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O que é que tens planeado para as férias do Verão?

Só há uma coisa melhor do que andar de bicicleta no dia-a-dia, para ir para o trabalho, às compras, ter com amigos, o que for. É andar de bicicleta a viajar nas férias! Nós por cá somos grandes fãs de viagens a pedal, como já terão reparado. E há uns tempos começámos a pensar numa coisa mais épica (à nossa escala), fazer a Estrada Nacional 2, 739 Km que cortam Portugal a meio, na vertical, ligando Chaves a Faro, «atravessando 35 concelhos, passando por 11 cidades, atravessando quase todos os mais importantes rios portugueses, serpenteando por 5 serras, e passando por 4 classificações Património Mundial da UNESCO».

E este ano foi publicado um guia para isto, “Portugal de Norte a Sul pela Mítica Estrada Nacional 2“. 🙂

guia estrada nacional 2

Do que temos encontrado, a malta costuma fazer isto em 5 a 7 dias. Encontrámos relatos do António, da Isa, um vídeo do Rui. Mas nós não somos atletas. E viajamos com um cão, que precisa de correr e brincar amiúde. E gostamos de parar e de explorar, e brincar nós próprios. 🙂 Seria fixe fazermos tudo de uma assentada, mas para tal precisaríamos de pelo menos 2 semanas para fazer a cena ao nosso ritmo. Idealmente 3. Não é trivial.

Vamos ver. É bom ter sonhos. Faz-nos levantar e caminhar todos os dias rumo a algo. 😉

Qual é o teu?

Passeio de bicicleta pela ecopista de Évora

Aproveitámos a pausa da Páscoa para ir dar um passeio de bicicleta pela ecopista de Évora:

A equipa desta escapadinha era pequena (e boa!), 3 adultos, 2 crianças (8 e 11 anos) e 1 cão.

Porquê Évora para uma ciclo-escapadinha?

Queríamos ir conhecer mais uma ecopista (porque é sempre fixe, claro, e também para a incluir num dos passeios da Escola de Bicicleta da Cenas a Pedal), e a escolha recaíu sobre a de Évora porque:

Assim conseguimos um bom equilíbrio entre tempo e custo de deslocação e tempo de usufruto no local, para um orçamento de 3 dias.

A viagem de comboio

Para nós a viagem começou em Santa Apolónia, onde apanhámos um Urbano para a estação de Oriente – o bilhete do Intercidades permite fazer esta viagem gratuitamente por isso comprámos logo os bilhetes em Santa Apolónia.

A linha do Intercidades para Évora não tem ganchos para levar as bicicletas, pelo que tivémos que semi-desmontá-las e embalá-las (como fizémos na viagem para a ecopista do Dão). Isto acrescenta mais uns 45 min de preparação descontraída (30 a acelerar!) para embarcar e depois, uma vez desembarcados, outros 45 min para zarpar.

Para a próxima perguntaremos ao revisor se podemos pô-las na carruagem-bar, desactivada nesta linha, assim poupamos hora e meia de descarrega-desmonta-embala-desembala-monta-carrega – grande dica (a posteriori!) do Gonçalo P. da Cicloriente).

A estadia em Évora

Em Évora, e depois da tal logística, arrancámos da estação para o parque de campismo, onde montámos campo e almoçámos. Depois de uma soneca fomos dar uma volta pela cidade, e passar no supermercado a abastecermo-nos do que faltava.

No dia seguinte, levantámo-nos nas calmas e arrancámos para um passeio pela ecopista.  A entrada da ecopista é super-discreta, e não digo isto como um elogio, aquilo merecia um pouco mais de destaque!

Passeio de bicicleta pela ecopista de Évora

A primeira parte, mais na malha urbana, é pavimentada. Depois entramos no campo! 🙂 É aqui que começamos a ter a ecopista só para nós. Pelo caminho encontrámos cavalos, ovelhas e vacas.

Parámos para almoçar quando encontrámos um sítio à sombra e com espaço para estendermos as mantas. Isto é algo que poderia ser melhorado, haver espaços para descansar, à sombra, a intervalos regulares, e devidamente mapeados. Depois voltámos para trás, para garantir que toda a gente do grupo tinha energia para voltar à base. 😉 Ficou muita ecopista por conhecer, dá para encher outra visita.

No dia seguinte ficámos pelo parque de campismo, na piscina, a ler, a brincar, e a levantar e arrumar o estaminé para arrancarmos no comboio das 17h.

O equipamento

O Bruno levou a Surly LHT em vez da Big Dummy porque esta última não caberia no Intercidades. Assim, o transporte da Mutthilda foi novamente o cesto (ela parece dar-se melhor com a caixa transportadora presa ao deck da longtail, mas temos que nos adaptar!). Eu levei a minha LHT também, e experimentei um novo suporte dianteiro, mas o júri ainda está em deliberação – o lowrider é capaz de ser melhor para esta aplicação, peso fica mais em baixo e isso pareceu fazer diferença. O Rui levou a Dahon (dobrável) com o atrelado/trolley Burley Travoy para a carga, o que permitiu levar o equipamento e bagagem de toda a gente numa só carruagem do comboio.

Correu tudo lindamente, apanhámos um tempo fantástico, a ecopista valeu bem o dia. Foi uma bela escapadinha!

Todas as fotos aqui.

Viajar trabalhando, trabalhar viajando

Isto não é um interregno.

Não vamos fazer umas férias da nossa vida de todos os dias. Não é uma pausa. É uma nova fase. Pelo menos é assim que escolho ver a coisa. Prefiro olhar para esta viagem como algo open ended, e não estar logo a pensar “quando regressamos?“, “o que faremos quando regressarmos?“. Não quero saber, nem tenho como saber.

Vamos viajar para trabalhar, e vamos trabalhar para viajar. E, claro, vamos ter que trabalhar para viver, como até aqui. Ora, e como faremos isso?…mantra

Bom, não sabemos ainda. Só quando nos fizermos à estrada é que descobriremos. Dá um frio na barriga quando pensamos nisso, largar o que conhecemos agora, por difícil e incerto e instável que seja (e é), e cair no mundo e ver o que dá, pois pensamos sempre:

mas provavelmente não vai dar e morremos à fome

Há essa possibilidade, mas temos que reunir coragem para pagar para ver, pois morrer toda a gente morre, mas viver implica acções deliberadas.

Ora, temos andado a investigar esta questão, há algumas hipóteses a explorar. Considerando opções que nos oferecem dinheiro ou comida – dado que o alojamento poderá ser a parte que mais facilmente asseguraremos de forma gratuita ou quase (ver brevemente post sobre opções de alojamento), temos:

Freelancing

Podemos continuar a ensinar adultos e crianças a andar de bicicleta e a conduzi-la, por onde passarmos. Não será possível fazê-lo com o mesmo nível de serviço com que o fazemos aqui, obviamente, não teremos o equipamento, a infraestrutura, o tempo, etc, mas poderemos ainda assim prestar um bom serviço. Da mesma forma, o Bruno poderá continuar a fazer trabalhos de mecânico de bicicleta compatíveis com as ferramentas à mão.

Podemos também ser uns nómadas digitais, é uma questão de desenvolver as nossas competências em áreas compatíveis. Um nómada digital é alguém que trabalha a partir de um computador com internet, basicamente, podendo fazê-lo em qualquer lugar, o que lhe permite viajar, mudando de casa ou de hotel ou o que seja, ao ritmo que desejar, e gerindo os seus horários de forma bastante livre. É o que fazem estas pessoas, e estas, e algumas destas, por exemplo.

Vai haver em Berlim, no final de Julho, uma conferência sobre isto. E já saiu o documentário Wireless Generation, da Christine Gilbert (uma nómada digital ela própria), que quero ver:

Este estilo de vida nómada associado a trabalho online parece-me cada vez mais interessante. Não sei se como estilo de vida definitivo, mas como experiência nova sem dúvida.

É apelativo, joga bem com os nossos perfis e com o que gostamos de fazer. Mas leva tempo a construir e até lá continuamos a ter que viver de alguma coisa. Ou seja, é essa a direcção, mas temos que a complementar com qualquer coisa mais imediata.

Trabalho em part-time em troca de alojamento & comida

Podemos ficar 1 ou 2 semanas (ou mais) de cada vez em ‘quintas orgânicas’, oferecendo ajuda em part-time (4-6 horas de trabalho por dia) em troca de comida & alojamento – a isto chama-se wwoofing. Para isso temos que nos registar na rede de cada país onde queremos trabalhar – ver WWOOF International, o que implica pagar uma anuidade em cada um dos países para podermos aceder à lista de quintas anfitriãs.

O site Worldpackers oferece o mesmo conceito mas aplicado a hostels. Contudo, a rede ainda é pequena, e achei pouco justa a troca pedida por muitos deles: 20-25 horas semanais de trabalho a troco de apenas alojamento (e em camaratas, em regra) e pequeno-almoço (ou seja, nem sequer inclui a alimentação diária por inteiro).

O HelpStay acaba por ser um mix, em troca de trabalho não remunerado, os anfitriões oferecem alojamento e, alguns, alimentação. Pareceu-me também um pouco desequilibrado, e falta-lhe escala.

Já o Work Away tem imensas ofertas, e variadas. Penso que este valerá a pena explorar melhor, mas a função de pesquisa é pobre, apenas permite pesquisar por país e região, e palavra chave, não tem categorias de trabalho associadas aos anúncios, tornando a pesquisa mais morosa.

Tal como o HelpX, de conceito idêntico., embora este categorize os anúncios por tipo de alojamento, pelo menos.

É comummente designado de voluntariado este tipo de sistemas de trocas de trabalho por alojamento & alimentação, contudo, uma pessoa tem que se questionar se isto é mesmo voluntariado. Pela definição:

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Ou seja, nada disto é propriamente voluntariado, pela definição acima, é trabalho temporário em que o pagamento é feito em géneros (alojamento e alimentação), e onde não há contratos de trabalho, descontos para a Segurança Social, nem seguros de trabalho. Isto só é aceitável porque é vocacionado para viajantes, pessoas que não vão ficar no mesmo lugar tempo suficiente para um emprego normal, e nem é isso que procuram, e porque uma parte importante da experiência, quer para os anfitriões, quer para os hóspedes, é justamente o intercâmbio cultural.

Para estadias curtas, em que as horas de trabalho pedidas são equilibradas face ao que é oferecido a nível das condições de alojamento e das refeições, esta informalidade e flexibilidade é interessante e parece-me tudo OK.

É como ir passar uns dias a casa de amigos ou familiares, e ajudá-los no que precisarem em troca da comida e dormida.

Como já tinha referido, o nosso grande objectivo era conseguir fazer isto, o conceito do HelpX (“help exchange“, ou “intercâmbio de ajuda“) mas também com escolas, lojas, oficinas, associações, fábricas, etc, etc, relacionados com a bicicleta, nomeadamente na sua vertente de transporte e lazer, para melhor podermos usar as nossas valências acumuladas ao longo destes últimos 10 anos, e para podermos documentar um pouco da bicicultura dos locais por onde passamos.

Acho que vamos experimentar tudo o que aparecer, e ver como corre!

Mini-tour da Páscoa

A nossa mui aguardada primeira viagem de 2015, yeaaah!

Mini-tour da páscoa

Éramos 4 adultos, 3 crianças dos 6 aos 9 anos, e 1 cão. Pedalámos até ao Meco no primeiro dia, acampámos, fomos a pé até à praia no segundo dia, e pedalámos de regresso a Lisboa ao terceiro dia.

O H. e o R. estavam em pulgas! A sua primeira viagem de bicicleta com campismo, e ainda por cima a Mutthilda também ia! 😀

O tempo estava fan-tás-ti-co. Tudo correu maravilhosamente bem. Foi mesmo muito fixe, e só queremos é fazer mais disto. 🙂

A “aventura de bicicleta 2014” do Joe

Surly LHT do JoeO Joe passou umas noites connosco via Warm Showers durante a sua viagem de 4 meses em bicicleta pela Europa. E agora publicou um vídeo dela. É impossível não querer fazer o mesmo. 🙂

No Verão de 2014 decidi que era tempo de um pouco de aventura e por isso deixei o meu emprego em Londres, a par dos meus amigos e família para ir explorar de bicicleta. Já tinha feito antes algumas curtas viagens de bicicleta com amigos mas esta era para ser uma viagem solitária e uma muito maior distância. Pedalei, explorei, voluntariei-me, nadei, comi comida maravilhoasa, conheci pessoas tão interessantes, e acampei em alguns sítios muito bonitos. A Viagem não foi sempre fácil (como pode parecer no vídeo – não filmei com mau tempo!) mas foi um desafio que eu procurava, e como valeu a pena. às pessoas que conheci ao longo do caminho e também com quem viajei – muito obrigado por serem tão acolhedoras e inspiradoras – tornaram a viagem tão mais rica.

Dia XIII: o regresso a Lisboa

Este post faz parte de uma série: Lisboa-Messines-2013! As fotos estão aqui.
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Finalmente, no dia 31 de Agosto, sábado, regressámos a Lisboa. Pedalámos até à estação da vila, S. Bartolomeu de Messines, para tentar a nossa sorte com o comboio (nessa altura já não havia Regionais Algarve – Lisboa, e o Intercidades requer que as bicicletas sejam desmontadas e embaladas). Desmontar e depois remontar as bicicletas seria uma trabalheira desnecessária (enão tornaria os volumes assim tão mais compactos ou arrumáveis no comboio), por isso tentámos safar-nos com uma técnica intermédia:

  1. retirámos todos os sacos e bagagem da bicicleta
  2. rodámos o guiador
  3. bloqueámos os travões com abraçadeiras plásticas
  4. removemos os pedais
  5. prendemos a roda dianteira ao quadro com umas Rok Straps, para não se mover
  6. embrulhámos as bicicletas em sacos pretos opacos

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Infelizmente, quando chegámos à estação não estava lá mais ninguém e não conseguimos perceber onde pararia o comboio para Lisboa. Tratámos desta logística numa plataforma, mas entretanto chegou mais gente e foram para a outra – perguntámos-lhes e afinal era do outro lado, pelo que toca a fazer piscinas a acartar as bicicletas embaladas e os vários sacos.

Entretanto chegou o comboio. Tentamos perceber onde pararão as carruagens e se haverá alguma carruagem própria para bagagem mais volumosa. O revisor está à porta e olha para nós de alto a baixo – receamos o pior. Mira-nos e volta a mirar-nos e diz-nos que devíamos ter desmontado as bicicletas… Mas no final deixa-nos entrar. Ufa. Ele sugeriu-nos a zona da bagagem mas “fugimos” e ficámos no corredor porque achámos que seria mais prático para todos. Arrumámo-las ao alto e no início estávamos a pensar ficar lá com elas, mas depois vimos que não era necessário, as pessoas passavam bem, as bicicletas não caíam.

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As pessoas tinham que se desviar, para passar entre carruagens, mas dava perfeitamente.

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A catrefada de sacos e bagagem ficou ao monte atrás dos primeiros bancos de passageiros.

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Bonito embrulho, hein? 😛

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Entretanto, chegamos a Lisboa e optamos por ficar em Sete Rios.

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Junta-se novamente a tralha toda na plataforma.

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E desembrulhar é mais fácil e rápido que embrulhar e num instante estamos prontos para continuar viagem, agora até casa.

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Descemos as escadas rolantes em marcha-atrás.

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Ah, Lisboa, so welcoming. 😛

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E mais uns quilómetros a pedalar depois, chegámos bem a casa. A sensação de regresso a casa é também uma doce parte de viajar. 🙂

Dia X: um pulo à praia

Este post faz parte de uma série: Lisboa-Messines-2013! As fotos estão aqui.
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Depois de na 2ª-feira não termos pedalado (ficámos em casa a descansar, e fomos visitar parte da família – de carro), e de na 3ª-feira termos dado uma voltinha ali perto de casa, na 4ª-feira decidimos ir à praia. A praia fica a mais de 30 Km.

Claro que à boa “nossa moda”, saímos de casa tardíssimo, depois de algum debate interno “vamos ou não vamos” e procrastinação, e por isso quando finalmente chegámos à praia já o sol se punha. Isso não nos impediu de dar um mergulho para assinalar a viagem, claro. Estava boa, a praia, e a água também. 🙂 Não estava quase ninguém ali, e levámos as bicicletas para a areia, prendendo-as aos sinais.

A praia dos Salgados é o meu tipo de praia, uma praia natural, e enquanto não construírem lá mais um resort, será das últimas no Algarve sem betão e asfalto e carros a fazer de transição entre a terra e o mar, em vez de dunas…

A Lagoa dos Salgados é um sítio com valor ecológico, mas pelos vistos não vale tanto quanto um resort com hotéis e golfe. Já construíram um, que faliu, e agora querem construir outro.

Lagoa dos Salgados – Vamos conseguir travar a sua destruição? from Quercus on Vimeo.

A Lagoa, e a praia natural são únicas. Resorts com relva e palmeiras, e hotéis, constroem-se em qualquer lado, e recuá-los 500 metros ou 1000 metros do mar não faz mossa e dá-lhes um caminho bonito para percorrer até à praia. Não percebo as pessoas do meu país, sinceramente. Quando só tivermos resorts, carros, betão e palmeiras por todo o lado, e já não houver nada de natural, o que fará os turistas virem para cá em vez de para os outros milhentos sítios iguais, quiçá até mais baratos?

Por favor, se lá forem, à praia dos Salgados ou à praia Grande, estacionem longe, não levem o carro para cima das dunas, e usem os passadiços em vez de caminhar sobre elas. Obrigada. 😉

Continuando, o sol pôs-se, e nós voltámos para casa, ou seja, mais 30 Km. Fizémos uma paragem na Guia, para testar e fotografar este parque de estacionamento para biclas, pouco funcional (boas intenções sem o know-how = desperdício de dinheiro):

Depois voltámos a parar a uns 10 Km de casa, para visitar os primos. 🙂  Estávamos exaustos. Mesmo. Completamente exaustos. Não percebemos porquê, afinal, 60 Km era o que fazíamos diariamente na viagem para baixo, depois descansámos um dia, pedalámos pouco (31 Km) no dia seguinte, e depois neste dia sentimo-nos inesperadamente supercansados. Mas lá conseguimos arrastar-nos até casa. ;-P

Claro que depois estivémos dois dias seguidos a descansar, não voltámos a sair de bicicleta, foram uns últimos dias de férias muito caseiros, no meio do campo, lá no monte da tia. 🙂

Num dos dias caíu uma boa carga de água, o que nos fez sentir menos mal pelo nosso apego ao sofá nesse dia. 😛

De resto, pouco mais movimento houve que fotografar uns bichos aqui e ali! 🙂

Esta ideia de ir para a praia “todos os dias” parecia gira, mas não tínhamos pedalada para tal. Seriam umas 3-4 horas a pedalar todos os dias (a costa fica a 30 km), como se o touring continuasse. Tentaremos noutra oportunidade, mas não estou convencida de que seja viável, ou interessante, fazê-lo por sistema… Embora tenha a certeza que regressaríamos todos ‘enxutos’, ahah!

Dia VII: Sagres – Messines

Este post faz parte de uma série: Lisboa-Messines-2013! As fotos estão aqui. —————————————————————————————-

É uma vergonha, deixei o relato a meio e só lhe consigo voltar a pegar 6 meses depois. 😛 Mas aqui vai!

DIA VII, 25 de Agosto, domingo
Sagres –> Messines
Cerca de 60 Km de pedaladas

Acordamos no parque de campismo de Sagres, espreitamos pela janela da tenda e vemos com alívio que as bicicletas, sacos e afins ainda estão no mesmo sítio. 🙂 Não deixamos a sorte ao acaso, mas isto às vezes basta ter azar.

Tomamos o pequeno almoço.

Depois arrumamos a trouxa e decidimos almoçar por ali, no restaurante do parque.

Depois de “atestados os depósitos” e partido tirado do wi-fi, fizémo-nos à estrada.

O nosso caminho do dia foi mais ou menos este:

Parte 1: Sagres-Lagos –» comboio para Tunes

Para começar, claro, não podíamos deixar de nos perder ligeiramente a tentar sair do parque e chegar à estrada principal por atalhos. 😛

Mas nada de grave, lá encontrámos o caminho, e optámos por seguir pela Ecovia do Algarve, paralela à N268 que tínhamos feito, em sentido contrário, no dia anterior.

Ao mesmo tempo que avisam que a estrada está em mau estado, apenas “recomendam” uma velocidade máxima de 60 Km/h (em vez dos 90 Km/h de limite que se aplicam ali)…

E a marcação da ecovia também não se livra do complexo de inferioridade ciclista, ali chegada à direita…

Cruzámo-nos apenas com 2 outros ciclistas:

“Proibir não vale a pena, vamos só recomendar”:

A dada altura deixámos a ecovia e entrámos na EN125.

E seguimos pela berma até Lagos.

De vez em quando, nas descidas e quando não vinham carros, acelerávamos pela faixa de rodagem. Mas a berma era aceitável no geral.

Estava bastante calor e de vez em quando parávamos para beber água e também para molharmos as costas um do outro, para arrefecer – sabe mesmo bem. 🙂

Entretanto chegamos a Lagos e vejo isto, uma pessoa numa cadeira de rodas a circular pela estrada, porque não há passeios nem bermas… *sigh*

A estação de comboios de Lagos era nova. Chegámos, encostámos a bicicleta a uma parede (que parecia servir mesmo para isso :-P) e fomos comprar os bilhetes para Tunes.

Enquanto lá estávamos, vi um rapaz entrar com a bicicleta [de BTT]  para a casa-de-banho. Presumo que não tivesse trazido cadeado. 😛

Lá chegou o comboio (Lagos é uma estação terminal) e tratámos de içar as bicicletas para a carruagem respectiva. “Içar” é a palavra mais adequada, dado que a entrada não tem sequer escadas de acesso, como as entradas normais…

Nos comboios regionais da CP é permitido, e gratuito, transportar bicicletas, e estes até têm mesmo um compartimento para carga, com ganchos para bicicletas.

Infelizmente estes ganchos são práticos para bicicletas como as da foto, beater bikes. Nada fixa as bicicletas impedindo-as de oscilarem e baterem uma na outra. E colocar as bicicletas nos ganchos não é prático, ou mesmo viável, para bicicletas mais pesadas e/ou carregadas, como as nossas. Por isso, e mesmo que os ganchos não estivessem ocupados, arrumámos as nossas a um canto, imobilizando-as com abraçadeiras plásticas no travão da frente e com umas Rok Straps.

Partimos então logo com 4 biclas a bordo:

Numa outra estação entrou uma rapariga com uma bicicleta mais citadina, e pendurou-a num outro gancho (que não era bem para biclas, pareceu-nos).

Acabámos por passar a viagem naquele compartimento, que parecia uma prisão. 😛

Como tínhamos a tralha toda nas bicicletas e este compartimento não era visível do compartimento dos passageiros, preferimos ficar ali e pronto. E fomos espreitando pela janela a apreciar a paisagem.

A dada altura as estações passaram a ser do outro lado e tivémos que mudar um pouco as bicicletas para não obstruirmos a porta:

Não estávamos à espera desta, mas na estação de Tunes tivémos que tirar as bicicletas – carregadas – de uma altura muito maior. Já estávamos com medo de nos atrapalharmos a fazê-lo com a altura de Lagos, e de repente, toma lá um desnível de quase 1 m!

Chegamos a Tunes!

Felizmente os elevadores funcionavam. 🙂

Parte 2: Tunes-S.B. Messines

Nesta altura, antes de sairmos de Tunes, eu aviso a minha tia que mais 1 hora devo estar lá. lol Primeiro ainda estivémos ali algum tempo a fazer uns vídeos e tirar uma fotos. Depois, bom, depois metemo-nos por atalhos, andámos meio perdidos no meio da serra, e chegámos lá umas 2 horas mais tarde do que o previsto. 😛

Pensávamos que estava quase, mas enganámo-nos. Claro que não podia haver uma viagem em que não nos perdêssemos de alguma forma. 😛 Armámo-nos em espertos e decidimos usar o Google Maps, seguindo uma rota pedonal, para atalhar caminho:

O resultado foi andar a fazer BTT nocturno, às apalpadelas no meio da serra, por laranjais e afins, com medo que aparecesse algum agricultor de espingarda em punho e cães em pulgas, quase sem bateria nos telemóveis, “longe” da civilização, a um domingo quase à meia-noite, sem comida, sem sequer sabermos dizer onde estávamos para alguém nos vir buscar, se fosse o caso. 😛 Nem tudo era mau, claro, tínhamos as tendas, podíamos pernoitar ali no meio se víssemos que era mais sensato. E tínhamos boas luzes nas bicicletas para iluminar o caminho. Mas o caminho era terra batida com pedras e calhaus. Muito chocalhámos nós por aqueles caminhos. Felizmente sem cairmos uma única vez, lol. Por um lado até foi divertido.

Depois, saídos dali, íamos lançados para apanhar o IC1 num pequeno troço, que nos levaria mais directamente ao destino, mas vimos à entrada que era interdito a bicicleta, e lá fomos nós metermo-nos outra vez por atalhos, mas desta vez asfaltados! 😛

Conseguimos não passar por cima de uma cobra na estrada (aargh) numa descida. E depois de mais uns quilómetros a pedalar, finalmente, chegámos a casa, sãos e salvos, cobertos de terra vermelha. 🙂

Garagem interior, claro. 😛

Et voilá! Cerca de 300 Km em bicicleta, de Lisboa a Messines, em 6 dias – conseguimos, sobrevivemos e até gostámos! 🙂 A repetir!

CONCLUSÕES para a posteridade:

  • Cuidado com os atalhos… O Google não indica a qualidade dos acesso pedonais.
  • Investir num GPS a sério, dedicado, em vez de usar o telemóvel – se a bataria acaba, não temos GPS nem telemóvel!
  • Levar baterias extra para os telemóveis.
  • Levar comida extra caso nos percamos!
  • Tentar não andar tão tarde ainda na estrada, é mais chato quando nos perdemos, está escuro, as pessoas estão em casa a dormir, etc