🙂
Mas o melhor é verem o vídeo. 🙂
Este é mesmo um belo formato de escapadinha. Gostámos muito e é para repetir!
Três dias de bicicleta e campismo, com 7 bicicletas, 4 adultos, 3 crianças e 1 cão
A ideia era aproveitar a pausa da Páscoa para fazermos uma pequena viagem de bicicleta com amigos, uma viagem familiar dado que eles levariam os filhos e nós a Mutthilda, com campismo pelo meio. Tínhamos três dias, 5ª, 6ª e sábado antes da Páscoa. Optámos por ir para o Meco, o que foi fixe pois eu e o Bruno ainda não conhecíamos aquela zona.
Fomos combinando as coisas por telefone e nos Hangouts do Google. Partimos dos tracks de GPS cedidos pelo Gonçalo, que não pôde ir, mas o R. levou um amigo (que não anda regularmente de bicicleta) para fazer o percurso com ele uns dias antes, e assim fazer o reconhecimento. Uma preocupação extra justificada pelo facto de que íamos levar connosco 3 crianças entre os 6 e os 9 anos, para pedalar distâncias muito maiores do que as que estavam habituadas a fazer.
Na noite anterior eu e o Bruno deitámo-nos às tantas a preparar as coisas nas bicicletas. Garantir que não falta nada, hesitar no que levar e no que deixar, contorcermo-nos com que roupa levar e quanta, etc. É sempre assim quando temos uma viagem, seja de bicicleta ou de avião. Talvez um dia sejamos capazes de fazer um planeamento mais eficaz, quando fizermos isto mais regularmente. Espero. 😛
De qualquer modo, no dia 2 de Abril de 2015, um bocado em cima da hora, mas estávamos em Belém às 10h para apanhar o barco, como combinado. O funcionário da Transtejo foi um idiota, em vez de nos explicar que era um ferry e que abririam o portão para os veículos saírem e entrarem – por onde poderíamos assim passar, deixou-nos lutar para conseguirmos passar pelos torniquetes normais com as 4 bicicletas carregadas , tendo que andar a levantá-las e contorcermo-nos para fazer passar tudo a tempo de não perdermos o barco.
Mas enfim, o ferry chegou, e nós entrámos. Assim começava a nossa aventura! 🙂
Dos adultos, o R. e o B. levavam as suas Xtracycles, o Bruno levou a Big Dummy com a Mutthilda no deck, eu levei a LHT com um FollowMe Tandem.
Das crianças, o M. levou a sua bicicleta e ora iria a pedalar ora iria, junto com ela, em cima da longtail do pai. O R. júnior levou e pedalou a sua própria bicicleta. O H. ora iria a pedalar a sua bicicleta sozinho, ora iria a pedalá-la atrelada à minha LHT, ora iria à boleia na longtail do pai (enquanto eu rebocaria a sua bicicleta).
Cada um pedalou a sua bicicleta desde o barco até pararmos numa pastelaria na Costa da Caparica para tomar o pequeno-almoço.
A seguir apanhámos uma estrada estreita, com algumas curvas com pouca visibilidade, com uma via em cada sentido, sem bermas, e com algum trânsito. Íamos num grupo só, adultos à esquerda, crianças à direita, o R. júnior, o mais velho, ia no fim, ao lado direito do Bruno, eu seguia à frente com o H., o mais novinho, à minha direita, e o pai dele atrás de nós.
Foi tudo pacífico, mas íamos bastante devagar, ao ritmo dos miúdos (10-12 Km/h), e para reduzir a probabilidade de a impaciência levar alguns condutores de automóveis a fazerem ultrapassagens menos que ideais, optámos por nos sub-dividir em 2 grupos, mantendo-nos próximos mas com espaço suficiente para acomodar 2-3 carros à medida que nos fossem ultrapassando por fases.
Correu tudo muito bem, não foi propriamente a parte mais relaxante, mas foi tranquilo. Mas para isso foi fundamental a comunicação. Quem vai à frente comunica com quem vai atrás se é seguro sermos ultrapassados ali ou não, e quem vai atrás vai passando essa mensagem aos condutores que nos seguem, sinalizando o “pode passar” e o “aguarde, não pode passar”. Na grande maioria dos casos as pessoas não são estúpidas e percebem isto, respeitam e tudo corre bem. Só de vez em quando alguém passa quando não deve, ou passa demasiado depressa ou demasiado perto, mas nada de especial, estávamos todos alerta e preparados para lidar com isso.
Depois de uma subida mais exigente, em que os dois mais pequenos foram à boleia dos pais, mais um pouco e chegámos à Mata Nacional dos Medos. Passada a cancela, deixar os automóveis para trás, o ruído, o fumo, o perigo, e embrenharmo-nos no pinhal, soube mesmo bem. Estávamos “na natureza”! As crianças puderam andar de bicicleta à vontade e a Mutthilda pôde acompanhar-nos correndo e explorando livremente. Começava a parte mais interessante! 🙂
O pavimento estava longe de bem conservado, mas não tão mau que não compensasse a ausência de carros. 😉
Não temos fotos de todo o percurso para lá e para cá, mas apanhámos asfalto bom, asfalto mais-ou-menos, asfalto em mau estado, caminhos de terra batida, caminhos com brita, caminhos de areia (muita areia), etc. Estes foram espectaculares, no meio do pinhal:
Quando chegámos à NATO tivémos que passar por uma zona cheia de cães vadios. Por momentos receiei um pouco, mas apesar de ladrarem, e da Mutthilda ladrar também, os cães nãos nos seguiram nem nada do género. Mas resolvemos pedalar mais um pouco para nos afastarmos, de forma a podermos soltar a Mutthilda mais à vontade, e não correr tanto o risco de almoçarmos ao pé de dejectos caninos. Depois de fazermos uma pausa para um almoço piquenique no meio da Herdade da Apostiça (o que implicou pegar nas bicicletas para as fazer passar por cima de um portão / cancela – carregadas, foi um esforço de equipa), retomámos a pedalada até chegarmos finalmente ao parque de campismo de Fetais.
Montámos campo ainda era dia.
Os miúdos entretiveram-se com jogos e com a Mutthilda.
O percurso da Trafaria até ao parque foi este. Foram 34 Km feitos em 3h30.
Ao segundo dia não pedalámos, fizémos antes uma bela caminhada até à praia do Meco, 3 Km, 35 min a andar.
Ainda deu para um bocadinho de frisbee com os miúdos e com a Mutthilda.
Estivémos na praia cerca de hora e meia, a brincar, absorver a natureza e a paisagem, e depois regressámos ao parque.
As refeições foram preparadas no parque de campismo, tínhamos fogões, panelas, pratos e afins, e comida pré-preparada ou fácil de preparar (tipo ‘noodles’).
A cozinha:
À noite a tarpa deu jeito para cortar um bocado a luz do candeeiro e dormirmos melhor. Infelizmente descobrimos que as pessoas por vezes se esquecem onde estão, ou da boa educação, e tivémos que aturar grupos de pessoas a conversar alto, à porta das suas roulotes, nas primeiras horas da noite, enquanto tentávamos dormir. Uns tampões para os ouvidos teriam sido, afinal, boa ideia.
Ao 3º dia, era tempo de regressar a casa. Fizémos o caminho inverso, penso que houve só uma ou outra alteração (um caminho de areia com bicicletas carregadas, a descer, faz-se, a subir, esqueçam).
O nosso comboio era assim:
Descidas para fazer devagar e sem travar a roda da frente. 😛
Muita areia. Procurámos uma alternativa mais ao lado.
Paragem para almoço!
De volta ao caminho.
Neste regresso, para fugirmos a um grande troço de areia, também tivémos novamente que passar por cima de uma cerca – desta vez descarregámos as bicicletas para o conseguirmos fazer de forma mais segura e “ergonómica”).
Quando chegámos outra vez ao asfalto, junto à NATO, o H. queria ira pedalar sozinho, então começou, com a ajuda do M. a tentar desengatar a bicicleta dele do FollowMe Tandem e, logo, da minha bicicleta. 🙂
O caminho de volta também foi pacífico, mas com alguns troços um pouco mais stressantes – havia muito trânsito, e a estrada não permitia ultrapassagens seguras facilmente. Mas fez-se e correu tudo muito bem, usando as técnicas já anteriormente aplicadas: circulação ocupando totalmente a nossa via, normalmente circulando a par, organização em dois grupos não muito afastados, e comunicação eficaz dentro de grupo e com os automobilistas que nos seguiam.
Quando chegámos à estação fluvial da Trafaria, a Mutthilda já estava KO de tanta correria e tanta brincadeira naqueles 3 dias, dormia que nem um bebé. 🙂
A minha bicla.
Já na margem Norte, pedalámos juntos até ao Areeiro, onde depois cada um seguiu até ao seu destino.
O percurso de regresso a Lisboa foi este mais este. Foram uns 45 Km feitos em 4 horas.
Tivémos imensa sorte com o tempo nestes 3 dias, esteve um sol e uma temperatura fantásticos. Tudo correu bem, com os miúdos, com a circulação na estrada, com o campismo, tudo. Foi óptimo e adorámos. Para primeira experiência do género (com amigos, crianças e cães) não podia ter sido melhor e só nos deu vontade de repetir!
Dia XIII: o regresso a Lisboa
Este post faz parte de uma série: Lisboa-Messines-2013! As fotos estão aqui.
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Finalmente, no dia 31 de Agosto, sábado, regressámos a Lisboa. Pedalámos até à estação da vila, S. Bartolomeu de Messines, para tentar a nossa sorte com o comboio (nessa altura já não havia Regionais Algarve – Lisboa, e o Intercidades requer que as bicicletas sejam desmontadas e embaladas). Desmontar e depois remontar as bicicletas seria uma trabalheira desnecessária (enão tornaria os volumes assim tão mais compactos ou arrumáveis no comboio), por isso tentámos safar-nos com uma técnica intermédia:
- retirámos todos os sacos e bagagem da bicicleta
- rodámos o guiador
- bloqueámos os travões com abraçadeiras plásticas
- removemos os pedais
- prendemos a roda dianteira ao quadro com umas Rok Straps, para não se mover
- embrulhámos as bicicletas em sacos pretos opacos
Infelizmente, quando chegámos à estação não estava lá mais ninguém e não conseguimos perceber onde pararia o comboio para Lisboa. Tratámos desta logística numa plataforma, mas entretanto chegou mais gente e foram para a outra – perguntámos-lhes e afinal era do outro lado, pelo que toca a fazer piscinas a acartar as bicicletas embaladas e os vários sacos.
Entretanto chegou o comboio. Tentamos perceber onde pararão as carruagens e se haverá alguma carruagem própria para bagagem mais volumosa. O revisor está à porta e olha para nós de alto a baixo – receamos o pior. Mira-nos e volta a mirar-nos e diz-nos que devíamos ter desmontado as bicicletas… Mas no final deixa-nos entrar. Ufa. Ele sugeriu-nos a zona da bagagem mas “fugimos” e ficámos no corredor porque achámos que seria mais prático para todos. Arrumámo-las ao alto e no início estávamos a pensar ficar lá com elas, mas depois vimos que não era necessário, as pessoas passavam bem, as bicicletas não caíam.
As pessoas tinham que se desviar, para passar entre carruagens, mas dava perfeitamente.
A catrefada de sacos e bagagem ficou ao monte atrás dos primeiros bancos de passageiros.
Bonito embrulho, hein? 😛
Entretanto, chegamos a Lisboa e optamos por ficar em Sete Rios.
Junta-se novamente a tralha toda na plataforma.
E desembrulhar é mais fácil e rápido que embrulhar e num instante estamos prontos para continuar viagem, agora até casa.
Descemos as escadas rolantes em marcha-atrás.
Ah, Lisboa, so welcoming. 😛
E mais uns quilómetros a pedalar depois, chegámos bem a casa. A sensação de regresso a casa é também uma doce parte de viajar. 🙂
Dia VII: Sagres – Messines
Este post faz parte de uma série: Lisboa-Messines-2013! As fotos estão aqui. —————————————————————————————-
É uma vergonha, deixei o relato a meio e só lhe consigo voltar a pegar 6 meses depois. 😛 Mas aqui vai!
DIA VII, 25 de Agosto, domingo
Sagres –> Messines
Cerca de 60 Km de pedaladas
Acordamos no parque de campismo de Sagres, espreitamos pela janela da tenda e vemos com alívio que as bicicletas, sacos e afins ainda estão no mesmo sítio. 🙂 Não deixamos a sorte ao acaso, mas isto às vezes basta ter azar.
Tomamos o pequeno almoço.
Depois arrumamos a trouxa e decidimos almoçar por ali, no restaurante do parque.
Depois de “atestados os depósitos” e partido tirado do wi-fi, fizémo-nos à estrada.
O nosso caminho do dia foi mais ou menos este:
Parte 1: Sagres-Lagos –» comboio para Tunes
Para começar, claro, não podíamos deixar de nos perder ligeiramente a tentar sair do parque e chegar à estrada principal por atalhos. 😛
Mas nada de grave, lá encontrámos o caminho, e optámos por seguir pela Ecovia do Algarve, paralela à N268 que tínhamos feito, em sentido contrário, no dia anterior.
Ao mesmo tempo que avisam que a estrada está em mau estado, apenas “recomendam” uma velocidade máxima de 60 Km/h (em vez dos 90 Km/h de limite que se aplicam ali)…
E a marcação da ecovia também não se livra do complexo de inferioridade ciclista, ali chegada à direita…
Cruzámo-nos apenas com 2 outros ciclistas:
“Proibir não vale a pena, vamos só recomendar”:
A dada altura deixámos a ecovia e entrámos na EN125.
E seguimos pela berma até Lagos.
De vez em quando, nas descidas e quando não vinham carros, acelerávamos pela faixa de rodagem. Mas a berma era aceitável no geral.
Estava bastante calor e de vez em quando parávamos para beber água e também para molharmos as costas um do outro, para arrefecer – sabe mesmo bem. 🙂
Entretanto chegamos a Lagos e vejo isto, uma pessoa numa cadeira de rodas a circular pela estrada, porque não há passeios nem bermas… *sigh*
A estação de comboios de Lagos era nova. Chegámos, encostámos a bicicleta a uma parede (que parecia servir mesmo para isso :-P) e fomos comprar os bilhetes para Tunes.
Enquanto lá estávamos, vi um rapaz entrar com a bicicleta [de BTT] para a casa-de-banho. Presumo que não tivesse trazido cadeado. 😛
Lá chegou o comboio (Lagos é uma estação terminal) e tratámos de içar as bicicletas para a carruagem respectiva. “Içar” é a palavra mais adequada, dado que a entrada não tem sequer escadas de acesso, como as entradas normais…
Nos comboios regionais da CP é permitido, e gratuito, transportar bicicletas, e estes até têm mesmo um compartimento para carga, com ganchos para bicicletas.
Infelizmente estes ganchos são práticos para bicicletas como as da foto, beater bikes. Nada fixa as bicicletas impedindo-as de oscilarem e baterem uma na outra. E colocar as bicicletas nos ganchos não é prático, ou mesmo viável, para bicicletas mais pesadas e/ou carregadas, como as nossas. Por isso, e mesmo que os ganchos não estivessem ocupados, arrumámos as nossas a um canto, imobilizando-as com abraçadeiras plásticas no travão da frente e com umas Rok Straps.
Partimos então logo com 4 biclas a bordo:
Numa outra estação entrou uma rapariga com uma bicicleta mais citadina, e pendurou-a num outro gancho (que não era bem para biclas, pareceu-nos).
Acabámos por passar a viagem naquele compartimento, que parecia uma prisão. 😛
Como tínhamos a tralha toda nas bicicletas e este compartimento não era visível do compartimento dos passageiros, preferimos ficar ali e pronto. E fomos espreitando pela janela a apreciar a paisagem.
A dada altura as estações passaram a ser do outro lado e tivémos que mudar um pouco as bicicletas para não obstruirmos a porta:
Não estávamos à espera desta, mas na estação de Tunes tivémos que tirar as bicicletas – carregadas – de uma altura muito maior. Já estávamos com medo de nos atrapalharmos a fazê-lo com a altura de Lagos, e de repente, toma lá um desnível de quase 1 m!
Chegamos a Tunes!
Felizmente os elevadores funcionavam. 🙂
Parte 2: Tunes-S.B. Messines
Nesta altura, antes de sairmos de Tunes, eu aviso a minha tia que mais 1 hora devo estar lá. lol Primeiro ainda estivémos ali algum tempo a fazer uns vídeos e tirar uma fotos. Depois, bom, depois metemo-nos por atalhos, andámos meio perdidos no meio da serra, e chegámos lá umas 2 horas mais tarde do que o previsto. 😛
Pensávamos que estava quase, mas enganámo-nos. Claro que não podia haver uma viagem em que não nos perdêssemos de alguma forma. 😛 Armámo-nos em espertos e decidimos usar o Google Maps, seguindo uma rota pedonal, para atalhar caminho:
O resultado foi andar a fazer BTT nocturno, às apalpadelas no meio da serra, por laranjais e afins, com medo que aparecesse algum agricultor de espingarda em punho e cães em pulgas, quase sem bateria nos telemóveis, “longe” da civilização, a um domingo quase à meia-noite, sem comida, sem sequer sabermos dizer onde estávamos para alguém nos vir buscar, se fosse o caso. 😛 Nem tudo era mau, claro, tínhamos as tendas, podíamos pernoitar ali no meio se víssemos que era mais sensato. E tínhamos boas luzes nas bicicletas para iluminar o caminho. Mas o caminho era terra batida com pedras e calhaus. Muito chocalhámos nós por aqueles caminhos. Felizmente sem cairmos uma única vez, lol. Por um lado até foi divertido.
Depois, saídos dali, íamos lançados para apanhar o IC1 num pequeno troço, que nos levaria mais directamente ao destino, mas vimos à entrada que era interdito a bicicleta, e lá fomos nós metermo-nos outra vez por atalhos, mas desta vez asfaltados! 😛
Conseguimos não passar por cima de uma cobra na estrada (aargh) numa descida. E depois de mais uns quilómetros a pedalar, finalmente, chegámos a casa, sãos e salvos, cobertos de terra vermelha. 🙂
Garagem interior, claro. 😛
Et voilá! Cerca de 300 Km em bicicleta, de Lisboa a Messines, em 6 dias – conseguimos, sobrevivemos e até gostámos! 🙂 A repetir!
CONCLUSÕES para a posteridade:
- Cuidado com os atalhos… O Google não indica a qualidade dos acesso pedonais.
- Investir num GPS a sério, dedicado, em vez de usar o telemóvel – se a bataria acaba, não temos GPS nem telemóvel!
- Levar baterias extra para os telemóveis.
- Levar comida extra caso nos percamos!
- Tentar não andar tão tarde ainda na estrada, é mais chato quando nos perdemos, está escuro, as pessoas estão em casa a dormir, etc
Dia VI: Aljezur – Sagres
Este post faz parte de uma série: Lisboa-Messines-2013! As fotos estão aqui.
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DIA VI, 24 de Agosto, sábado
Aljezur –> Sagres
Cerca de 55 Km de pedaladas
O nosso caminho do dia foi mais ou menos este:
De manhã, no parque de campismo do Serrão, enquanto arrumávamos as coisas para partir, pusémos os gadgets electrónicos a carregar e esperámos que as toalhas secassem (de noite nada seca por causa do orvalho, quase ficam mais molhadas do que antes de as deixarmos lá).
Arrancámos rumo a Aljezur, que ficava a 3 Km do parque, para almoçar. Havia bastante movimento. Era sábado, dia de mercado, e aproveitámos para ir comprar fruta boa! Depois passámos a ponte e fomos comer melancia e pêssegos para um pequeno parque com muita sombra, e observar as cobras e peixes e afins na ribeira.
Depois disto voltámos um pouco para trás, e fomos comprar umas coisas ao Intermarché depois de um taxista nos dizer que era o único sítio ali tipo supermercado. Distraí-me com as horas, e entretanto já passava das 14h30, e alguns restaurantes já tinham a cozinha fechada. Então voltámos ao “centro”, passámos o mercado municipal e entretanto lá encontrámos um sítio onde almoçar “tarde”. Curiosamente, também havia minimercados ali naquela rua (é o que dá perguntar coisas a taxistas, que andam de carro todo o dia).
Como um lugar livre mesmo em frente, estacionámos as biclas (que não têm apoio de descanso, por isso, mais uma vez, vivam as Rok Straps!).
Aljezur Cycle Chic? 🙂
Um luxo, biclas logo ali ao lado! Estávamos sempre de olho a ver quando é que vinha um tipo lançado contra elas, a pensar estacionar sem reparar que elas estavam lá. 😛
Entretanto chegou um casal espanhol também para almoçar, ainda mais tarde que nós. 😛
Esta rua em Aljezur é parte de uma Estrada Nacional, a N120, e tinha um movimento considerável, nomeadamente de camiões. Lembro-me destacena quando lá passei há 10 anos, de ficar abismada como é que se permitia aquele volume e tipo de tráfego numa rua em que os passeios são meros pequenos pára-choques das casas:
O cruzamento de alguns camiões e afins numa curva antes do mercado municipal era complicado, e os peões não têm espaços decentes. Aquilo não está certo. Lembrava muitas ruas de Lisboa, mas com camiões.
Enquanto almoçávamos vi passar um grupo de 3 ciclistas que também deviam estar a fazer uma viagem como a nossa, em biclas de BTT. 🙂
Entretanto, depois de bem almoçados, lá seguimos rumo a Sagres. Mas quando estávamos a tirar as Rok Straps para soltar as bicicletas estacionadas, surge uma senhora do restaurante onde acabáramos de almoçar e mete conversa. E começa a dizer que aqui há pouco tempo uns amigos tinham feito uma coisa parecida, com os filhos, num atrelado. “Hmm, e esses amigos, como se chamam?”, perguntámos-lhe, olhando um para o outro. “Filipa e João”. “Ah, conhecemo-los, sim!” O mundo é pequeno! Falámos destas pequenas “loucuras” de uns e outros (tão sãs!) , ela desejou-nos muita sorte, e lá seguimos nós.
O primeiro troço, pela N120 até à bifurcação onde continuámos pela direita pela N268 (para a esquerda seguia a N120 para Lagos) foi mais movimentado. Havia algum trânsito automóvel, e também alguns camiões. A estrada era boa mas tinha uma berma pequena (é melhor uma estrada sem berma nenhuma do que uma com uma berma que nós não possamos usar em segurança como via). Não sei se era por ser sábado, pareceu-me haver mais trânsito e mais apressado.
Depois já na N268 apanhámos longos troços de estrada a subir e a descer, sinuosa. Puxou por nós, mas tínhamos almoçado bem! 😛
A paisagem era bonita e o dia lindo reforçava-a. Parámos um pouco para a apreciar e fotografar as vaquinhas que pastavam lá em baixo com um quase ensurdecedor ruído de badalos. 🙂
Depois da Carrapateira, onde não fomos espreitar a praia, para não chegarmos muito tarde a Sagres, foi onde a estrada começou a melhorar em termos de trânsito, apesar de o pavimento não ser tão bom (mas era perfeitamente adequado, ainda assim). Era bom também pelas árvores que ladeavam a estrada, tornavam-na mais agradável.
Continuámos sempre a pedalar em posição primária e fazendo o “control & release” quando necessário. A posição primária é entre o centro da via de trânsito e a marca do rodado direito dos automóveis, consoante as circunstâncias e a estrada em causa. No curso “Condução de Bicicleta em Cidade” aprende-se a aplicar este e outros conceitos. Do “control & release” falei neste post.
As pessoas têm imenso medo de serem levadas à frente ou mandadas ao chão por um carro, mesmo na cidade, onde isso é mais raro, mas principalmente em estradas nacionais e rurais, onde é o acidente mais comum, dado que há poucos cruzamentos, as estradas são longas, etc. Nós tínhamos noção desse risco acrescido deste tipo de acidente, e por isso mesmo mantivémos a posição primária nas estradas onde a berma não podia ser usada como via de trânsito (algo que só será legal a partir de Janeiro de 2014, mas que já muita gente faz por razões óbvias). Este tipo de acidente acontece porque um condutor ou não vê o ciclista ou avalia mal a sua velocidade ou posição e até o espaço para ultrapassagem. Se um condutor nos vê toma as medidas necessárias para lidar connosco (abranda e/ou ultrapassa). O perigo não é estar “no meio da estrada”, é não sermos vistos (a tempo) e/ou não comunicarmos a mensagem correcta, de forma a permitirmos às outras pessoas reagirem atempadamente e adoptarem os comportamentos adequados.
Por isso é fundamental estarmos onde possamos ser vistos (onde as pessoas já estão a contar encontrar outros veículos) e sermos visíveis (luzes, contraste, movimento).
Aqui está o Bruno, lá ao fundo, perfeitamente visível logo a grande distância, e a comunicar inequivocamente que não será possível ultrapassá-lo sem usar a via da esquerda, pelo que todos os condutores que o encontram no caminho têm muito tempo para preparar adequadamente a ultrapassagem (abrandar, aguardar uma zona da estrada com visibilidade suficiente, esperar que não haja trânsito em sentido contrário e efectuar a manobra) – e como ele deixou espaço à sua direita, e vai monitorizando a ultrapassagem pelo espelho retrovisor, tem sempre um espaço de reserva que pode usar para se desviar, se necessário, se algum condutor não efectuar da forma mais correcta essa mesma ultrapassagem. Ver, ser visto, comunicar, dar espaço para erros. Na nossa escola ensinamos a aplicar estes conceitos e valem tanto na cidade como fora dela, como pudémos avaliar pessoalmente nesta viagem
A dada altura chegamos ao parque eólico onde 10 anos antes andámos também, e vamos tirar as fotos da praxe, claro! 🙂
Estava lá uma autocaravana (mais uma!), um pai e dois miúdos foram ver as torres também, e ele ofereceu-se, em inglês, para nos tirar uma foto, ainda antes de ter percebido que não éramos estrangeiros (depois tirou a foto à mesma :-P). Queremos contribuir para que isto deixe de ser algo que se associe a estrangeiros, os portugueses também merecem usufruir do seu belíssimo território, em bicicleta, bolas!
Já perto de Sagres seguimos pela berma da N268, a boa velocidade (mas não a par, que a nossa velocidade e a largura da berma não eram compatíveis). A dada altura apercebemo-nos que havia um troço da Ecovia do Algarve ali ao lado, mas não sabíamos como lhe poderíamos aceder nem para onde ia, pelo que era irrelevante – e a berma da N268 estava a prestar bom serviço na altura.
Fomos por uns atalhos de terra e lá alcançámos o parque de campismo de Sagres da Orbitur, ainda “de dia”! 🙂
Entretanto pôs-se uma ventania e um frio algo desagradáveis, pelo que sofremos um pouco a montar a tenda. Optámos por jantar no café do parque. Essa experiência, e depois os balneários também, deixou-nos uma sensação de alguma decadência deste parque, o que é uma pena. 🙁
CONCLUSÕES para a posteridade:
- um relógio de pulso pode ser boa ideia, para não nos distraírmos com as horas (que afectam as opções para almoçar, por exemplo)
- o parque de campismo de Sagres é para evitar se conseguirmos descobrir uma alternativa melhor (não é mau mas também já não é bom)
- o parque de campismo de Sagres era ventoso à noite mas agradável durante o dia
- não questionar a rota definida pelo homem do leme se decidimos não contribuir à partida para definir a mesma 😛
- não será nada mal pensado investir mais tarde num sistema destes para nós, se encontramos uma solução que não requeira o capacete (que não usamos) como suporte :-/ Permitirá comunicarmos melhor, e mais frequentemente quando não podemos seguir a par, e ainda dá para ouvir música, que foi algo de que senti falta em alguns troços mais monótonos
DIA V: Zambujeira do Mar – Aljezur
Este post faz parte de uma série: Lisboa-Messines-2013! As fotos estão aqui.
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DIA V, 23 de Agosto, 6ª-feira
Zambujeira do Mar –> Aljezur
Cerca de 48 Km de pedaladas
O nosso caminho do dia foi mais ou menos este:
Acordámos com a tenda ainda à sombra (isto vai-se aprendendo umas coisas). 🙂
Arrumámos o estaminé e fomos ter à vila, espreitar o mar.
Eu a pensar “bolas, agora ia bem um mergulho”. 😛
O Pedro, que se mudou de Lisboa para Zambujeira do Mar há uns meses, tinha-nos convidado a contactá-lo para nos mostrar um sítio fixe para comer, e acompanhar-nos até Odeceixe, e assim foi (obrigada Pedro!).
Fomos almoçar a um restaurante de que não me recordo o nome, mas que fica no Porto das Barcas (ponto C no mapa). Calminho, perto do mar, com mesas cá fora. 🙂
Depois arrancámos os três rumo a Odeceixe. Mas primeiro, íamos passar em S. Teotónio, a ver se tínhamos sorte e encontrávamos aquilo de que o Bruno precisava para reparar o fogão de campismo.
O “control & release“ não funcionou tão bem a três, ou pelo menos com dois a circular a par (só há uma coisa que afronta mais os automobilistas do que não andar chegado à direita, é andar a par), mas funcionou ainda assim.
Em S. Teotónio a LHT do Bruno foi “baptizada”, caiu ao chão com uma rajada de vento mais forte. Não houve danos, salvo a fita do guiador, que se esfarelou no ponto de impacto. Mas o alforge e até o espelho retrovisor sobreviveram incólumes (provavelmente porque a bicicleta estava com a roda dianteira travada, e tinha peso, baixo, de ambos os lados, o que permitiu uma queda suave e lenta).
Em Odeceixe o caminho até à praia é deslumbrante! 🙂 Fazê-lo de outro modo que não de bicicleta é um sacrilégio. No final tem umas subidas, masa praia vale todas as gotas de suor que possam despoletar. 😛
Chegados à praia e despedidas feitas ao Pedro, queríamos ir ao banho e desfrutar daquela bela Natureza! 🙂 Ai, a ideia dos cacifos para ciclo-viajantes… Descemos aquilo com calma até lá abaixo, e empurrámos as biclas na areia, até uma pequena duna (perdoai-nos, senhor, esse pecado).
Só não as levámos para o pé das toalhas porque cansava mais. 😛
Arrumadas as biclas, fomos mudar de roupa no WC do café que dá para a praia e onde comprámos uns gelados como “lanche” (e onde jantaríamos depois).
A praia, pelo menos do lado fluvial, é linda de olhar e linda de sentir.
Embora dispensasse a vista de tanta autocaravana, confesso… E depois são todas brancas, é monótono. 😛
Entretanto o pessoal debandou todo e ficámos quase só nós na praia, o que deu jeito para trocarmos de roupa. Um vestido é super prático para isso, primeiro a parte de cima (faz-se um topless rápido) e depois a parte de baixo, resguardada de olhares pelo vestido. De qualquer modo, ali ao lado há uma praia de nudismo. 🙂 Para quem não é adepto de vestidos, a toalha serve! A beleza da coisa é que, do lado fluvial conseguimos sair da água impecáveis, sem areia, é só secar e mudar de roupa.
Entretanto, resolvemos jantar ali qualquer coisa em vez de deixar isso para as tantas, no parque de campismo.
Arrancámos já de noite praticamente, e pedalámos na boa os 15 Km até ao parque de campismo.
Este parque do Serrão tinha uma boa vibe. Mal chegámos apercebemo-nos de que 1) tinha imensas crianças e jovens e 2) havia bicicletas por todo o lado. Deve ser um parque particularmente interessante para famílias com miúdos, tinha campos desportivos, um relvado onde havia um grande grupo numa actividade qualquer logo quando chegámos (lá para as 21h30), piscina, e as ruas principais asfaltadas e em muito bom estado para andar de bicicleta, e uma zona comum de grelhados. Muito fixe.
Pouco depois de escolhermos o nosso lugar, chegou uma família. Entretanto lá nos tínhamos arrumado (tenda, corda para a roupa, bicicletas parqueadas – e como as bicicletas ficaram um bocado perto da tenda deles, fui lá pedir desculpa pelo facto, avisando que iríamos sair na manhã seguinte de qualquer modo. A senhora respondeu que “tudo bem, não há problema nenhum”, e ainda se ofereceu para nos deixar carregar as baterias dos telemóveis e assim no ponto de electricidade deles. 🙂 Por acaso já tínhamos pedido um para nós, e dado que tínhamos várias coisas para carregar, foi melhor, mas é uma alternativa a considerar para futuras viagens, a generosidade dos vizinhos. 🙂
Menos fixe: água “pró fria” no duche. Episódio para rir: indeliberadamente, tomei banho no balneário masculino. Estava vazio quando entrei e quase todo o tempo em que lá estive, só me apercebi mesmo quando estava a sair do edifício, pelo ar confuso de um rapaz que entrava naquele momento, que me olhava como se eu tivesse cometido uma grande infracção, lol.
Muito menos fixe ainda: furei o chão da tenda num pedaço de arame farpado (!) enterrado no chão, que não detectámos quando montámos a tenda (era de noite e fizémo-lo com pouca luz). Felizmente que não furei o colchão!
CONCLUSÕES para a posteridade:
- Odeceixe é definitivamente para revisitar!
- ao empurrar as LHT, carregadas, pela areia, percebemos que ajuda imenso a manobrabilidade se a mão atrás segurar no tudo do selim, logo abaixo da sua junção com o “top tube“
- pedalar de noite no Verão é mesmo fixe!
- montar a tenda ainda de dia, ou usar uma lanterna para ver o chão, nomeadamente se está lá algo que possa furar a tenda ou um colchão, por exemplo
- confirmar efectivamente se estamos no balneário certo para não arriscarmos situações de atentado ao pudor, lol
DIA IV: Porto Côvo – Zambujeira do Mar
Este post faz parte de uma série: Lisboa-Messines-2013! As fotos estão aqui.
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DIA IV, 22 de Agosto, 5ª-feira
Porto Côvo –> Zambujeira do Mar
Cerca de 62 Km de pedaladas
O nosso caminho do dia foi mais ou menos este:
Saímos do parque de campismo ao fim da manhã e arrancámos em direcção a Vila Nova de Milfontes. Ainda estávamos na vila quando vi o Nuno Markl a falar ao telemóvel na rua, junto a uma esplanada. Ainda pensei em ir lá, meter conversa e dizer “quando quiser realmente aprender a andar de bicicleta, é aqui!“, mas depois achei que o homem tem direito a férias e que deve estar farto de gente a chateá-lo, e segui. 😛
Em V.N. de Milfontes fomos procurar um sítio onde pudéssemos reparar o fogão ou então, talvez, comprar outro. Por momentos pensei que a vila era muito à frente, na rua principal via um parque de estacionamento para biclas num lugar de estacionamento em vez de no passeio, mas depois vi que pertencia à frota de uma empresa. 😉
Afastámo-nos da rua principal à procura de um lugar mais calmo para almoçar. Tivémos sorte, encontrámos um restaurante (ponto C no mapa) com mesas de madeira e bancos corridos cá fora e à sombra, e onde pudémos deixar as biclas ao pé e também à sombra. 🙂
Depois de almoçados, refizémo-nos à estrada. Para reparar o fogão não tivémos sorte, mas encontrámos uma loja tipo “dos 300” (ponto D no mapa) que tinha um kit de 2 (um fogão + um candeeiro), por 45 €. Estivémos ali vai-não-vai, mas decidimos não gastar dinheiro naquilo – teríamos mais coisas para acartar, aquilo podia estragar-se também e depois ficávamos a arder (era uma marca indiferenciada, e não voltaríamos facilmente à loja para pedir a garantia, enquanto que o fogão que temos e que se avariou é um Coleman). Pensámos: pelos 45 € do fogão quase que conseguimos almoçar e jantar nos próximos 3 dias (a técnica de comer num restaurante e depois levar o que sobra para o jantar é muito prático, e geralmente as doses são grandes, mas na verdade só fizémos isto uma vez,neste mesmo dia). Não compensava muito comprar outro fogão e então seguimos.
Antes de nos fazermos ao caminho para a Zambujeira do Mar, fomos espreitar o Farol de Milfontes. Já lá tínhamos passado anos antes e quisémos revisitar a paisagem. Aproveitámos para re-aplicar o protector solar, beber água, respirar mais um pouco de sol & mar, e reunir mais umas “stock photos“. 🙂
E allez que se faz tarde. Passar a ponte sobre o Rio Mira foi fixe, uma bela paisagem apreciada à (boa) velocidade da bicicleta. 🙂 Depois pela N263, que tinha bom piso e uma berma larga para irmos a par muitas vezes (um direito que quem vai de carro assume como garantido, ir lado-a-lado a conversar e comunicar e que a partir de Novembro também “assiste” aos ciclistas). 🙂 Ah, e o uso das bermas também passa a estar previsto na lei como uma opção para os ciclistas.
Uma paragem para um chichi, mais água, ver o mapa e umas fotos. 😛
Na nossa primeira road trip [de carro], quando começámos a namorar, há mais de 10 anos, passámos pela praia de Almograve, e quisémos revê-la, agora a pedalar. 😉 Assim, cortámos para a direita, rumo à costa:
A vila tinha bom aspecto, foi uma lufada de ar fresco.
Parámos e encostámos as biclas a mais uma parede, para beber água, e comprar fruta e mais umas coisas num minimercado. Quando nos apercebemos, damn it!, de um stand de farturas do outro lado da rua. Bolas, tanta pedalada a queimar combustível acumulado e agora vamos lixar tudo com uma fartura à qual não vamos resistir.
Aquele sorriso de prazer está carregadinho de culpa. 😛
Mais umas pedaladas e chegamos à praia. Há 10 anos atrás havia o restaurante, agora desactivado e mais nada.
Era uma estrada em terra batida até à praia, e os carros estacionados quase à beira de caírem lá para baixo. Agora havia uma zona delimitada para estacionar, um pouquinho mais recuada que antes, com uns blocos com um buraco no meio para dar estrutura mas sem impermeabilizar o solo, presumo), uma zona de estadia com bancos e sombra para apreciar a paisagem:
Estacionámos lá as biclas e enquanto eu tirava fotos o Bruno meteu conversa com umas pessoas que lá estavam, que disseram que se tinham cruzado connosco na estrada, e daí se desenvolveu uma conversa sobre o uso da bicicleta. 🙂
A vista enchia a alma. 🙂
Um dia talvez possamos fazer estas rotas a pé.
Pessoalmente dou-me melhor com a bicicleta, adoro andar a pé, mas entre a escoliose e as pernas pesadas, fico KO rapidamente. 🙁 A bicicleta acomoda melhor estes handicaps.
Ainda era quase “cedo”, vimos que havia uma rampa de acesso à praia e pensámos “‘bora para a praiaaaaaa!“.
Havia um parque para bicicletas mas 1) era um dobra-rodas e 2) estava demasiado longe da praia para lá podermos deixar as biclas com toda a nossa bagagem.
Pensei que os sítios cycle-tourist-friendly deveriam ter cacifos onde guardar as bicicletas com toda a carga, junto do balneário onde se pudesse tomar duche e mudar de roupa. Aaah, a utopia. 🙂
Solução “à tuga”? Levar a bicla para o pé de nós. Não é algo que nos orgulhe, mas, dado que éramos só nós a fazê-lo, não foi um problema e permitiu-nos desfrutar de uma experiência boa. 🙂
Deixámo-las na rampa, fora da areia, encostadas à vegetação.
Para um ladrão de ocasião, empurrá-las lá para cima seria difícil e lento, e tirar de lá coisas também não seria imediato, e então, apesar de estarmos sempre a olhar para lá, pudémos dar uns mergulhos e caminhar na areia. 🙂
Usámos os balneários que ainda existem, embora desactivados (havia 2 duches + 1 WC), e agora só há 1 WC, com porta. Vários minutos à espera para trocar de roupa e vestir o fato-de-banho, e pronto. Estávamos preocupados com a perspectiva de continuar a viagem pedalando com a pele cheia de sal e areia, mas perguntámos a alguém se sabia se havia algum duche na praia e disseram-nos que sim, mesmo no fundo da praia, no recanto. Pensámos que se referia a um duche “oficial”, mas afinal era um sítio onde escorria pelas rochas água doce e as pessoas usavam como duche. 🙂 Brilhante! Pudémos sair da praia e voltar à roupa normal sem recear ficarmos assados com areia nos calções. 😛
Soube mesmo mesmo bem aquela horinha de praia. 🙂 Não gostamos de confusão nem de praias de betão, em cima da praia só deve haver dunas, pinhal, etc, nunca carros, asfalto, prédios!… Infelizmente o resto dos portugueses não vê as coisas da mesma maneira, parece, e por isso são raras as praias assim. Esta é mais uma de aproveitar enquanto durar…
E a coisa boa não acabou ali! Logo à saída, havia uma estrada em terra batida que continuava junto à costa. Perguntámos a alguém se aquilo continuava para a Zambujeira do Mar e disseram-nos que não, que ia dar a um sítio bonito, a um porto de pescadores (ponto H no mapa), mas que ainda era longe. Olhámos um para o outro, já deviam ser umas 20h, faltavam uns 20 Km para chegarmos ao próximo parque de campismo, que podia fechar entretanto a recepção, etc, etc,… e dissémos “vamos lá!”. 😀
Ainda bem que o fizémos. No caminho e no destino, a luz era perfeita, a vista também, o silêncio divinal. Até o ar e a própria terra da estrada, apesar de meio ondulada, eram perfeitos.
Depois voltámos ao caminho, pedalando por estradas quase sem trânsito, e quase sem gente, já de noite.
É óptimo pedalar à noite (com boas luzes!…), relaxante, mais fresco, sem preocupações com protector solar, etc. O único problema são as melgas – temos que pedalar depressa para elas não nos apanharem! 🙂
Acho que démos “uma ganda bolta“, mas lá chegámos, finalmente, a Zambujeira do Mar e ao seu parque de campismo. A recepção fechava no preciso momento em que entrei na mesma para fazer o check-in: 22h00! Tivémos sorte, o minimercado ainda estava aberto e pudémos reabastecer-nos para o jantar. Depois foi andar às voltas a procurar um sítio bom para montar a tenda, enquanto éramos atacados pelas melgas (pelo menos até eu sacar do repelente!).
Cena estranha deste parque: podemos fazer o check-in até às 22h, mas a partir dessa hora já não temos direito a duches, temos que pagar para tomar banho entre as 22h e as 8h (!). Tem que se pôr uma moeda numa máquina FORA da cabine!!… Fantástico. Mas à parte isso, era um parque simpático, do que nós vimos e usámos na nossa curta passagem por lá. 🙂
CONCLUSÕES para a posteridade:
- não sair de casa com equipamento avariado ou mal reparado (o fogão, no nosso caso)
- Almograve é sem dúvida para repetir
- uma cena destas tinha-me poupado tempo que podia ter sido usado em mais mergulhos no mar! 😛
- uma cenas destas também me parece cada vez mais interessante, mesmo em viagens-sem-ser-até-ao-fim-do-mundo! 😉
- uma luz daquelas de fixar à testa daria jeito para todas estas montagens de tenda e afins à noite
- além de um repelente de insectos, não sair de casa sem um creme para picadas de insectos…
Dia III: Praia da Galé – Porto Côvo
Este post faz parte de uma série: Lisboa-Messines-2013! As fotos estão aqui.
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DIA III, 21 de Agosto, 4ª-feira
Praia da Galé (Melides) –> Porto Côvo
Cerca de 57 Km de pedaladas
O percurso do nosso terceiro dia na estrada foi este:
Arrancámos tarde, deviam ser umas 11h. O objectivo era pedalarmos até à Lagoa de Santo André e almoçar por lá enquanto nos resguardávamos da hora mais perigosa de exposição solar.
Sempre a aplicar a técnica de “control & release“! É essencial garantir que somos sempre relevantes para os outros utentes da estrada. Temos que estar onde eles esperam encontrar veículos e garantir que somos vistos, e a nossa posição e velocidade identificadas, o mais cedo possível, e deixar logo claro que quem nos ultrapassa tem de efectuar uma manobra para tal. Não deixar isto acontecer numa estrada nacional em que o limite são 90 Km/h, e muitos excedem-no!!:
Os conceitos e técnicas que aplicamos e ensinamos na cidade aplicam-se também fora dela, e pudémos finalmente confirmar isto em primeira mão.
A Lagoa de Santo André,… não conhecia a zona e tinha ideia de que seria um sítio bonito, quis ir conhecer. Foi sempre a descer para lá chegar.
Mas foi uma decepção brutal. Construções desordenadas, degradadas e abandonadas, comércio fechado, um ar abarracado, pobre, esquecido. Mal parámos, nem tirámos fotos da zona da praia/lagoa, voltámos logo para trás. Parámos junto a um WC público e é a única foto…
Voltámos a subir tudo até à estrada principal para seguir para outras paragens mais atractivas. Curiosamente, a meio da subida encontrámos pessoas conhecidas de Lisboa! O mundo é pequeno… 🙂
Entretanto chegámos a Santo André, e a moda das passadeiras para bicicletas pintadas nos passeios, em sítios onde a circulação na estrada é pacífica, chegou lá:
O calor apertava e arriscávamos queimaduras solares se continuássemos, e a fome era incontornável! Acabámos por ir almoçar ao Rosmaninho da Atalaia (ponto C no mapa), que tinha um belo espaço sombreado à frente, onde deixámos as biclas e onde depois usámos o portátil para tratar das fotos, etc.
Lá pelas 16h30 ou isso arrancámos de novo, rumo a Porto Côvo. O Google Maps está desactualizado; mais ou menos entre os pontos D e E no mapa anterior usámos a via da esquerda, desactivada (sinalizada como tal no princípio e “barrada” com pinos) mas perfeitamente funcional, da futura autoestrada A26, entre Santo André e Sines! Na altura não sabíamos que aquilo era uma futura AE, descobrimos por acaso naquela noite, ao navegar na net!
😀 Foi espectacular.
Bom piso, via larga e ainda a berma à esquerda, caminho directo. Deu imenso jeito para podermos rolar depressa e, muito importante, lado a lado (afinal, pedalar é uma coisa social, e isto eram as nossas férias!). Tudo sem nos preocuparmos praticamente nada com automóveis (íamos sempre controlando pelo retrovisor, não fosse vir lá um chico-esperto qualquer, e houve um ou outro) – não havia cruzamentos à nossa esquerda, não tínhamos que nos preocupar com as ultrapassagens, etc. Foi per-fei-to. 🙂 Melhor só se houvesse árvores para darem sombra, mas como já passava das 17h, nem sequer sofremos com o sol.
Não percebemos que justificação há para pôr ali naquela zona, uma autoestrada quando há o IP8 ali ao lado… E quando isso for uma realidade, deixa de ser acessível de bicicleta! É inaceitável pois não haverá alternativa similar para peões e ciclistas…
Entretanto, não virámos para Sines, e seguimos logo em direcção à praia de Morgavel, onde parámos para descansar, beber água, namoriscar, absorver a paisagem, e tirar umas fotos.
Até Porto Côvo foi um pulinho. Foi giro andar nos mesmos caminhos que fizémos 10 anos antes, no mítico Nissan Micra. Tudo mais ou menos igual, a road trip, acampar, só que desta vez de bicla! Pouco antes da vila, mais umas fotos e uma pausa para inspirar a paisagem, e brincar um pouco.
Já na vila, espreitámos o parque de campismo Costa do Vizir e decidimos passar lá a noite.
A curiosidade deste parque era que a zona dos duches tinha luzes automáticas, e então quem tomava banho a horas menos concorridas, como nós, acabava a tomar banho meio às escuras, porque o sensor das luzes não apanha gente nas cabines de duche!!…
Foi o primeiro parque onde pedimos electricidade, mas a nossa extensão tripla era muito curta (viajamos de bicla, o tamanho conta!), tivémos sorte que eles tinham uma grande para emprestar. Inicialmente pensámos que poderia ser overkill levar uma extensão tripla, mas deu muito jeito! Afinal, tínhamos 6-7 gadgets para carregar, entre câmaras, laptops e telemóveis!
O nosso fogãozinho cedeu à fuga que tinha, e foi a última vez que o usámos. 🙁 Mas havemos de o reparar e servirá de novo em aventuras futuras. 😉
Com o desvio e decepção da Lagoa de Santo André, não tivémos oportunidade de ir um pouco à praia neste dia, foi só pedalar e curtir a paisagem.
CONCLUSÕES para a posteridade:
- estudar melhor previamente os pontos de interesse, para reduzir tempo desperdiçado em banhadas
- montar campo ao lado de um parque infantil pode não ser o cenário mais sossegado (não foi mau, mas podia ter sido!)
- alforges e afins impermeáveis dão jeito também para lidar com o orvalho!
- precisamos de arranjar umas capas / lençóis para os colchões, mesmo num chão nivelado escorregamos neles dentro do saco cama, o que é um pouco desconcertante
Dias I e II: Lisboa – Praia da Galé
Este post faz parte de uma série: Lisboa-Messines-2013! As fotos estão aqui.
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DIA I, 19 de Agosto, 2ª-feira
Lisboa –> Praia da Galé (Melides)
Cerca de 45 Km de pedaladas (+ barco + comboio + ferry!)
Partimos tarde, depois do almoço, ai, largar o trabalho é muito complicado!… E ainda tivémos que parar para uma compra vital de última hora: garrafas de água! Toda a gente nos alertava para a grande necessidade de levar MUITA água. Nunca a esgotámos, e levámos 2.5 L em 5 bidões, entre os dois. Queríamos levar umas Kleen Kanteen mas não vinham a tempo, assim lá nos resignámos com o plástico, mau para a saúde mas melhor para a carteira (“always look on the bright side of life“!).
Pedalámos do Largo do Rato até à estação fluvial do Terreiro do Paço, onde apanhámos um barco para o Barreiro. Foi tudo fácil em termos de acessibilidade com as bicicletas, mas a sinalética da estação não era muito clara.
Chegados ao Barreiro, o interface estava bem feito com a estação de comboios, era logo ali, e até tinha rampas! 🙂
Estava um dia mesmo muito muito quente, e cozemos um bocado dentro do comboio até Setúbal. :-S O acesso ao comboio era fácil, e a arrumação das biclas foi esta:
Em Setúbal pedalámos mais um pouco, às apalpadelas, até à estação para apanhar o ferry para Tróia. Apanhámos o início de uma ciclovia para doidos (ou incautos…) (possivelmente destas), que ignorámos, mas o ferry era logo ali, de qualquer modo.
Foi uma viagem agradável no ferry, com o sol de fim de tarde.
Água! 🙂
Chegados a Tróia começámos a pedalar logo rumo à Praia da Galé. Dado que já era tarde (umas 19h), optámos por deixar a zona de Tróia (e o caminho de Lisboa, ou de algures da margem Sul, até lá) para explorar num futuro S24P ou S36P.
O percurso terá sido este:
Começámos logo com 41 Km a pedalar, tudo seguido, entre as 19h30 e as 22h15, mais ou menos, para abrir a pestana. 😛
A N261 consiste numa faixa de rodagem com duas vias, uma em cada sentido, sem berma, e naquele dia e horário tinha um trânsito significativo, e os carros circulavam a grande velocidade (a coisa só acalmou depois da bifurcação, em que provavelmente seguia toda a gente para a N261-1, enquanto nós seguimos para a direita).
Começámos logo no início da N261 a praticar a técnica de “control & release” (traduzido para português dará algo como “controlar & libertar”) para podermos circular em segurança e com o mínimo de conforto. Ao longo das duas semanas seguintes notei que isto parece funcionar especialmente bem à noite.
O que é “control & release”?
Podem saber mais aqui. Eu (Ana) ia atrás e posicionada no centro da via, o Bruno ia logo à frente desviado um pouco mais para a direita (assim éramos ambos visíveis por quem se aproximava por trás). Eu ia a controlar o tráfego atrás pelo espelho retrovisor, e ia comunicando (com a posição na via e, por vezes, com a mão esquerda – “páre/espere” e “pode ultrapassar”) à medida das necessidades. Há sempre imbecis que não respeitam o sinal de espere, ou que passam desnecessariamente perto, mas o mais comum é passarem depressa demais, mesmo quando usam totalmente a outra via (que será a lei a partir de Novembro), mas foi pacífico.
Eu ia atrás (e não o Bruno) para tirar partido da teoria da compensação do risco (quem já fez o nosso curso sabe do que estou a falar), e a par do “control & release” às vezes usava um pouco de “ziguezaguear consciente/deliberado” para enfatizar a coisa. Estas duas técnicas foram extensivamente usadas ao longo de toda a viagem (o ziguezaguear bastante menos, pois por vezes pode ter o efeito oposto ao desejado).
Estávamos confiantes a conduzir à noite graças a essa técnica e ao facto de estarmos muito bem sinalizados. As nossas luzes dianteiras e traseiras (alimentadas a dínamo de cubo) são melhores do que as de muitas motoretas!, e os alforges Ortlieb têm uns grandes e eficientes reflectores atrás e à frente (e tínhamos dois alforges atrás e outros dois à frente!), e os reflectores nos pedais também funcionam muito bem. Para terminar, os pneus têm reflectores laterais integrados, e as bolsas dianteiras também tinham detalhes reflectores.
As nossas luzes dianteiras, além de nos sinalizarem muito bem, iluminavam bem o piso, mesmo numa noite escura sem lua e sem candeeiros na rua, pelo que íamos em segurança a uma boa velocidade.
Começámos logo a atacar o nosso stock de frutos secos, para evitar o bonking (hipoglicémia). Os frutos secos (3 frascos de um mix de nozes, passas e sementes várias), eram o nosso stock de emergência (não se estragam com o calor da viagem, e são nutritivos e cheios de calorias). Mas na verdade devíamos ter comido coisas de rápida absorção de energia (os frutos secos são de degradação lenta).
Pagámos caro o termos optado por comprar um repelente de mosquitos “mais tarde”. Sempre que parávamos para beber água (estava uma noite quente!), comer, ou ver o mapa, as melgas atacam sem dó nem piedade. Big mistake!
Pedalar à noite é espectacular e nós adoramos, mas chegámos ao parque de campismo exaustos! Porque foram 41 Km seguidos a pedalar com as biclas carregadas, depois de um dia longo, de uma semana longa, de um mês longo (é inevitável trabalhar mais mesmo antes de irmos de férias!), e porque infelizmente não temos oportunidade de pedalar muito na nossa vida quotidiana a ponto de isso servir de “treino” para esta viagem. :-/
Entretanto, depois de deixado um documento e recebidos uns cartões temporários (a recepção já estava fechada quando chegámos ao parque, passava das 22h), montámos a tenda e fizémos o jantar, meio às escuras.
Tínhamos hesitado em levar uma mesinha dobrável que tinha comprado (parecia supérflua, dado o preço de a transportar em termos de peso e volume), até pensei em ir trocá-la, mas foi bem jeitosa em todos os acampamentos! 🙂
DIA II, 20 de Agosto, 3ª-feira
@Praia da Galé (Melides)
Zero pedaladas.
Como estávamos cansados do 1º dia, e gostámos do parque de campismo, resolvemos ficar mais uma noite, e então, depois de ficarmos na ronha à sombra da tarpa a seguir ao almoço, fomos à praia ao fim da tarde. 🙂
Foi o nosso sítio preferido, a praia estava em estado bruto, e o parque bem integrado na natureza, no pinhal. Ficámos com pena de não termos podido escolher melhor o sítio (chegámos de noite já tarde e cansados e não andámos a explorar o parque antes de escolher o local para montar a tenda), mais junto à praia havia uns sítios calminhos e integrados no meio da natureza, e longe do karaoke nocturno. 😛
Soube mesmo bem o primeiro mergulho do ano, sentir os pés na areia, as ondas a bater nas pernas, o sol a aquecer a pele, e o sossego, nada de carros, de betão, de rebuliço, deixar os stresses quotidianos enterrados algures. Tão perfeito que nem tirámos fotografias. 🙂
CONCLUSÕES para a posteridade:
- o parque de campismo e a praia da Galé são para repetir 🙂
- não sair de casa sem repelente de insectos à mão na bolsinha dianteira
- não sair de casa sem umas barras energéticas ou algo similar para um boost de energia rápido, sempre de reserva
- confirmar por telefone, se possível, previamente as horas de check-in do sítio onde vamos ficar, para sabermos com o que podemos contar e não ficarmos stressados a pensar “ai que ainda temos que acampar à porta do parque!”
- sair cedo de casa!
- não gastar dinheiro em mapas para quem anda de automóvel, não têm o detalhe suficiente para quem anda de bicla!
- não montar a tenda no primeiro sítio decente que encontramos, perder um pouco de tempo a conhecer melhor o parque. Coisas a ponderar: de dia ficamos à sombra? de noite ficamos com luzes incomodativas a incidir sobre nós? ficamos num local de passagem ou num sítio mais calmo e qual preferimos? passam carros ali (levantando poeira e fazendo ruído)? estamos ao pé de sítios de encontro ou actividades que possam incomodar à noite ou de manhã? estamos perto o suficiente dos balneários e de pontos de água? temos sítio bom onde prender a corda da roupa e uma tarpa? o chão é nivelado para não escorregarmos a dormir? temos onde amarrar as biclas junto à tenda?