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Cicloturismo com Crianças: Vouga e Dão

Introdução

Na segunda quinzena de Agosto 2020, fiz mais uma aventura em bicicleta com os meus filhos (8 e 12 anos), durante 10 dias. O plano foi explorar a Ecopista do Vouga e a Ecopista do Dão, com vários desvios pelo caminho, para desfrutar de praias fluviais e outros lugares interessantes e apelativos para as crianças.

Esta viagem surge no seguimento de outras aventuras no passado, que começaram com pequenas viagens de 2 ou 3 dias (exemplos aqui e aqui) e que serviram para ganhar experiência, testar equipamento, ver o que funciona, o que é preciso e o que está a mais. As minhas viagens a solo, desde 2014, também me permitiram perceber a dinâmica do tráfego rodoviário em determinadas regiões e as infraestruturas existentes para viajar de bicicleta com duas crianças.

Em Agosto de 2017 fizemos uma viagem de 4 dias no centro-oeste, entre Marinha Grande e Óbidos (com amigos). Em Junho de 2018 fizemos uma viagem de 6 dias pela Costa Vicentina, entre Vila do Bispo e Vila Nova de Milfontes (com amigos). Em 2019 fizemos a nossa maior viagem – 13 dias pelo Alto Minho, da qual resultou uma série de vídeos.

Em todas estas viagens utilizamos apenas as bicicletas e transportes públicos (comboio e autocarro) para nos deslocarmos. Nas primeiras viagens cheguei a levar um atrelado para o meu filho mais novo, que na altura apenas pedalava nas partes mais fáceis. As bicicletas foram acompanhando o seu crescimento e o equipamento de campismo foi estabilizando. Hoje em dia é fácil tomar a decisão de rapidamente partir em mais uma viagem. A tecnologia que temos hoje na palma das mãos, com um smartphone, também ajuda a improvisar e readaptar a viagem, diariamente, ao sabor do momento e das vontades. A nossa geografia portuguesa, com curtas distâncias entre pontos de abastecimento e de interesse, grande variedade de atrações (aldeias históricas, praias fluviais, etc.), também tornam Portugal um país com um enorme potencial para este tipo de aventuras. Numa altura em que é importante reduzirmos a nossa pegada ambiental e “desacelerarmos o ritmo”, ao mesmo tempo que as pessoas procuram proximidade com a natureza, sem a estragar, este tipo de viagens fazem cada vez mais sentido e recomendam-se. É fundamental haver um investimento sério, planeado e articulado com a ferrovia, a nível nacional e regional, em ecopistas, ecovias, assim como sinalização e acalmia de tráfego na extensa rede de estradas secundárias com pouco movimento rodoviário motorizado que existem em todo o país, que permitam tirar partido deste enorme potencial turístico sustentável. A Rede Nacional de Cicloturismo também é uma boa referência.

Uma breve descrição desta viagem

Vídeo dos primeiros 3 dias da viagem. Parte 2 e 3 desta viagem também disponíveis no canal.

No dia 20 de Agosto de 2020 apanhámos um comboio InterCidades até Aveiro, e começámos a pedalar em direção a Sernada do Vouga, onde se inicia a Ecopista do Vouga. Também é possível apanhar um comboio regional para fazer este primeiro troço, mas preferimos pedalar. Porque eram apenas 25 kms e já tinha testado umas estradas secundárias com pouco tráfego e porque o material ferroviário que percorre este troço (e que tinha visto parado em Sernada do Vouga há uns meses) é uma antiga, “fumarenta” e ruidosa locomotiva a diesel, com as janelas cobertas de grafitti, onde até a paisagem deve ser difícil de disfrutar…  Por isso, chegados a Aveiro, mesmo a chover ligeiramente, fizėmo-nos à estrada. Tivemos de fazer três paragens para nos abrigar, quando a chuva se tornava mais intensa. Chegámos a Paradela às 20:00 e para grande sorte nossa deixaram-nos pernoitar dentro da antiga estação (deve ser o “karma” dos Warmshowers que acolhi 😉 ).

[Pode clicar nas fotografias e ver em slideshow]

No segundo dia, já com sol, fomos à Praia Fluvial Quinta do Barco, onde alugámos um kayak e demos uns mergulhos. Ao final do dia ainda regressámos à ecopista e pedalámos uns quilómetros, até encontrarmos um bom local para acampar, debaixo dum telheiro num parque de merendas.

No terceiro dia chegámos a S. Pedro do Sul e passámos a tarde no bonito e recente Parque Urbano das Nogueiras. Fomos também conhecer a Praia Fluvial de Pouves e acabámos a dormir na Pousada da Juventude.

No quarto dia afastámo-nos novamente da ecopista e subimos 10 kms por tranquilas estradas municipais até ao Poço Azul, perto de Santa Cruz da Trapa. Chegámos ainda cedo e os meninos adoraram o lugar. A certa altura, estava eu junto à água e uma pessoa pergunta-me se é o meu filho que está no “local dos saltos”, a 6 metros de altura da água. Respondo que sim, mas que não acreditava que ele tivesse coragem de se atirar… Estava a falar com um outro rapaz mais velho que já tinha saltado algumas vezes e lhe explicava como fazer. Dois minutos depois o Diego salta, para minha surpresa! O resto da tarde foi passado a saltar das rochas para a água e a explorar a natureza envolvente. Até eu tive de saltar, para não ficar mal na “fotografia”… No final do dia, voltámos às bicicletas e subimos mais um pouco até ao Bioparque de Carvalhais, em pleno Parque Florestal do Pisão, onde acamparíamos as próximas duas noites.

Vídeo do Poço Azul:

Começámos o quinto dia com uma atividade de Arborismo relativamente exigente. O Filipe conseguiu fazer o percurso, mas com a minha ajuda. Alguns adultos não conseguiram e estavam bastante receosos e atrapalhados! Passámos o resto do dia na piscina com um mega escorrega e uma bonita envolvente florestal de montanha. Fizemos ainda uma caminhada ao final do dia pelos Moinhos do Pisão.

No sexto dia regressámos a S. Pedro do Sul onde apanhámos novamente a Ecopista do Vouga, sempre a subir suavemente até Viseu. Esta é a parte menos cuidada e mais abandonada da ecopista, principalmente entre Bodiosa e Viseu, com o antigo canal ferroviário a desaparecer por diversas vezes e a termos de circular pela estrada nacional em algumas partes. Chegados a Viseu, fomos deixar as bicicletas e alforges na Pousada da Juventude e fomos dar uma volta pelo centro histórico, onde os meninos se divertiram a subir e saltar os penedos encostados à Sé Catedral de Viseu. Apesar dos 45 kms percorridos nesse dia, maioritariamente a subir, comprova-se que a energia das crianças é muito maior do que julgamos e depende apenas da motivação adequada. A noite ainda se prolongou ao encontrarmos uma autêntica “feira popular” instalada no meio da cidade, uma “versão light” da famosa “Feira de S. Mateus”. Os carrinhos de choque, as camas elásticas e outras diversões fizeram os meninos não querer terminar o dia tão cedo!

No sétimo dia continuámos a explorar Viseu, com os seus bonitos jardins. Os meninos experimentaram uma hora e meia de patinagem na famosa pista do Palácio de Gelo. Ainda visitámos o Solar dos Peixotos, edifício recuperado e onde está instalada a Junta de Freguesia de Viseu, a convite de um dos vereadores que conhecemos na noite anterior. A Mata de Fontelo também é um lugar a não perder, para estar perto da natureza. Claro que à noite regressámos ao parque de diversões, para gáudio dos meninos!

No oitavo dia pegámos novamente nas bicicletas e começámos a descer a Ecopista do Dão, a parte mais fácil da viagem, com o seu piso de ciclovia e maioritariamente a descer suavemente na direção que levávamos. Antes do almoço já estávamos a fazer o primeiro desvio para a Praia Fluvial de Nandufe, a pouco mais de 1 km da ecopista. Ali ficaram os meninos entretidos nas brincadeiras de saltar das árvores para o rio até ao final da tarde. Por volta das 19:00, pegámos nas bicicletas – ainda remendei um furo a um dos rapazes que morava numa aldeia perto e tinha ido de bicicleta – e fomos diretamente até Tondela, à procura dum lugar para jantar. Encontrámos o Gastrófilo, que tinha exatamente o que todos gostávamos: esparguete à bolonhesa para eles e uma boa salada para mim! Nesse dia pernoitámos perto da antiga estação de Tondela.

No nono dia da viagem, continuámos a descer a Ecopista do Dão, mas por poucos kms, pois havia mais uma praia fluvial para explorar. Ferreirós do Dão ficava apenas a 4 kms da ecopista, mas havia duas passagens de rios para transpor – Rio Dinha e Rio Asnes, ambos a desaguar no Dão – o que implicava algum sobe e desce. Mas valeu bem a pena. A praia fluvial é muito bonita, com uma ponte romana bem conservada e uma represa a proporcionarem um belo enquadramento paisagístico, muita área disponível, pouca gente, sombras, águas profundas para nadar à vontade e algumas rochas para os meninos se divertirem a saltar. Pelo lado negativo, o café de apoio estava fechado, bem como as casas de banho. Mas havia água potável e na vila, a 700 metros da praia o “Cantinho da Valéria” (padaria, pastelaria, pizzaria e mini-mercado) servia de abastecimento. Ali passámos o resto do dia e pernoitámos.

No décimo e último dia da viagem ainda ali continuámos até às 17h, altura em que nos fizémos novamente às duas subidas íngremes que nos separavam da Ecopista do Dão. Percorremos tranquilamente os últimos 15 kms da ecopista, que entretanto mudava da côr verde para azul, até à estação de Santa Comba Dão, onde iríamos apanhar um comboio InterCidades de regresso a Lisboa.

Infelizmente, a ecopista continua a terminar (ou começar) numa pequena subida bastante inclinada, de apenas uns 30 metros, mas com terra e pedras rolantes e no final um degrau com cerca 30 centímetros de altura de acesso à plataforma da estação, o que tornam a tarefa de empurrar uma bicicleta carregada com alforges um desafio complicado, para não falar dum atrelado. Não sei se é mais fácil subir ou descer. Não se compreende que passados tantos anos (a primeira vez que aqui passei foi em 2014) estes últimos poucos metros que fazem a ligação à estação de comboio continuem abandonados e esquecidos, sem qualquer intervenção, a contrastar com os restantes 48 kms da ecopista (descontando os inúmeros obstáculos de madeira ou metal em cada pequena intersecção). Imaginem a Auto-Estrada Lisboa-Porto acabar num caminho de terra, onde apenas passa um carro de cada vez, com uma subida de 30% de inclinação e cheia de pedras e ainda um degrau no fim com 30 cms de altura… São estas “sabotagens” e obstáculos que continuamos a ver em ecopistas, ecovias e infraestruturas que servem para turismo ou deslocações diárias em bicicleta. Claro que não as deixamos de fazer e são uma experiência altamente positiva para pessoas determinadas, flexíveis e com espírito de aventura, mas lembrem-se da analogia da “auto-estrada” que acabei de descrever 😉

Dia 10: Os últimos ou primeiros 30 metros da Ecopista do Dão são inexplicáveis…

Cicloescapadinha de Ano Novo: dar logo o tom certo a 2019

Nos dias anteriores sentia-me ansiosa, um sentimento de uneasiness, ligado à perspectiva do desconforto (íamos apanhar muito frio, concerteza) e da incerteza (receávamos ter problemas a embarcar no Intercidades em Vendas Novas com a longtail – não conseguimos ir buscar a LHT a tempo), e à eterna sensação de culpa (passear?, devíamos é voltar já ao trabalho!, work, work, work or you’ll go broke and die!).

But we pushed through. Fomos à mesma. E, como sempre, ainda bem que o fizémos. Depois da fricção emocional inicial, as coisas encaixam-se, e desfrutamos da viagem, mesmo do frio e das eventuais adversidades. Mas nem as houve, realmente (além do frio). A viagem correu lindamente, sem incidentes, sem dramas, sem percalços.

Tínhamos 3 dias. Recorremos novamente ao Roteiro da Rede Nacional de Cicloturismo do Paulo, e optámos por fazer as secções 2.11, 2.12 e 2.13, do Entroncamento a Alpiarça, a Coruche e depois a Vendas Novas, conseguindo assim recorrer ao comboio para as ligações a Lisboa. Recomendo a toda a gente este roteiro, torna mais simples simplesmente ir! Não requer tanto tempo de pesquisa e preparação de rotas. E a CP também tem ajudado muito, ao melhorar progressivamente as condições para transporte de bicicletas nos seus comboios. Infelizmente, a rede ferroviária é ainda bastante limitada e cobre uma parte pequena do território nacional.

Na Golegã encontrámos umas infraestruturas bem intencionadas, se bem que algo confusas e não ortodoxas em termos de Código da Estrada, mas apreciamos a intenção de providenciar a bidireccionalidade desta rua para ciclistas e cavaleiros! 🙂

Cicloescapadinhado Ano Novo | Janeiro 2019

Cicloescapadinhado Ano Novo | Janeiro 2019

Esta secção foi muito fácil, completamente plana. E não sei se era por ser feriado e dia de Ano Novo, não apanhámos trânsito nenhum. Os 41 Km desta secção fizeram-se bem e rapidamente (de lembrar que saímos do Entroncamento já quase às 12h).

Cicloescapadinhado Ano Novo | Janeiro 2019

Quase a chegarmos a Alpiarça, passámos na praia fluvial do Patacão (não há placas a sinalizá-la!), junto a uma antiga vila piscatória (1950 até aos anos 80), de casas de madeira em estacas, para resistirem às cheias de Inverno, entretanto abandonada e degradada. Bem, esta praia é um sítio lindo. Não se ouvia nada. O sol brilhava e estava “quase” calor. Abancámos para almoçar, e depois ficámos ali a apanhar sol um bocado e a desfrutar do silêncio e da beleza do local.

Cicloescapadinhado Ano Novo | Janeiro 2019

Entretanto seguimos rumo a Alpiarça, atravessámos a vila e fomos pernoitar ao parque de campismo, onde já tínhamos estado em Junho de 2016, noutra cicloescapadinha com amigos. Chegados lá com a luz da golden hour é mais fácil tudo parecer bonito, mas é efectivamente um sítio lindo. E permitem cães, o que para nós, com a Mutthilda, era fundamental.

Cicloescapadinhado Ano Novo | Janeiro 2019

Entrámos mas não encontrámos ninguém, o parque parecia estar vazio, e não havia ninguém na recepção. Demos uma volta pelo parque, e entretanto notámos uns bungallows na encosta, e estava lá um senhor.

Cicloescapadinhado Ano Novo | Janeiro 2019

Metemos conversa em inglês, ele não falava português. Disse-nos que os donos viviam lá e deveriam andar por ali. Mais tarde soubémos que era um francês que vivia ali permanentemente, embora de vez em quando desse uma volta por aí, na sua autocaravana.

Sentámo-nos nuns bancos tipo miradouro e apreciámos a paisagem e a luz do fim de dia, antes de tratarmos de montar campo.

Cicloescapadinhado Ano Novo | Janeiro 2019

Cicloescapadinhado Ano Novo | Janeiro 2019

A chatice de acampar nesta altura com este frio é que fica de noite antes das 18h, e nestes dias ficou mesmo muito frio, então uma pessoa quer é meter-se dentro da tenda e fugir ao frio, mas para isso janta logo e vai dormir, mas é super cedo! 😛 Tipo, vamos dormir às 20h e acordar às 5h da manhã? 🙂

Cicloescapadinhado Ano Novo | Janeiro 2019

Usámos emprestada uma mesa e um toldo de uma roulotte ao lado (o parque estava vazio) e foi ali que preparámos o jantar e comemos (em pé, não havia bancos e não estava tempo para usarmos a mantinha do costume e piquenicar no chão). Estávamos praticamente às escuras porque eles não acenderam os candeeiros do parque (para acender um ou dois tinham que acender todos), mas para isso é que levámos os frontais, claro.

Cicloescapadinhado Ano Novo | Janeiro 2019

Inicialmente até tínhamos pensado bivacar (ahahah) mas com melhor preparação para o frio. Felizmente mudámos de ideias e levámos a tenda e, pela primeira vez, levámos também duas botijas de água quente. 😀 Aventura e um pouco de desconforto, sim, claro, mas também não temos que ser estúpidos. 😛

Cicloescapadinhado Ano Novo | Janeiro 2019
Fez mesmo muito frio durante a noite e de manhã. As botijas foram uma óptima ideia! A dada altura já de madrugada, ou manhã cedo, o Bruno trouxe a Mutthilda para o meio de nós (estava na caixinha, debaixo da asa da tenda, enrolada em capas e cobertores, mas mesmo assim não estava quente) – foi bom para ela e a nós também deu jeito, aqueceu-nos!

Cicloescapadinhado Ano Novo | Janeiro 2019

Como disse, mesmo muito frio, tínhamos gelo na tenda e nas bicicletas!

Cicloescapadinhado Ano Novo | Janeiro 2019

Esticámos o tempo na tenda de manhã, mas o nevoeiro não parecia ir levantar tão cedo. Levantámo-nos e tratámos de nos preparar para sair, depois de tomado o pequeno-almoço. As mãos doíam de tão frias. Procurámos algum refúgio no balneário, frio à mesma mas ao menos sem o nevoeiro a piorar tudo! Deu jeito ter o parque vazio e sermos os únicos hóspedes, tínhamos tudo só para nós.

Cicloescapadinhado Ano Novo | Janeiro 2019

Entretanto, fui andando primeiro rumo à saída para fazer o pagamento na Recepção. Cold as fuck!, já referi? E notei a bicicleta com um comportamento estranho, que inicialmente pensei poder ser do piso, fofinho, coberto de caruma, etc. Rapidamente me apercebi que afinal tinha um furo na roda da frente. Bolas. É tão raro ter furos, e com este frio não vai ser nada fixe reparar. Voltei para trás para o balneário, onde o Bruno ainda estava. É sempre bom ter o Bicycle Repair Man como sidekick. 🙂

Já bastante atrasados, seguimos finalmente, pelo nevoeiro adentro, com o dono do parque e o tal residente a olharem para nós como se nós fôssemos malucos. E somos um bocadinho, sim. 🙂

Cicloescapadinhado Ano Novo | Janeiro 2019

Mas depois, eventualmente, o céu abriu e o sol brilhou e ficou mais quentinho!

Em Fazendas de Almeirim procurámos um cafézinho (o Bruno tem uma certa adicção com café). Lá encontrámos um. A senhora era simpática, mas havia dois tipos a fumar lá dentro ao balcão (wtf?!) e eu queria sair dali o mais rapidamente possível. Viémos para a esplanada. Entretanto, já quase de partida, notamos as pessoas à janela a sorrir, viram o cão na bicicleta e ficaram enternecidas. 😀 A senhora vem lá de dentro com um pedaço de bife e dá-o à Mutthilda! Há cães com sorte. 🙂

Pedalámos mais um bocado e abancámos junto à Igreja de S. José da Lamarosa para almoçar. A praça estava em obras. Uma miúda, a Mariana, viu-nos a brincar com a Mutthilda e aproximou-se. Ficou lá o tempo todo a brincar com ela e a conversar connosco. Diz que vai para a escola de bicicleta, mas que é a única. Dissémos-lhe para continuar. 😉 Havia uma casa de banho num contentor e deu jeito, também para levar as marmitas lavadas. Lá bebemos mais um cafézito num café ao lado, para alimentar a economia local, e seguimos!

O nosso troço favorito foi a seguir a esta localidade, estrada em terra batida mas confortável, e paisagem linda.

Cicloescapadinhado Ano Novo | Janeiro 2019

Ao longo da viagem ocorreu-nos que falta um produto no mercado, uma engenhoca qualquer para prender / manter – em segurança, sem risco de caírem para as rodas ou voarem – coisas a secar no guiador. 😉

Cicloescapadinhado Ano Novo | Janeiro 2019 Cicloescapadinhado Ano Novo | Janeiro 2019
Cicloescapadinhado Ano Novo | Janeiro 2019 Cicloescapadinhado Ano Novo | Janeiro 2019

Uma ideia para um próximo CycleHack, eventualmente!

Entretanto, quase a chegarmos a Coruche, encontramos isto:

Cicloescapadinhado Ano Novo | Janeiro 2019

Foi simpático. Não é que houvesse trânsito relevante naquela estrada, mas assim fomos mais descontraídos.

Cicloescapadinhado Ano Novo | Janeiro 2019

A ciclovia tem 8 Km e desemboca mesmo em Coruche. O nosso objectivo inicial era ir pernoitar, em modo wild camping, no Açude do Monte da Barca. Contudo, chegámos a Coruche já pouco antes do pôr-do-sol. Não conhecíamos o caminho para o Açude e não sabíamos o que iríamos encontrar, não tínhamos certeza de ter fuel suficiente, e sabíamos que fazer os quase 10 Km até lá já de noite e com um frio do caraças, e mesmo chegando lá ter que novamente fazer o jantar, etc, tudo às escuras e com temperaturas próximos de zero,… Resolvemos ajustar o nosso plano e procurámos um quarto para alugar para aquela noite. Afinal, a primeira noite, num parque de campismo escuro e deserto, já tinha tido uma vibe de microaventura / wildcamping. 😛

Cicloescapadinhado Ano Novo | Janeiro 2019

E assim fomos parar a um quarto da D. Mária (sim, Mária), no fim de uma subida que parecia uma parede. As casas em Coruche parecem ficar todas em encostas assim, com ruas directas, em vez de sinuosas e mais planas.

Este foi o nosso pequeno luxo desta cicloescapadinha. No dia seguinte, novamente uma manhã de nevoeiro não nos permitiu apreciar a vista lá para baixo para o rio Sorraia. O frio mantinha-se, mas lá seguimos nós!

Cicloescapadinhado Ano Novo | Janeiro 2019

Não estavam as melhores condições para apreciar a frente ribeirinha e a vista, mas é capaz de ser um sítio bonito num dia de sol. Seguimos para Sul, rumo ao Açude do Monte da Barca, passámos as 7 pontes metálicas sobre o Sorraia (algum trânsito numa zona de difícil ultrapassagem), mais um bocadinho numa estrada mais movimentada e cortamos para uma estrada tranquila.

Entretanto, faltava encontrar um café, claro. 😛 Parámos no primeiro que encontrámos, alimentar a economia local, e repôr as doses de cafeína!

Cicloescapadinhado Ano Novo | Janeiro 2019

O caminho para o Açude parecia ter levado com um furacão, eram só árvores cortadas. Trilhos remexidos por máquinas e uma ou outra zona de lama, mas lá chegámos ao Açude!

Cicloescapadinhado Ano Novo | Janeiro 2019

Cicloescapadinhado Ano Novo | Janeiro 2019

Cicloescapadinhado Ano Novo | Janeiro 2019

Um sítio lindo! Ficámos com vontade de voltar ali um dia, e a Coruche no geral.

Cicloescapadinhado Ano Novo | Janeiro 2019

Depois de umas curtas voltas exploratórias, metemo-nos de novo a caminho. E apanhámos uma estrada boa em terra batida, na zona de protecção do Açude.

Cicloescapadinhado Ano Novo | Janeiro 2019

Nestes 3 dias o cão pôde tirar a barriga da miséria de correr. 🙂

Cicloescapadinhado Ano Novo | Janeiro 2019

Almoçámos num sítio com meia dúzia de casas, antes de chegarmos a Cortiçadas do Lavre. Pusémos a manta na relva e sacámos do almoço. Depois, cafézinho num minimercado ao lado!

O último troço, rumo a Vendas Novas, foi sempre a abrir, com algumas subidas, e uns carros de vez em quando. Estávamos com pressa, a ver se tentávamos apanhar o comboio anterior àquele para o qual já tínhamos bilhetes (e que era o último do dia). A ideia era, se nos fosse recusado o embarque podíamos ter tempo para desmontar ligeiramente a bicicleta do Bruno paracaber no seguinte, ou então pedalar mais 40 Km até Pinhal Novo e apanhar um comboio diferente, compatível com a Big Dummy.

Chegámos moídos mas com tempo suficiente para lanchar no parque e tudo.

Cicloescapadinhado Ano Novo | Janeiro 2019

Pelo caminho até ao parque passámos por uma avenida com uma ciclovia pintada ora no passeio ora na berma da estrada.

Cicloescapadinhado Ano Novo | Janeiro 2019
Cicloescapadinhado Ano Novo | Janeiro 2019
Cicloescapadinhado Ano Novo | Janeiro 2019

Boas intenções, mas má ideia, O Lugar dos Ciclistas é “no Meio da Estrada”:

Depois da pausa no parque seguimos para a estação. Estava deserta. Não havia bilheteiras, nem máquinas automáticas nem indicação de em que plataforma paravam que comboios. *sigh*

Cicloescapadinhado Ano Novo | Janeiro 2019

Fomos ao café ao lado e disseram-nos que para Lisboa seria na linha 1, do lado da entrada da estação (a linha 1 dá para duas plataformas). Fica a dica!

Esperámos. Apareceram mais pessoas. E o comboio lá chegou. O revisor não disse nada, apenas “para sermos mais rápidos”. Fomos tão rápidos quanto possível. E a bicicleta coube! Deixámos o comboio arrancar e, com calma, passámos a longtail do “hall” para o interior da carruagem, manobrando-a ao alto. Mission accomplished! 😀

Cicloescapadinhado Ano Novo | Janeiro 2019

Cicloescapadinhado Ano Novo | Janeiro 2019

Agora é pensar na próxima microaventura!

Fim-de-semana livre? ‘Bora passear

Estávamos perto do final de Agosto. Fazia calor, queríamos praia mas também queríamos sair e ir a algum sítio novo. Só tínhamos dois dias. Resolvemos repetir o destino de uma ciclo-escapadinha feita um ano antes, à praia fluvial do Agroal, mas com uns twists.

Em 2016 tínhamos apanhado o comboio Regional até Seiça-Ourém, e pedalado até ao Agroal, fazendo o caminho inverso para regressarmos. Apanhámos algumas subidas duras, principalmente dado o calor que se fazia sentir.

Este era um destino que andávamos a ponderar levar os nossos alunos e ex-alunos da Escola de Bicicleta da Cenas a Pedal, no âmbito do Recreio, mas para isso teríamos que desenhar uma rota mais adequada. Então, este ano resolvemos explorar novas opções. O objectivo original era fazer parte da Rota 2.09 Pombal – Ourém, do Road Book da Rede Nacional de Cicloturismo, do Paulo Guerra Santos, no primeiro dia. Faríamos um desvio em Albergaria dos Doze para passarmos pelo Casal dos Bernardos e almoçarmos com familiares, seguindo depois para o Agroal. Ali pernoitaríamos, em modo bivaque, e passaríamos a manhã do dia seguinte, antes de nos pormos a caminho, fazendo parte da Rota 2.10 Ourém – Entroncamento, a partir de Fungalvaz ou Paialvo.

Fomos muito optimistas. 🙂 Apanhámos temperaturas de mais de 40 ºC e isso levou-nos a alterar o plano original. Assim, no segundo dia ficámos mais tempo na praia, para não apanhar tanto calor e curtir a água gelada até à última, e depois fomos apanhar o comboio a Caxarias, por um novo caminho escolhido com a ajuda de malta da zona, para evitar grandes declives.

Foi fixe, 60 Km em dois dias, passando por sítios familiares mas ainda não percorridos em bicicleta.

A ida: Lisboa – Pombal em Intercidades

Desta vez fomos de Intercidades. Não conseguimos comprar bilhetes com bicicleta pela net, mas o comboio parecia vazio e arriscámos comprar bilhetes normais. Chegámos lá, falámos com o revisor e tivémos sorte, havia efectivamente ganchos livres. Nem precisámos de desmontar e embalar as bicicletas. Yes!

Ciclo-escapadinha Ecovia 2.09 + detour Casais & Agroal

Ciclo-escapadinha Ecovia 2.09 + detour Casais & Agroal

Na estação de Pombal comemos e tomámos um café, o que nos atrasou um bocado, engonhámos um pouco.

Ciclo-escapadinha Ecovia 2.09 + detour Casais & Agroal

Pouco depois de sairmos da estação passamos por uma ciclovia pelo meio de um parque agradável.

Ciclo-escapadinha Ecovia 2.09 + detour Casais & Agroal

A rota do Paulo levou-nos por caminhos simpáticos, uns asfaltados, outros em terra batida, mas nada de muito complicado.

Ciclo-escapadinha Ecovia 2.09 + detour Casais & Agroal

A dada altura tirámos a grelha do cesto da Mutthilda para ele se sentar e ir mais fresca. Não lhe deu para saltar mas empoleirava-se na borda do cesto como se o quisesse fazer. Parecia que queria ser ela a conduzir, a ir à frente na bicicleta. 😛

Ciclo-escapadinha Ecovia 2.09 + detour Casais & Agroal

Pouco ou nenhum trânsito automóvel, só algumas subidas, que custaram mais pelo calor do que pelo declive.

O nosso plano era ir almoçar com a família ao Casal dos Bernardos. Contudo, estava tanto calor que houve uma altura que pensei que não iria conseguir continuar, estava quase a sentir-me ligeiramente indisposta. Depois parámos à sombra, descansámos, bebemos água e continuámos. Logo a seguir parámos para comer um gelado, e despejar um bocado de água pela cabeça e pelo tronco. Fez maravilhas. Foi muito mais fácil continuar.

Ciclo-escapadinha Ecovia 2.09 + detour Casais & Agroal

Entretanto, ao chegarmos a Albergaria dos Doze, altura em que teríamos que decidir a rota a tomar, um desvio à do Paulo, parámos à sombra de uma casa. Um senhor saiu de uma casa e veio meter conversa connosco. Vivia em Lisboa e também andava por ali de bicicleta, mas trazia-a no carro. Disse-nos que mais ali à frente havia uma fonte onde nos poderíamos refrescar. Excelente dica. Lá pedalámos uns metros para ir tomar um “duche” de arrefecimento. 😛

Ciclo-escapadinha Ecovia 2.09 + detour Casais & Agroal

A partir daí a rota era nova. Apanhámos estradas asfaltadas, mas com algumas subidas, mas praticamente sem carros (um domingo de agosto, à hora de almoço, num dia de temperaturas acima de 40 ºC).

Ciclo-escapadinha Ecovia 2.09 + detour Casais & Agroal

Ciclo-escapadinha Ecovia 2.09 + detour Casais & Agroal

Ciclo-escapadinha Ecovia 2.09 + detour Casais & Agroal

Finalmente chegámos aos Casais! Ufa.

Ciclo-escapadinha Ecovia 2.09 + detour Casais & Agroal

Depois de um almoço tardio e umas horas com a família, metemo-nos a caminho do Agroal.

Ciclo-escapadinha Ecovia 2.09 + detour Casais & Agroal

Apanhámos um belo fim de tarde, e ainda parámos para confraternizar com uns burros simpáticos.

Ciclo-escapadinha Ecovia 2.09 + detour Casais & Agroal

Era uma estrada sem trânsito automóvel e a Mutthilda pôde correr ao nosso lado, feliz.

Ciclo-escapadinha Ecovia 2.09 + detour Casais & Agroal

Como saímos mais tarde, sabíamos que o Parque Natureza do Agroal, que permite o campismo, e que usámos no ano anterior, já estaria encerrado. A nossa esperança era que houvesse outros campistas para nos abrir o portão. O plano B era pernoitarmos mesmo na praia. Tivémos uma sorte do caraças e cruzámo-nos com a única família que lá estava, quando regressavam ao parque, já de noite. Foram simpáticos e deixaram-nos entrar com eles.

No pico do Verão, éramos só duas famílias a pernoitar ali. Não compreendo muito bem como não há mais gente a aproveitar estas condições para acampar ali tão perto da praia…

Ciclo-escapadinha Ecovia 2.09 + detour Casais & Agroal

Ciclo-escapadinha Ecovia 2.09 + detour Casais & Agroal

É engraçado rever estas fotos. Se alguém me dissesse há tão só 5 anos atrás que um dia andaria a dormir ao relento dentro de um saco-cama-tenda, não acreditaria. Sempre fui um bocado “coisinha” com estas coisas. Tudo limpo e arrumado, bichos na casa deles, não na minha. Conforto como um valor importante sempre. Que bom é crescer, trocar de ideias, arranjar umas novas, reciclar outras, reinventarmo-nos. 🙂

Bom, de manhã arrumámos o estaminé e fomos cedo até à praia (há que marcar o lugar, em Agosto aquilo fica cheio de gente!).

Ciclo-escapadinha Ecovia 2.09 + detour Casais & Agroal

Abancámos e ali ficámos a curtir o dia. Mas antes ainda fizémos uma pequena caminhada pelo percurso mais curto (não havia tempo para o longo).

Ciclo-escapadinha Ecovia 2.09 + detour Casais & Agroal

Fomos algumas vezes refrescar às águas geladas da piscina da nascente, e a Mutthilda também foi brincar para a água mais a jusante.

Ciclo-escapadinha Ecovia 2.09 + detour Casais & Agroal

Ciclo-escapadinha Ecovia 2.09 + detour Casais & Agroal

Ainda nadou um pouquito de nada! Mas não o faz espontaneamente. Temos um longo caminho a percorrer ainda…

Quando o calor aliviou um pouco, zarpámos de volta a Lisboa. Desta vez tomámos um caminho diferente, e fomos apanhar o comboio a Caxarias, em vez de Seiça-Ourém como no ano anterior. Parece-nos uma melhor opção, mais suave em termos de orografia, menos trânsito (estradas mais secundárias). Fez-se bem, à parte uns troços com piso mais degradado.

A co-modalidade com o comboio funcionou lindamente, e lá fomos nós de volta a casa, com a alma cheia com tanta coisa boa metida ali em apenas dois dias. 🙂

Todas as fotos aqui. Esta é uma volta muito fixe para se fazer com amigos e família. Que bênção é viver num país em que podemos fazer isto, e usufruir desta natureza, deste campo, e destas infraestruturas. 🙂

Obrigada à CP – Comboios de Portugal pela boleia, obrigada à Protecção Civil pela vigilância em época propensa a fogos, obrigada ao Parque Natureza do Agroal e à Câmara Municipal de Ourém pelo alojamento e pelas infraestruturas no Agroal, e obrigada ao Paulo por criar o seu Roadbook.

Seguros e assistência médica para viajantes

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E é para isso que deverão servir os seguros.

Ao planear uma viagem como esta temos que ponderar várias coisas, entre elas:

  • se adoecermos ou sofrermos um acidente do qual resultem ferimentos, que assistência médica precisaremos, onde a poderemos obter e como, quais os custos da mesma, e como os suportaremos?
  • se o mencionado acima acontecer e implicar sermos evacuados de determinado sítio ou até repatriados, como suportaremos esses custos?
  • se um familiar ou amigo adoecer gravemente ou morrer e nós precisarmos de regressar, como pagaremos o bilhete de avião?
  • o que faremos se nos roubarem o nosso equipamento?

Assistência médica

Para a parte da viagem que for feita ainda em Portugal temos, claro, acesso ao Sistema Nacional de Saúde (recomendo a toda a gente a consulta deste guia).

CESDEnquanto cidadãos da União Europeia, basta pedir (gratuitamente) o Cartão Europeu de Seguro de Doença com pelo menos 2 semanas de antecedência da nossa partida, para termos direito à prestação de cuidados de saúde em qualquer um dos Estados da União Europeia (28: Alemanha, Áustria, Bélgica, Bulgária, Chipre, Dinamarca, Eslovénia, Estónia, Grécia, Espanha, Finlândia, França, Hungria, Irlanda, Itália, Letónia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Países Baixos, Polónia, Portugal, Reino Unido, República Checa, República Eslovaca, Roménia, Suécia e Croácia), Espaço Económico Europeu (mais: Islândia, Liechtenstein e Noruega) e Suíça.

O cartão, válido por 3 anos, garante o mesmo acesso aos cuidados de saúde do sector público (ou seja, um médico, uma farmácia, um hospital ou um centro de saúde) que os cidadãos do país que estamos a visitar. Se for necessário recebermos tratamento médico num país em que os cuidados de saúde não sejam gratuitos, seremos reembolsados imediatamente ou mais tarde, quando regressarmos ao nosso país.

Informações úteis:

Caso queiramos ficar num mesmo país europeu por mais de 3 meses seguidos (o que poderia eventualmente acontecer num país grande com vários pontos de interesse, ou num país onde quiséssemos permanecer mais tempo a estudar, fazer voluntariado e/ou a trabalhar), precisaremos de ter um seguro de saúde para não sermos um encargo para o sistema nacional de saúde local.

Assim, cuidados médicos preventivos e não-urgentes, serão cobertos pelo Serviço Nacional de Saúde através do Cartão Europeu de Seguro de Doença, em 31 países europeus, para estadias até 3 meses em dado país; para estadias além de 3 meses, é necessário contratar um seguro de saúde. Cuidados médicos de emergência podem ser prestados da mesma forma, e/ou também através de um eventual seguro de viagem

Para já o nosso plano de viagem (ainda em fase de construção) não vai além dos 31 países da União Europeia & espaço Schengen, e não prevê passarmos mais de 3 meses no mesmo país, o que simplifica a questão dos cuidados de saúde básicos.

(Mas se a coisa correr bem, quereremos saltar o oceano Atlântico e viajar também pelos EUA e pelo Brasil. Nessa altura teremos que pensar em fazer a Consulta de Saúde do Viajante antes de partir, para salvaguardar as vacinas e os cuidados mais indicados. De qualquer modo, e mesmo para a Europa, é importante garantir que temos as vacinas normais em dia.)

Seguros de viagem

Contudo, numa viagem há mais preocupações além da saúde (ou falta dela), por isso inventaram os seguros de viagem, que incluem, ou podem incluir, cobertura para acidentes pessoais, responsabilidade civil, roubo de equipamento, entre muitas outras chatices.

Comecei a investigar a oferta de seguros para este tipo de viagem, e um de que dizem bem é o da World Nomads. Mas têm alguns pontos negativos, nomeadamente, não cobrem o roubo de bicicletas e acessórios (duh), não cobrem o país de residência do subscritor, e estão pensados para quem vai envolver-se em actividades de “aventura” (onde está, de resto, incluído o bike touring), 1.720 € no mínimo para um seguro anual, para um casal, pode ser desnecessariamente caro…

Pesquisando na net por outros seguros de viagem mais “normais”, deparo-me com algumas dificuldades, nomeadamente, todos os simuladores pedem o país de destino, em vez da região… E vi vários que limitam as viagens a 3 meses consecutivos. Estão mais vocacionados para viagens de curta duração. Antes de decidir se subscrevemos ou não um seguro de viagem, ou que seguro de viagem poderá ser o mais adequado para a nossa viagem, teria que contactar seguradoras uma a uma e tentar obter cotações, mas entretanto, no Alma de Viajante afirmam que não há oferta deste género em Portugal, e a oferta internacional acessível a residentes em Portugal é reduzida, sendo que eles também recomendam o da World Nomads. O mais próximo de um seguro de viagem de longa duração adequado, que encontrei, foi este, mas embora muito mais barato, pode não oferecer a melhor combinação de coberturas. A analisar. De qualquer modo, duvido que consigamos ter a cobertura que a World Nomads oferece no que diz respeito a estudar, fazer voluntariado ou mesmo trabalhar durante a viagem, e isso é um factor fundamental…

Posto isto, já está identificada uma grande despesa inicial para a viagem.

Seguros para animais de companhia

A ideia é viajar com a Mutthilda, claro. Cá em Portugal contratámos para ela um seguro de assistência médica veterinária & responsabilidade civil, mas é válido apenas em território nacional. Pesquisei por oferta de seguros de viagem para animais de companhia mas não consegui encontrar nada. Nenhuma oferta, nem ninguém a falar disso. Zero. Nicles. Vou ter que andar a perguntar às seguradoras uma a uma, mas começo a recear que não haja mesmo opção…

Lista de afazeres:

  • requisitar o Cartão Europeu de Seguro de Doença (gratuito)
  • verificar se temos reforços de vacinas em atraso (e corrigir, se for o caso)
  • contratar um dos seguros da World Nomads (desde 1.720 € para nós os dois)
  • pesquisar e contratar um seguro de viagem para a Mutthilda

Referências e fontes:

A “aventura de bicicleta 2014” do Joe

Surly LHT do JoeO Joe passou umas noites connosco via Warm Showers durante a sua viagem de 4 meses em bicicleta pela Europa. E agora publicou um vídeo dela. É impossível não querer fazer o mesmo. 🙂

No Verão de 2014 decidi que era tempo de um pouco de aventura e por isso deixei o meu emprego em Londres, a par dos meus amigos e família para ir explorar de bicicleta. Já tinha feito antes algumas curtas viagens de bicicleta com amigos mas esta era para ser uma viagem solitária e uma muito maior distância. Pedalei, explorei, voluntariei-me, nadei, comi comida maravilhoasa, conheci pessoas tão interessantes, e acampei em alguns sítios muito bonitos. A Viagem não foi sempre fácil (como pode parecer no vídeo – não filmei com mau tempo!) mas foi um desafio que eu procurava, e como valeu a pena. às pessoas que conheci ao longo do caminho e também com quem viajei – muito obrigado por serem tão acolhedoras e inspiradoras – tornaram a viagem tão mais rica.

Dia X: um pulo à praia

Este post faz parte de uma série: Lisboa-Messines-2013! As fotos estão aqui.
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Depois de na 2ª-feira não termos pedalado (ficámos em casa a descansar, e fomos visitar parte da família – de carro), e de na 3ª-feira termos dado uma voltinha ali perto de casa, na 4ª-feira decidimos ir à praia. A praia fica a mais de 30 Km.

Claro que à boa “nossa moda”, saímos de casa tardíssimo, depois de algum debate interno “vamos ou não vamos” e procrastinação, e por isso quando finalmente chegámos à praia já o sol se punha. Isso não nos impediu de dar um mergulho para assinalar a viagem, claro. Estava boa, a praia, e a água também. 🙂 Não estava quase ninguém ali, e levámos as bicicletas para a areia, prendendo-as aos sinais.

A praia dos Salgados é o meu tipo de praia, uma praia natural, e enquanto não construírem lá mais um resort, será das últimas no Algarve sem betão e asfalto e carros a fazer de transição entre a terra e o mar, em vez de dunas…

A Lagoa dos Salgados é um sítio com valor ecológico, mas pelos vistos não vale tanto quanto um resort com hotéis e golfe. Já construíram um, que faliu, e agora querem construir outro.

Lagoa dos Salgados – Vamos conseguir travar a sua destruição? from Quercus on Vimeo.

A Lagoa, e a praia natural são únicas. Resorts com relva e palmeiras, e hotéis, constroem-se em qualquer lado, e recuá-los 500 metros ou 1000 metros do mar não faz mossa e dá-lhes um caminho bonito para percorrer até à praia. Não percebo as pessoas do meu país, sinceramente. Quando só tivermos resorts, carros, betão e palmeiras por todo o lado, e já não houver nada de natural, o que fará os turistas virem para cá em vez de para os outros milhentos sítios iguais, quiçá até mais baratos?

Por favor, se lá forem, à praia dos Salgados ou à praia Grande, estacionem longe, não levem o carro para cima das dunas, e usem os passadiços em vez de caminhar sobre elas. Obrigada. 😉

Continuando, o sol pôs-se, e nós voltámos para casa, ou seja, mais 30 Km. Fizémos uma paragem na Guia, para testar e fotografar este parque de estacionamento para biclas, pouco funcional (boas intenções sem o know-how = desperdício de dinheiro):

Depois voltámos a parar a uns 10 Km de casa, para visitar os primos. 🙂  Estávamos exaustos. Mesmo. Completamente exaustos. Não percebemos porquê, afinal, 60 Km era o que fazíamos diariamente na viagem para baixo, depois descansámos um dia, pedalámos pouco (31 Km) no dia seguinte, e depois neste dia sentimo-nos inesperadamente supercansados. Mas lá conseguimos arrastar-nos até casa. ;-P

Claro que depois estivémos dois dias seguidos a descansar, não voltámos a sair de bicicleta, foram uns últimos dias de férias muito caseiros, no meio do campo, lá no monte da tia. 🙂

Num dos dias caíu uma boa carga de água, o que nos fez sentir menos mal pelo nosso apego ao sofá nesse dia. 😛

De resto, pouco mais movimento houve que fotografar uns bichos aqui e ali! 🙂

Esta ideia de ir para a praia “todos os dias” parecia gira, mas não tínhamos pedalada para tal. Seriam umas 3-4 horas a pedalar todos os dias (a costa fica a 30 km), como se o touring continuasse. Tentaremos noutra oportunidade, mas não estou convencida de que seja viável, ou interessante, fazê-lo por sistema… Embora tenha a certeza que regressaríamos todos ‘enxutos’, ahah!

Dia IX: Uma voltinha Altemente!

Este post faz parte de uma série: Lisboa-Messines-2013! As fotos estão aqui.
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Bom, depois da empreitada dos 330 Km de pedaladas entre Tróia e Messines, com aquela última etapa puxada, tirámos o dia seguinte (dia VIII) para descansar! Mas na 3ª-feira pegámos nas biclas para dar uma voltinha ali pela zona (dado que já era tarde e ainda não tínhamos energia para a volta para a praia, o plano original), e fazer mais uma visita familiar.

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Ver mapa maior

Foram 31 Km (agora sem toda aquela carga!) que incluíram algumas boas subidas até Alte (Loulé), e respectivas descidas fenomenais. 😀 A vista, a paisagem foi sempre bonita, e estava um dia lindo para estar lá fora a pedalar!

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Do Azinhalinho até Alte foi um percurso muito agradável, apesar das subidas, pela paisagem e pela tranquilidade (a estrada não tinha tráfego automóvel virtualmente nenhum!).

A caminho parámos para admirar a serra. “Olha que sim, foi ali que andámos perdidos à meia-noite no domingo!” 😛

Alte é bonito, verdejante e bem cuidado, mas estava morto, comércios fechados e sem gente, quase… 🙁

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É caso para dizer “então para que raio serve a relva?!”.

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Enquanto o Bruno fazia umas gravações de campo para as músico-cenas dele, eu fui molhar os pés na Fonte Grande, e se fosse mais cedo tínhamos ido ao banho! 🙂

À saída encontrámos ainda um sítio decerto bike-loving, mas estava fechado e não pudémos descobrir o que havia para ali que tivesse a ver com biclas. 🙂

Depois de Alte, já cá em baixo, apanhámos um troço em estrada de terra batida e calhaus, um BTT light, suponho, antes de chegarmos ao Barrocal, desta vez ainda de dia, para podermos apreciar a envolvente! 😉

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Foi mesmo muito fixe! 😀 Recomendamos vivamente!

Viagens a Pedal

Este blog / sítio surge para arrumarmos as nossas coisas sob o tema “viagens de bicicleta” e “cicloturismo”. A bicicleta faz parte do nosso quotidiano porque a usamos como meio de transporte principal. Fazemo-lo por razões práticas e também político-filosóficas, mas principalmente e antes de tudo, por prazer – é um luxo podermos integrar no nosso dia-a-dia, subtilmente escondida na função “transporte”, uma actividade que nos dá gozo físico e mental. Por isso quando pensamos em férias, a bicicleta é das poucas coisas que não equacionamos desligar.

Depois de ajudarmos muita gente a equipar-se para pequenas e grandes viagens de bicicleta, ajudando a escolher, encomendando e montando, bicicletas, componentes e acessórios, decidimos que também temos direito. 🙂

Antes já fizémos algumas pequenas experiências de ir para fora de bicicleta, dormindo pelo menos uma noite fora*, Lisboa – Aveiro com o comboio a fazer a maior parte do caminho.

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E parte da Rota 6 da EuroVelo, a partir de Viena, numa excursão organizada.

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* se não incluir uma noite fora não consideramos, para este efeito agora, uma viagem, mas mais um dia de passeio, e desses houve muitos mais, claro

Antes do nosso regresso à bicicleta, fizémos algumas viagens por Portugal, à descoberta, mas de carro, estilo road trip. Isto já foi há 10 anos ou coisa que o valha, ainda estávamos na faculdade. Queremos voltar a viajar mais, mas agora não concebemos fazê-lo de um modo fisicamente tão passivo como o carro, tem que ser de bicicleta (e sempre que necessário ou vantajoso, conjugando com os transportes públicos).

Lançar este sítio e, principalmente, arranjar umas bicicletas mais vocacionadas para a função**, é também uma forma de nos auto-pressionarmos para nos fazermos à estrada mais frequentemente, afinal, temos que justificar o investimento! 😉 E, claro, um pretexto também para fazermos mais daquilo que nos trouxe aqui e que sempre nos deu tanto gozo: estudar e partilhar cenas a pedal!

** as nossas bicicletas do dia-a-dia (duas pedelec, uma “normal” e outra uma longtail) são ideais para isso: o dia-a-dia, e embora quem não tenha cão cace com gato (já as usámos para alguns passeios mais extensos, e em intermodalidade com o comboio, por exemplo), nunca é a mesma coisa – não há ferramentas ideais para toda e qualquer aplicação