Dia III: Praia da Galé – Porto Côvo

Este post faz parte de uma série: Lisboa-Messines-2013! As fotos estão aqui.
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DIA III, 21 de Agosto, 4ª-feira
Praia da Galé (Melides) –> Porto Côvo
Cerca de 57 Km de pedaladas

O percurso do nosso terceiro dia na estrada foi este:


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Arrancámos tarde, deviam ser umas 11h. O objectivo era pedalarmos até à Lagoa de Santo André e almoçar por lá enquanto nos resguardávamos da hora mais perigosa de exposição solar.

Santo André

Sempre a aplicar a técnica de “control & release“! É essencial garantir que somos sempre relevantes para os outros utentes da estrada. Temos que estar onde eles esperam encontrar veículos e garantir que somos vistos, e a nossa posição e velocidade identificadas, o mais cedo possível, e deixar logo claro que quem nos ultrapassa tem de efectuar uma manobra para tal. Não deixar isto acontecer numa estrada nacional em que o limite são 90 Km/h, e muitos excedem-no!!:

 

Os conceitos e técnicas que aplicamos e ensinamos na cidade aplicam-se também fora dela, e pudémos finalmente confirmar isto em primeira mão.

A Lagoa de Santo André,… não conhecia a zona e tinha ideia de que seria um sítio bonito, quis ir conhecer. Foi sempre a descer para lá chegar.

Santo André

Mas foi uma decepção brutal. Construções desordenadas, degradadas e abandonadas, comércio fechado, um ar abarracado, pobre, esquecido. Mal parámos, nem tirámos fotos da zona da praia/lagoa, voltámos logo para trás. Parámos junto a um WC público e é a única foto…

Santo André

Voltámos a subir tudo até à estrada principal para seguir para outras paragens mais atractivas. Curiosamente, a meio da subida encontrámos pessoas conhecidas de Lisboa! O mundo é pequeno… 🙂

Entretanto chegámos a Santo André, e a moda das passadeiras para bicicletas pintadas nos passeios, em sítios onde a circulação na estrada é pacífica, chegou lá:

Santo André

O calor apertava e arriscávamos queimaduras solares se continuássemos, e a fome era incontornável! Acabámos por ir almoçar ao Rosmaninho da Atalaia (ponto C no mapa), que tinha um belo espaço sombreado à frente, onde deixámos as biclas e onde depois usámos o portátil para tratar das fotos, etc.

Santo André

Lá pelas 16h30 ou isso arrancámos de novo, rumo a Porto Côvo. O Google Maps está desactualizado; mais ou menos entre os pontos D e E no mapa anterior usámos a via da esquerda, desactivada (sinalizada como tal no princípio e “barrada” com pinos) mas perfeitamente funcional, da futura autoestrada A26, entre Santo André e Sines! Na altura não sabíamos que aquilo era uma futura AE, descobrimos por acaso naquela noite, ao navegar na net!

Sines Sines

😀 Foi espectacular.

Bom piso, via larga e ainda a berma à esquerda, caminho directo. Deu imenso jeito para podermos rolar depressa e, muito importante, lado a lado (afinal, pedalar é uma coisa social, e isto eram as nossas férias!). Tudo sem nos preocuparmos praticamente nada com automóveis (íamos sempre controlando pelo retrovisor, não fosse vir lá um chico-esperto qualquer, e houve um ou outro)  – não havia cruzamentos à nossa esquerda, não tínhamos que nos preocupar com as ultrapassagens, etc. Foi per-fei-to. 🙂 Melhor só se houvesse árvores para darem sombra, mas como já passava das 17h, nem sequer sofremos com o sol.

Não percebemos que justificação há para pôr ali naquela zona, uma autoestrada quando há o IP8 ali ao lado… E quando isso for uma realidade, deixa de ser acessível de bicicleta! É inaceitável pois não haverá alternativa similar para peões e ciclistas…

Entretanto, não virámos para Sines, e seguimos logo em direcção à praia de Morgavel, onde parámos para descansar, beber água, namoriscar, absorver a paisagem, e tirar umas fotos.

Sines

Até Porto Côvo foi um pulinho. Foi giro andar nos mesmos caminhos que fizémos 10 anos antes, no mítico Nissan Micra. Tudo mais ou menos igual, a road trip, acampar, só que desta vez de bicla! Pouco antes da vila, mais umas fotos e uma pausa para inspirar a paisagem, e brincar um pouco.

Porto Côvo

Já na vila, espreitámos o parque de campismo Costa do Vizir e decidimos passar lá a noite.

Porto Côvo

Porto Côvo

A curiosidade deste parque era que a zona dos duches tinha luzes automáticas, e então quem tomava banho a horas menos concorridas, como nós, acabava a tomar banho meio às escuras, porque o sensor das luzes não apanha gente nas cabines de duche!!…

Foi o primeiro parque onde pedimos electricidade, mas a nossa extensão tripla era muito curta (viajamos de bicla, o tamanho conta!), tivémos sorte que eles tinham uma grande para emprestar. Inicialmente pensámos que poderia ser overkill levar uma extensão tripla, mas deu muito jeito! Afinal, tínhamos 6-7 gadgets para carregar, entre câmaras, laptops e telemóveis!

O nosso fogãozinho cedeu à fuga que tinha, e foi a última vez que o usámos. 🙁 Mas havemos de o reparar e servirá de novo em aventuras futuras. 😉

Com o desvio e decepção da Lagoa de Santo André, não tivémos oportunidade de ir um pouco à praia neste dia, foi só pedalar e curtir a paisagem.

CONCLUSÕES para a posteridade:

  • estudar melhor previamente os pontos de interesse, para reduzir tempo desperdiçado em banhadas
  • montar campo ao lado de um parque infantil pode não ser o cenário mais sossegado (não foi mau, mas podia ter sido!)
  • alforges e afins impermeáveis dão jeito também para lidar com o orvalho!
  • precisamos de arranjar umas capas / lençóis para os colchões, mesmo num chão nivelado escorregamos neles dentro do saco cama, o que é um pouco desconcertante

Dias I e II: Lisboa – Praia da Galé

Este post faz parte de uma série: Lisboa-Messines-2013! As fotos estão aqui.
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DIA I, 19 de Agosto, 2ª-feira
Lisboa –> Praia da Galé (Melides)
Cerca de 45 Km de pedaladas (+ barco + comboio + ferry!)

Partimos tarde, depois do almoço, ai, largar o trabalho é muito complicado!… E ainda tivémos que parar para uma compra vital de última hora: garrafas de água! Toda a gente nos alertava para a grande necessidade de levar MUITA água. Nunca a esgotámos, e levámos 2.5 L em 5 bidões, entre os dois. Queríamos levar umas Kleen Kanteen mas não vinham a tempo, assim lá nos resignámos com o plástico, mau para a saúde mas melhor para a carteira (“always look on the bright side of life“!).

Porto Côvo

Porto Côvo

Pedalámos do Largo do Rato até à estação fluvial do Terreiro do Paço, onde apanhámos um barco para o Barreiro. Foi tudo fácil em termos de acessibilidade com as bicicletas, mas a sinalética da estação não era muito clara.

Lisboa

Chegados ao Barreiro, o interface estava bem feito com a estação de comboios, era logo ali, e até tinha rampas! 🙂

Barreiro

Estava um dia mesmo muito muito quente, e cozemos um bocado dentro do comboio até Setúbal. :-S O acesso ao comboio era fácil, e a arrumação das biclas foi esta:

Barreiro

Em Setúbal pedalámos mais um pouco, às apalpadelas, até à estação para apanhar o ferry para Tróia. Apanhámos o início de uma ciclovia para doidos (ou incautos…) (possivelmente destas), que ignorámos, mas o ferry era logo ali, de qualquer modo.

Setúbal

Foi uma viagem agradável no ferry, com o sol de fim de tarde.

Setúbal

Água! 🙂

Tróia

Chegados a Tróia começámos a pedalar logo rumo à Praia da Galé. Dado que já era tarde (umas 19h), optámos por deixar a zona de Tróia (e o caminho de Lisboa, ou de algures da margem Sul, até lá) para explorar num futuro S24P ou S36P.

O percurso terá sido este:


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Começámos logo com 41 Km a pedalar, tudo seguido, entre as 19h30 e as 22h15, mais ou menos, para abrir a pestana. 😛

A N261 consiste numa faixa de rodagem com duas vias, uma em cada sentido, sem berma, e naquele dia e horário tinha um trânsito significativo, e os carros circulavam a grande velocidade (a coisa só acalmou depois da bifurcação, em que provavelmente seguia toda a gente para a N261-1, enquanto nós seguimos para a direita).

Começámos logo no início da N261 a praticar a técnica de “control & release” (traduzido para português dará algo como “controlar & libertar”) para podermos circular em segurança e com o mínimo de conforto. Ao longo das duas semanas seguintes notei que isto parece funcionar especialmente bem à noite.

O que é “control & release”?

Podem saber mais aqui. Eu (Ana) ia atrás e posicionada no centro da via, o Bruno ia logo à frente desviado um pouco mais para a direita (assim éramos ambos visíveis por quem se aproximava por trás). Eu ia a controlar o tráfego atrás pelo espelho retrovisor, e ia comunicando (com a posição na via e, por vezes, com a mão esquerda – “páre/espere” e “pode ultrapassar”) à medida das necessidades. Há sempre imbecis que não respeitam o sinal de espere, ou que passam desnecessariamente perto, mas o mais comum é passarem depressa demais, mesmo quando usam totalmente a outra via (que será a lei a partir de Novembro), mas foi pacífico.

Eu ia atrás (e não o Bruno) para tirar partido da teoria da compensação do risco (quem já fez o nosso curso sabe do que estou a falar), e a par do “control & release” às vezes usava um pouco de “ziguezaguear consciente/deliberado” para enfatizar a coisa. Estas duas técnicas foram extensivamente usadas ao longo de toda a viagem (o ziguezaguear bastante menos, pois por vezes pode ter o efeito oposto ao desejado).

Tróia

Estávamos confiantes a conduzir à noite graças a essa técnica e ao facto de estarmos muito bem sinalizados. As nossas luzes dianteiras e traseiras (alimentadas a dínamo de cubo) são melhores do que as de muitas motoretas!, e os alforges Ortlieb têm uns grandes e eficientes reflectores atrás e à frente (e tínhamos dois alforges atrás e outros dois à frente!), e os reflectores nos pedais também funcionam muito bem. Para terminar, os pneus têm reflectores laterais integrados, e as bolsas dianteiras também tinham detalhes reflectores.

As nossas luzes dianteiras, além de nos sinalizarem muito bem, iluminavam bem o piso, mesmo numa noite escura sem lua e sem candeeiros na rua, pelo que íamos em segurança a uma boa velocidade.

Começámos logo a atacar o nosso stock de frutos secos, para evitar o bonking (hipoglicémia). Os frutos secos (3 frascos de um mix de nozes, passas e sementes várias), eram o nosso stock de emergência (não se estragam com o calor da viagem, e são nutritivos e cheios de calorias). Mas na verdade devíamos ter comido coisas de rápida absorção de energia (os frutos secos são de degradação lenta).

Pagámos caro o termos optado por comprar um repelente de mosquitos “mais tarde”. Sempre que parávamos para beber água (estava uma noite quente!), comer, ou ver o mapa, as melgas atacam sem dó nem piedade. Big mistake!

Pedalar à noite é espectacular e nós adoramos, mas chegámos ao parque de campismo exaustos! Porque foram 41 Km seguidos a pedalar com as biclas carregadas, depois de um dia longo, de uma semana longa, de um mês longo (é inevitável trabalhar mais mesmo antes de irmos de férias!), e porque infelizmente não temos oportunidade de pedalar muito na nossa vida quotidiana a ponto de isso servir de “treino” para esta viagem. :-/

Entretanto, depois de deixado um documento e recebidos uns cartões temporários (a recepção já estava fechada quando chegámos ao parque, passava das 22h), montámos a tenda e fizémos o jantar, meio às escuras.

Praia da Galé

Tínhamos hesitado em levar uma mesinha dobrável que tinha comprado (parecia supérflua, dado o preço de a transportar em termos de peso e volume), até pensei em ir trocá-la, mas foi bem jeitosa em todos os acampamentos! 🙂

Praia da Galé

DIA II, 20 de Agosto, 3ª-feira
@Praia da Galé (Melides)
Zero pedaladas.

Como estávamos cansados do 1º dia, e gostámos do parque de campismo, resolvemos ficar mais uma noite, e então, depois de ficarmos na ronha à sombra da tarpa a seguir ao almoço, fomos à praia ao fim da tarde. 🙂

Praia da Galé Praia da Galé

Foi o nosso sítio preferido, a praia estava em estado bruto, e o parque bem integrado na natureza, no pinhal. Ficámos com pena de não termos podido escolher melhor o sítio (chegámos de noite já tarde e cansados e não andámos a explorar o parque antes de escolher o local para montar a tenda), mais junto à praia havia uns sítios calminhos e integrados no meio da natureza, e longe do karaoke nocturno. 😛

Soube mesmo bem o primeiro mergulho do ano, sentir os pés na areia, as ondas a bater nas pernas, o sol a aquecer a pele, e o sossego, nada de carros, de betão, de rebuliço, deixar os stresses quotidianos enterrados algures. Tão perfeito que nem tirámos fotografias. 🙂

CONCLUSÕES para a posteridade:

  • o parque de campismo e a praia da Galé são para repetir 🙂
  • não sair de casa sem repelente de insectos à mão na bolsinha dianteira
  • não sair de casa sem umas barras energéticas ou algo similar para um boost de energia rápido, sempre de reserva 
  • confirmar por telefone, se possível, previamente as horas de check-in do sítio onde vamos ficar, para sabermos com o que podemos contar e não ficarmos stressados a pensar “ai que ainda temos que acampar à porta do parque!”
  • sair cedo de casa!
  • não gastar dinheiro em mapas para quem anda de automóvel, não têm o detalhe suficiente para quem anda de bicla!
  • não montar a tenda no primeiro sítio decente que encontramos, perder um pouco de tempo a conhecer melhor o parque. Coisas a ponderar: de dia ficamos à sombra? de noite ficamos com luzes incomodativas a incidir sobre nós? ficamos num local de passagem ou num sítio mais calmo e qual preferimos? passam carros ali (levantando poeira e fazendo ruído)? estamos ao pé de sítios de encontro ou actividades que possam incomodar à noite ou de manhã? estamos perto o suficiente dos balneários e de pontos de água? temos sítio bom onde prender a corda da roupa e uma tarpa? o chão é nivelado para não escorregarmos a dormir? temos onde amarrar as biclas junto à tenda?

Mapa dos dias

Ora bem, isto de ir de férias dá tanto trabalho que uma pessoa precisa de férias antes das férias. 😛 Para não variar, o tempo escapuliu-se e o planeamento não foi tão atempado como gostaríamos, mas, c’est la vie. Ora aqui está o game plan por alto. A ideia é chegar a casa no dia 6 ou 7 da viagem, consoante o rumo e o ritmo que os pontos de interesse que encontremos, a nossa energia, etc, etc, nos levem a tomar. Então é assim, por alto…:

Dia 1: Lisboa – Fontainhas do Mar

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Dia 2: Fontainhas do Mar – Porto Côvo

Dia 3: Porto Côvo – Carvalhal

Dia 4: Carvalhal – Aljezur 

Dia 5: Aljezur- Sagres 

Dia 6: Sagres – Alvor

Dia 7: Alvor – S.B. de Messines

  • ~ 50 Km
  • @família

Dias 8 a 11: por definir!

  • Praia? Sossego? Mais touring? 🙂

Dia 12: Algarve- Lisboa

  • comboio Messines-Lisboa, ou Faro-Lisboa, ~40 €

Despesas mínimas previstas em transportes e alojamentos: 150 €

Um Sub-12 para aquecer

Domingo.

Plano: levantar “cedo” e ir dar uma volta a Manique do Intendente, na Azambuja (a tempo de ver passar os ciclistas), apanhando boleia com a CP. Um passeio de menos de 12 horas. Não é ainda uma escapadinha, uma “viagem”, porque voltaremos a tempo de dormir na nossa cama.

Problema: os dias de trabalho extra-longos cobram-se, e só nos conseguimos levantar às 12h. 😛

Mas é Domingo e vamos curti-lo sem stress. Saímos lá para as 13h30, rumo à estação de Campolide. Nota negativa: sinalética em falta, demoramos a perceber para onde temos que ir, onde estão as máquinas dos bilhetes. Nota positiva: os elevadores existem, funcionam e são grandes o suficiente para caber uma longtail.

Compramos os bilhetes (cerca de 2.50 € cada, só ida). Esperamos uns 15 minutos até chegar o comboio suburbano que nos levará até à estação da Azambuja. Conseguimos identificar o símbolozinho da bicicleta numa das primeiras carruagens e corremos um pouco para lá. Entramos e há bastante espaço para arrumar as biclas, apesar de ficarem sempre no meio do caminho – mas não há quase ninguém no comboio e sobra espaço para passarem pessoas de roda da bicicleta, menos mal.

Biclas no comboio suburbano Lisboa-Azambuja

Para não estarmos com medo que elas caiam e se danifique alguma coisa ou que magoem alguém, prendemo-las ao pilar com as Rok Straps (grande invenção!).

Rok Straps rule

Chegamos à estação da Azambuja. Felizmente há elevadores e estão a funcionar. Problema: são curtos e não cabem lá as biclas normalmente.

Elevador da estação da Azambuja

Solução: biclas ao alto! Tudo OK.

Bicla ao alto no elevador da estação da Azambuja

E lá vamos nós a pedalar. O percurso de ida foi mais ou menos este, num total de 22 Km:

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A dada altura decidimos por um caminho mais “directo”, que no início tinha um sinal de proibição a camiões (“porque será?”, pensámos nós). Bom, por isto, possivelmente…:

Uphill...

Ai, que bem que soube a assistência eléctrica naquele troço de 16% de inclinação. 😛

Lá ao fundo, naquela encosta cheia de árvores, já se via a Herdade da Hera, o nosso destino do dia.

Herdade da Hera

Mas mesmo que tivéssemos tido que pedalar por aquela subida só com a força das nossas pernas (ou empurrar a bicicleta ao longo da mesma), o que sabíamos que iríamos encontrar do outro lado, mais tarde ou mais cedo, dar-nos-ia sempre algum ânimo. Aprendi em Sevilha a apreciar as subidas. Sem subidas não há descidaaaaaaaaaaaaaaaaas! 🙂

descida

Como as nossas biclas de touring ainda não tinham chegado, levámos as biclas do dia-a-dia (quem não tem cão caça com gato), que se portaram muito bem, claro.

Pedelec Kalkhoff Agattu C7 como bicla de passeio

Pedelec Surly Big Dummy como bicla de passeio

Chegámos à Herdade da Hera cerca das 17h. Hora mesmo fixe para almoçarmos. 😛

Herdade da Hera

A Herdade da Hera ainda não está aberta ao público (nós somos visitantes com privilégios 😛 ), mas quando estiver será um sítio onde os ciclistas viajantes (e não só) poderão comer, descansar, acampar, e entreterem-se com várias outras actividades (equitação, quinta pedagógica, observação de estrelas / astroturismo, etc).

Herdade da Hera

Depois de atestados de combustível (vários tipos, incluindo pão-de-ló), conversa posta em dia, e umas voltas pela herdade, era hora de voltar. Queríamos evitar andar de noite (íamos pela N3) mas já não foi possível. Este percurso é “por alto”, mas terá andado à volta disto, mais uns 24 Km de volta:


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Compramos os bilhetes, mais uma voltinha nos elevadores, e esperamos uns minutos pelo comboio.

Estação da Azambuja

Mais uma hora de viagem, e desta vez saímos em Alcântara-Terra (não queríamos ir às 23h descobrir uma alternativa de acesso para sair da estação de Campolide, que não envolvesse uma subida pior do que aquela de 16% e muito muito mais longa…).

Biclas no comboio suburbano Lisboa-Azambuja

Ou seja, pedalámos ao todo cerca de 50 Km (e viajámos de comboio 2 horas). Por estradas nacionais e por estradas locais com pouco movimento, e outras com nenhum movimento. Sempre em bom asfalto. E mesmo o troço na N3, na parte sem berma, à noite, com algum movimento, foi pacífico.

Foi muito fixe. 🙂

Havemos de repetir brevemente mas já com as LHTs e o equipamento base, e acampando, para testar minimamente a cena toda com um S24P (Sub-24 Pernoitando). 🙂

Literatura

Bom, vasculhando a biblioteca (analógica) cá de casa, os volumes disponíveis com relevância para esta nossa viagem são:

Na web vamos começar por estes:

É hora de estudar um pouco! Têm outras sugestões (dentro do português e inglês, de preferência, sendo que também tiro alguma coisa do espanhol e francês)?

The Ride Round

Fonte: The Ride Round

Depois mais tarde temos que ponderar que literatura levamos connosco, mas essa não tem que ser sobre bicicletas. 😛

* claro que isto não é uma volta ao mundo, nem nós vamos andar longe da civilização ou coisa que o valha, mas saber mais ou refrescar o que já se sabe, é sempre bom, e fica para as outras viagens que vierem 😉

Rota atlântica

Como referi anteriormente, esta viagem pretende levar-nos até S.B. de Messines, pela costa alentejana e depois pela algarvia. Por isso comecei a pesquisar testemunhos de outras pessoas que tivessem feito mais ou menos o mesmo, para retirar dicas úteis para preparar a viagem.

Praia do Zavial - panorama

Numa relativamente curta e simples sessão de Googlismo agora encontrei os seguintes relatos de viagens similares:

Alguém conhece outros? E que queira partilhar aqui? 🙂

As dicas que queremos apanhar estão relacionadas com a escolha de rotas, sítios onde ficar, coisas para ver, cuidados a ter, problemas encontrados e respectivas soluções arranjadas, etc.

Depois há outros recursos de rotas conhecidas que queremos estudar, mas que acho que não servirão para nós, que vamos de bicicleta e não a pé*, e que não vamos de BTT:

* eu gosto muito de andar a pé e agrada-me a ideia de sair por aí a pé, mas o facto de ter escoliose e tendência para má circulação e pernas pesadas faz com que a bicicleta me ofereça uma alternativa muito melhor: permite-me exercitar as pernas (necessário para activar a circulação), mas sem estas terem que suportar todo o peso do meu corpo, e ainda carrega toda a bagagem, em vez de ter que a acartar eu às costas. Além disso, ando a 18 Km/h com o mesmo dispêndio de energia de andar a pé a 4.5 Km/h, o que é útil quando se tem 300 Km para percorrer e o tempo contado. 😉

E depois há a Ecovia do Algarve, pensada também para bicicletas, embora a reputação não seja a melhor (falta de sinaléctica e conectividade).

São duas biclas de touring ali para a mesa do canto, sff

Estas são as nossas biclas do dia-a-dia:

Bicycle Repair Man Mobile!

IMGP2368.JPG

São ambas pedelec (bicicletas com assistência eléctrica), uma longtail Surly Big Dummy e uma Kalkhoff citadina, ideais para as nossas necessidades pessoais e profissionais de mobilidade e transporte quotidiano em Lisboa. Fazemos tudo com elas, raramente precisamos de recorrer a outro meio de transporte. Quando vamos passear, também é com elas. E portam-se muito bem. Mas para viajar, em autonomia (ou seja, carregados), fazer muitos quilómetros, horas seguidas em cima da bicicleta, e eventualmente andar a caminhar com elas ao lado por estradas de areia, como se prevê, e transportá-las em comboios e autocarros, possivelmente semi-desmontadas, pensámos que fazia sentido investir em duas bicicletas mais adaptadas para o efeito, a nível de geometria, posição de condução, e especificações.

A escolha óbvia foi um par de Surly Long Haul Truckers.

Surly Long Haul Trucker

Serão basicamente iguais à da foto, mas com o quadro em preto, e uma roda dianteira diferente, construída à volta de um cubo com dínamo. E alguns outros extras encomendados logo de origem.

Num cenário ideal teríamos mandado vir os quadros e depois escolhido e montado os componentes a la carte. Mas isso exigiria mais tempo do que aquele que temos disponível agora (para escolher, mandar vir, e montar), e a conta ficaria mais alta, provavelmente, o que não seria viável agora. Além disso, dado que profissionalmente lidamos com a marca, pareceu-nos mais interessante experimentarmos em primeira mão a configuração da bicicleta de origem, e só mais tarde, como muitos quilómetros de teste em cima, começar a brincar e mudar os componentes à medida da evolução das nossas experiências e preferências pessoais.

Estamos com alguma curiosidade com a geometria de touring e meio ansiosos com a posição de condução e com os dropbars, vai ser uma experiência nova, e que contrastará muito com a posição bastante direita e guiadores citadinos que usamos e gostamos nas nossas bicicletas do dia-a-dia. O conforto possível virá do quadro em aço e dos pneus 2.0″ (o máximo com pára-lamas são 2.1″), visto que a bicicleta não tem suspensão no quadro, no garfo, no espigão do selim nem no próprio selim (estamos mal habituados :-P).

A escolha do modelo da bicicleta prendeu-se com a sua sólida reputação de bicicleta de viagens de longa distância, em autonomia (ou seja, carregada!), embora também eficaz para a cidade (queríamos algo também para passeios mais curtos ao fim-de-semana, por exemplo, ou para alguns tipos de deslocações urbanas do dia-a-dia), e assim ficaremos com dois exemplares de demonstração na loja, o que é sempre útil. 🙂 Dois links úteis e interessantes para começar a explorar este tema são este e este.

Serão ambas de roda 26″, apesar do Bruno ter altura para escolher o tamanho dele, 56, com roda 700c (o meu tamanho, 42, só existe com roda 26″). As vantagens são:

  • uniformização nas peças suplentes: ambas as bicicletas usam o mesmo tamanho de aros, raios, pneus e câmaras de ar,
  • uniformização nas velocidades a rolar: uma roda 700c, devido à maior inércia face a uma de 26″, depois de estar a rolar mantém mais facilmente / por mais tempo a velocidade, o que levaria a que eu tivesse que me esforçar mais para manter a mesma velocidade do Bruno,
  • conforto: podemos usar pneus mais largos, neste caso serão 2.0″ mas podemos ir até 2.1″ (com rodas 700c e pára-lamas só dá para ir até aos 1.65″)
  • robustez: rodas 26″ são mais robustas que rodas 700c, o que é relevante em viagens em que a bicicleta vá muito carregada

Os extras básicos

Não temos dúvidas da importância que usar boas luzes tem no conforto e segurança da bicicleta, e não temos pachorra para andar a transportar, carregar e controlar pilhas, pelo que um dínamo de cubo era um item básico na lista de equipamento. Por isso pedimos logo ao nosso fornecedor para as biclas trazerem já montado um dínamo de cubo SON 28. Os SON são fiáveis e os 5 anos de garantia inspiram confiança (tenho um SON XS na Birdy e porta-se bem).

SON 28

Escolhemos este em vez do SONdelux porque o SON 28 é o mais indicado quando é preciso mais luz a velocidades mais baixas, ou quando se pretende usar outros dispositivos ou carregar as suas baterias (eventualmente chegaremos a investir mais tarde num USB-Werk da Busch und Muller ou similar para carregar os telemóveis nas viagens).

Para usar com o dínamo, o Bruno escolheu a luz dianteira de LED SON Edelux pela sua capacidade de iluminação da estrada, nomeadamente a velocidades mais elevadas, fiabilidade, durabilidade, sensor e luz de paragem, e ser à prova de chuva!

SON Edelux

Os pára-lamas que mandámos vir logo foram os Hebie Viper. Feínhos, coitados, mas leves e práticos.

Heie Viper

E, claro, os porta-bagagens, um para trás e outro para a frente. Optámos por dois modelos da Hebie, o Expedition 190 e o Expedition Low Rider 195.

Hebie Expedition 190 Hebie Expedition Low Rider 195

O 190 é fixe porque tem um segundo par de carris mais abaixo, o que permite colocar o peso nos alforges mais abaixo também, e mais facilmente fixar outros sacos ou o que seja no topo, e mantém a luz traseira mais protegida numa espécie de reentrância. E aguenta até 40 Kg de carga!

O Low Rider 195 foi escolhido por ser mais leve visualmente e estruturalmente, dado que não prevemos ter que andar a transportar carga no topo de um porta-bagagem dianteiro, serão apenas os alforges de lado, em baixo, e o Low Rider 195 permite levar até 10 Kg de cada lado.

Entretanto, isto deve estar a chegar brevemente (estamos em pulgas!). Agora temos que começar rapidamente a pensar em tudo o resto, para dar tempo de vir até à data de partida, planeada para algures entre 16 e 19 de Agosto!

Algumas coisas já temos, mas há-que analisar se servem o propósito (é diferente acampar com carro de apoio e com bicicleta de apoio :-P, e é diferente pedalar 5 Km seguidos ou acumulados por dia, ou 50 Km, o que afecta a escolha do selim e da indumentária). Qual a melhor rota para nós? Onde e como dormir (tenda, saco-cama, colchão, hammock,…?). O que levar para comer e cozinhar e como? Que ferramentas e peças suplentes devemos levar? Que tipo e número de artigos de vestuário e calçado escolher? Que tipo e número de sacos?

to be continued…

Rumo ao Sul

Tudo começa por escolher o destino e a rota da viagem.

No nosso caso, dado que toda a minha família do lado materno é do Algarve (o que significa matar saudades, e também cama e mesa garantidas), e que um novo membro da família é esperado vir ao mundo dentro de 2 ou 3 semanas, rumar a Sul foi a decisão óbvia. Além de que a paisagem, o ar do mar, etc, são o pano de fundo ideal para uma viagem no pico do Verão.

A ideia é, pela primeira vez em não sei quantos anos, conseguir tirar 2 semaninhas de férias efectivas, e usar a primeira para percorrer a costa de Lisboa ao Algarve e depois de Sagres ou Vila do Bispo até Messines (talvez usando a Ecovia do Algarve, que faz, supostamente, parte também da Rede 1 da Eurovelo), nas calmas, pedalando, passeando, e pernoitando pelo caminho. Uma viagem que já fizémos, de carro, há 11 anos atrás!

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A segunda semana seria para ir para a praia, sendo que a ideia (muito optimista, reconheço), seria pedalar todos os dias para a praia e voltar (~60 Km ao todo). Tudo dependerá de quão quentes estejam os dias nessa altura, de como achemos as estradas (e trânsito) para percorrer de bicicleta, da nossa própria força de vontade, e das condições para prender as bicicletas em segurança enquanto estivermos no areal. 😉 Também há uma forte possibilidade de passarmos os dias em casa de papo para o ar a pôr a leitura e o sono em dia, só a repôr as energias depois da empreitada da primeira semana, ou irmos para a praia de carro, à boleia da família. 😛 Mas como a bicicleta não é uma religião, tudo bem!

Assim, ainda antes de estudarmos isto mais a sério e prepararmo-nos melhor, a matemática inicial é esta:

  • 300 Km Lisboa-Messines
  • 60 Km / dia
  • 5 dias
  • depois 5 x 60 Km = 300 Km no commuting para a praia ou para onde mais nos apetecer!

Será que conseguiremos manter-nos fiéis ao plano?… 😛

Viagens a Pedal

Este blog / sítio surge para arrumarmos as nossas coisas sob o tema “viagens de bicicleta” e “cicloturismo”. A bicicleta faz parte do nosso quotidiano porque a usamos como meio de transporte principal. Fazemo-lo por razões práticas e também político-filosóficas, mas principalmente e antes de tudo, por prazer – é um luxo podermos integrar no nosso dia-a-dia, subtilmente escondida na função “transporte”, uma actividade que nos dá gozo físico e mental. Por isso quando pensamos em férias, a bicicleta é das poucas coisas que não equacionamos desligar.

Depois de ajudarmos muita gente a equipar-se para pequenas e grandes viagens de bicicleta, ajudando a escolher, encomendando e montando, bicicletas, componentes e acessórios, decidimos que também temos direito. 🙂

Antes já fizémos algumas pequenas experiências de ir para fora de bicicleta, dormindo pelo menos uma noite fora*, Lisboa – Aveiro com o comboio a fazer a maior parte do caminho.

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E parte da Rota 6 da EuroVelo, a partir de Viena, numa excursão organizada.

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* se não incluir uma noite fora não consideramos, para este efeito agora, uma viagem, mas mais um dia de passeio, e desses houve muitos mais, claro

Antes do nosso regresso à bicicleta, fizémos algumas viagens por Portugal, à descoberta, mas de carro, estilo road trip. Isto já foi há 10 anos ou coisa que o valha, ainda estávamos na faculdade. Queremos voltar a viajar mais, mas agora não concebemos fazê-lo de um modo fisicamente tão passivo como o carro, tem que ser de bicicleta (e sempre que necessário ou vantajoso, conjugando com os transportes públicos).

Lançar este sítio e, principalmente, arranjar umas bicicletas mais vocacionadas para a função**, é também uma forma de nos auto-pressionarmos para nos fazermos à estrada mais frequentemente, afinal, temos que justificar o investimento! 😉 E, claro, um pretexto também para fazermos mais daquilo que nos trouxe aqui e que sempre nos deu tanto gozo: estudar e partilhar cenas a pedal!

** as nossas bicicletas do dia-a-dia (duas pedelec, uma “normal” e outra uma longtail) são ideais para isso: o dia-a-dia, e embora quem não tenha cão cace com gato (já as usámos para alguns passeios mais extensos, e em intermodalidade com o comboio, por exemplo), nunca é a mesma coisa – não há ferramentas ideais para toda e qualquer aplicação