Arquivo da Categoria: microaventuras

Wild Challenge Experience Plus

No ano passado tropecei online no Wild Challenge. Fiquei logo a pensar “isto deve ser fixe“.

Mas correr não é a minha cena, nunca foi, e não me imaginava a ser capaz de ultrapassar aqueles obstáculos todos, a minha força de braços não é exactamente brilhante. Mas pensei “quem sabe um dia“.

Quando anunciaram uma prova para Maio de 2018, em Coimbra, com um novo “escalão”, o Experience, para quem quisesse “molhar os pés” no conceito, pensei “‘bora lá”. O Bruno alinhou também, embora ainda menos convencido que eu. Tínhamos 5 meses para nos prepararmos fisicamente para a coisa. Vamos apertar com os workouts em casa, e se calhar até começamos a fazer umas corridinhas de vez em quando. Ahahahah, o tempo voou e não mudámos nada nas nossas rotinas. Mas as intenções eram fortes! 😀 Mas decidimos ir à mesma. Não queríamos saber, se fôssemos os últimos, os tipos mais podres, que fosse. 🙂 Íamos experimentar.

Os nossos objectivos eram claros: divertirmo-nos, experimentar algo que nos parecia fixe e ver como nos dávamos, vencer o medo do fracasso e do desconforto, tendo como princípio fundamental evitar lesões, um luxo a que não nos podemos dar.

wild challenge

Para fazer render a viagem a Coimbra, decidimos fazer daquilo uma ciclo-escapadinha e uma microaventura. Então, seguimos para Coimbra no sábado ao almoço, com a mui estimada boleia da CP – sabiam que os Intercidades agora têm as zonas de bagagem e de bicicletas reformuladas? Embora entrar nas carruagens não seja super fácil, pelo desnível e pela largura das portas, a zona de bagagem está mais ampla, e agora é fácil ter as bicicletas e os alforges e afins todos no mesmo sítio e mesmo atrás de nós, o que dá outro nível de segurança e conforto. Parabéns e um obrigada à CP!

Wild Challenge + Buracas do Casmilo

Dá jeito para ir fazendo festas ao cão!

Wild Challenge + Buracas do Casmilo

Chegados a Coimbra pedalámos até à praia fluvial de Palheiros e Zorro, em Torres do Mondego. Temos sempre uns stresses / atritos com a cena das rotas, mas lá atinámos com um plano e seguimos. Como é nosso apanágio, metemo-nos por uns atalhos que pareciam muito má ideia, como trilhos com lama, bastante inclinados, e aparentemente pouco usados, mas que pareciam ser os mais directos, quer pelo MAPS.ME quer pelo feedback de uma senhora da zona que interpelámos para confirmar.

Wild Challenge + Buracas do Casmilo

“Se esta merda não vai dar a lado nenhum vamos ter que subir de volta por aqui! Tens MESMO a certeza?”

Mas depois revelaram-se boas apostas, pois levaram-nos para caminhos na natureza, sempre mais bonitos e agradáveis do que circular nos ambientes urbanos típicos de Portugal (asfalto, carros e mais carros, betão e pouco verde, pouca natureza).

Wild Challenge + Buracas do Casmilo

Wild Challenge + Buracas do Casmilo

A paisagem era bonita, ao aproximarmo-nos da praia, e começámos a ver as estruturas da corrida ao longo da margem. Estávamos quase! Agora vem a preocupação de “onde iremos pernoitar?”. “Será que há um sítio fixe ali?” “Será que ninguém nos vai chatear por montarmos a tenda por aqui?”

Wild Challenge + Buracas do Casmilo

Atravessámos a ponte provisória, mas tivémos o discernimento de voltar a pôr a Mutthilda no cesto, pois se ela caísse ao rio ia concerteza por ali afora com a corrente que parecia forte!

Wild Challenge + Buracas do Casmilo

Chegados ao local, e antes de abancar, fomos dar uma volta e espreitar as imediações. Metemos conversa com outros campistas, e montámos a tenda ao pé do bar e do estaminé do Wild Challenge, pernoitando ali.

Wild Challenge + Buracas do Casmilo

Wild Challenge + Buracas do Casmilo

No dia seguinte, arrumámos tudo cedo. E fomos vendo os outros grupos a partir e a fazer os primeiros obstáculos.

Wild Challenge + Buracas do Casmilo

Wild Challenge + Buracas do Casmilo

E fomo-nos preparando mentalmente para o esforço de algo a que não estamos habituados a fazer (correr, antes de mais, mas todos os outros obstáculos), o desconforto de andar vestido e calçado dentro do rio (até foi pacífico, meus ricos duches diários de água fria, grande condicionamento!), e o natural medo de falhar, de nos magoarmos, e até do ridículo (mas meus ricos 30’s, tudo isto é hoje em dia tão mais pacífico).

Antes da nossa hora de partida arrumámos as bicicletas e a Mutthilda no cesto, e deixámos tudo ali, torcendo para que ninguém nos roubasse nada, nem levasse o cão. 😉

Wild Challenge + Buracas do Casmilo

Fizémos a corrida. Sobrevivemos. Gostámos. Fizémos (ou pelo menos tentámos) quase todos os obstáculos. Divertimo-nos.

Wild Challenge Experience

A única foto de prova!

Voltámos e estava tudo lá, bicicletas, equipamento, cão. Ufa. Depois do almoço e banho, tudo pronto para zarpar. Mais ou menos.

Wild Challenge + Buracas do Casmilo

“São 16h. Ainda queres ir pedalar agora 40 Km sabe-se lá por que estradas?”

Metemo-nos à estrada lá para as 16h e picos, para a parte mais complicada do dia (dado o esforço da corrida e o tempo que sobrava): pedalar 40 Km, com muita subida, descobrimos depois, até às Buracas do Casmilo, onde queríamos pernoitar.

Começou logo para sair da praia, mesmo a doer. 😛

Wild Challenge + Buracas do Casmilo

Mas as vistas iam compensando.

Wild Challenge + Buracas do Casmilo Wild Challenge + Buracas do Casmilo

Já sabemos que as subidas dão-nos as vistas, e as descidas. 🙂

Wild Challenge + Buracas do Casmilo

Encontrar um café ou uma mercearia é que foi uma missão difícil. Ao procurar, passámos por um clube desportivo típico, onde desporto há pouco. Este polidesportivo usado como parque automóvel é uma boa metáfora de Portugal.

Wild Challenge + Buracas do Casmilo

Quase a chegar a Condeixa-a-Nova, vimos no mapa e faltava meia-hora para a nossa última esperança de encontrar um sítio aberto ao domingo onde comprar comida.

Wild Challenge + Buracas do Casmilo

Corremos e chegámos a tempo de jantar pizza num Intermarché. Metemo-nos de volta à estrada com estômagos reconfortados, a temperatura estava fixe e, goddammit, nós haveríamos de dormir nas Buracas, mesmo que lá chegássemos às tantas.

E chegámos, quase à à meia-noite, como eu tinha previsto. 🙂 Um senhor que meteu conversa connosco à noite, aconselhou-nos a pernoitar ainda em Casmilo, ao pé do parque de merendas, pois as Buracas eram um local ermo, a 2 Km da povoação de Casmilo. Quando lá chegámos ainda considerámos essa ideia, mas não era por 2 Km. Pernoitar ali não tinha a mesma vibe que fazê-lo no vale mesmo. Seria a diferença entre acordar numa barraca no fim da rua e acordar numa tenda no meio da natureza. 😉

Avançámos pela estrada de terra batida, a descer. Chegámos lá e estava muito escuro e super silencioso. Não tínhamos rede de telemóvel (a cena do ermo…). Andámos com os frontais e às apalpadelas à procura de um local onde montar a tenda. Tivémos que “dobrar” as ervas numa zona, deram uma cama fofinha. Finalmente deitámo-nos para dormir, exaustos mas satisfeitos. E, depois de debelados alguns pensamentos negros tipo “e agora se um de nós se sente mal e precisamos de ajuda, como fazemos, sem telemóvel e a 2 Km da povoação mais próxima (e mesmo assim, minúscula)?…” Dormimos, e foi mais um dia em que celebrámos debelar catástrofes. 🙂

De manhã ouvimos um ou dois tractores a passar por nós, mas ninguém parou nem nada. O sol apareceu e a bicharada começou a dar sinal de vida, e o silêncio da noite deu lugar aos chilreares que esperávamos. Num domingo podíamos ter ali companhia, mas a uma segunda-feira, tínhamos as Buracas só para nós.

Wild Challenge + Buracas do Casmilo Wild Challenge + Buracas do Casmilo Wild Challenge + Buracas do Casmilo Wild Challenge + Buracas do Casmilo

Fomos dar uma volta e vê-las.

Wild Challenge + Buracas do Casmilo

Oiçam só:

Wild Challenge + Buracas do Casmilo

Queríamos tomar o pequeno almoço numa, e gozar a vista, a experiência, o momento.

Wild Challenge + Buracas do Casmilo

E ainda dizem mal das segundas-feiras. You’re just doing them wrong. 🙂

Wild Challenge + Buracas do Casmilo

Depois arrumámos o estaminé todo e pusémo-nos a caminho de Pombal, onde apanharíamos o comboio para Lisboa.

Wild Challenge + Buracas do Casmilo

Wild Challenge + Buracas do Casmilo

Bem, toda a parte de descer do Casmilo até chegarmos ao IC2 foi espectacular. Bonitas paisagens, pelo campo, sem carros, e piso praticamente todo asfaltado. E descidas gloriosas, claro. Adoro descidas gloriosas em bicicleta. É como voar mas sem perder contacto com a terra. 😀

Wild Challenge + Buracas do Casmilo

Pronto, a segurar a máquina fotográfica não consigo ir tão gloriosamente, mas dá para terem uma ideia.

Wild Challenge + Buracas do Casmilo Wild Challenge + Buracas do Casmilo

No IC2 apanhámos uma ciclovia a la Dinamarca.

Wild Challenge + Buracas do Casmilo

Ainda bem, porque pedalar ali teria sido uma porcaria dada a configuração da estrada e o nível e tipo de tráfego (muitos camiões).

Wild Challenge + Buracas do Casmilo

Em Pombal almoçámos no jardim. A estação de Pombal não é má, tem cafetaria e WC, mas principalmente, tem um jardim público logo ao lado, com um WC público incrível, limpo, com todos os consumíveis, até um duche tinha!

Wild Challenge + Buracas do Casmilo Wild Challenge + Buracas do Casmilo

Depois tivémos é que secar 1h à espera do comboio, que sofreu um atraso não sei porquê. Mas pacífico, todos os problemas da vida fossem esses! 😉

Os dois ou 3 dias antes de partirmos são sempre emocionalmente desconfortáveis. “Se calhar não devíamos estar a fazer isto agora, não devia gastar dinheiro agora, devia ficar a trabalhar, vamos meter-nos numa prova – quem pensamos que somos?, ainda nos lesionamos, e se não conseguimos fazer os 40 Km naquele dia, onde dormimos?”, and on, and on, and on. Mas felizmente, insistimos e vamos, e ficamos sempre felizes por isso. Lidar com as dúvidas, a self-doubt, as inseguranças, os receios, o medo de sair da zona de conforto, o risco!, é fundamental para crescermos, e para vivermos vidas cheias, plenas, satisfeitas. Foram pouco mais de 48h, mas mais uma vez o paradoxo das férias deixou-nos com a sensação de que estivémos fora uma semana, a fazer o que mais gostamos: viajar de bicicleta. 🙂

Todas as fotos aqui.

sleeping on top of a hill

Dormir no topo de um monte: double check!

“E que tal dormir no topo de um monte?” Foi esta a pergunta para Julho pensando no nosso “year of microadventure

No início de Julho regressámos à Herdade da Hera, em Manique do Intendente, na Azambuja, para nova S24O. Mas se da outra vez levámos tenda e acampámos a meio da encosta (e apanhámos uma ventania nesse dia), desta vez levámos os bivaques e fomos para o topo.

A noite estava calma, sem vento, e a temperatura estava óptima.

dormir no topo de um monte

Para mantermos um certo isolamento de criaturas rastejantes, dormimos com uma rede mosquiteira a “tapar” a abertura do bivaque. Funcionou muito bem, mesmo sem o truque de a combinar com um boné de pala.

A Mutthilda é o nosso despertador.

mutthilda

Tomar o pequeno-almoço “na cama”, e com esta vista, é um luxo. 🙂

tomar o pequeno almoço no topo de um monte

Para chegar aqui vindos de Lisboa apanhamos o comboio Regional (cerca de 1h de viagem), e depois pedalamos cerca de 1h30 para fazer os 15 Km de caminho. A paisagem é campestre e verde, e apanhamos pouco trânsito automóvel (pelo menos a um domingo!).

panorama na Herdade da Hera

Um sítio bike-friendly e dog-friendly, onde se pode acampar.

bicicletas e cães na Herdade da Hera

Da próxima vez procuraremos uma rota alternativa de regresso, e adicionamos isto depois ao leque de passeios da Escola de Bicicleta da Cenas a Pedal. 🙂

Fazer uma S24O, ou uma microaventura, não tem que ser nada complicado. Mesmo um programa simples é revigorante!

De Lisboa às praias da Arrábida de bicicleta (e não só)

Era para aproveitar os feriados todos e ser uma semana de férias a pedalar pelo Norte de Portugal, apanhando 2 ou 3 ecopistas e dando um salto ao Gerês. Mas os planos sofrem alterações, e acabámos por dispôr apenas de umas 48h distribuídas por 3 dias à volta de um feriado. Então resolvemos ir de Lisboa às praias da Arrábida de bicicleta (e não só), e no caminho testar a rota 14.1 das Ecovias de Portugal, do Montijo ao Pinhal Novo, para a fazermos no âmbito dos passeios da Escola de Bicicleta da Cenas a Pedal.

Saímos de Lisboa a uma 4ª-feira quente depois do almoço, para apanharmos o barco das 15h30 no Cais do Sodré para o Montijo.  Não fomos os únicos, e partilhámos o espaço das bicicletas com dois outros viajantes que viajavam também todos carregados, em duas Long Haul Truck da Surly. Eram 4 Surlys no barco, não é todos os dias. 😛

De Lisboa às praias da Arrábida de bicicleta

De Lisboa às praias da Arrábida de bicicleta

Pés em terra, e arrancámos. Rapidamente chegamos da estação fluvial à primeira povoação. O primeiro troço, no Montijo, não é especialmente interessante. Mas teve um ou outro ponto mais bonito.

De Lisboa às praias da Arrábida de bicicleta

De Lisboa às praias da Arrábida de bicicleta

Pequena praia fluvial algures no Montijo

De Lisboa às praias da Arrábida de bicicleta

Tive que ir espreitar estas ruínas, claro está

De Lisboa às praias da Arrábida de bicicleta

Dava um bom sítio para pernoitar em wild camping, para quem não tem medo de fantasmas 😛

De Lisboa às praias da Arrábida de bicicleta

Praia fluvial de Gaio-Rosário, já na Moita

A partir daqui, da praia fluvial de Gaio-Rosário, gostei mais da viagem, não sei bem porquê. A paisagem e o contexto, talvez, mas se calhar a própria luz e temperatura de fim de tarde ajudaram a dar outro feeling à coisa.

De Lisboa às praias da Arrábida de bicicleta

Chegámos ao parque de campismo de Pinhal Novo já tarde, pelas 21h15.

De Lisboa às praias da Arrábida de bicicleta

E quem é que lá estava, de campo montado e prontos para dormirem? Os nossos companheiros de barco.

De Lisboa às praias da Arrábida de bicicleta

Nós é que somos uns pastelões e demorámos eternidades (5 horas!) a fazer aqueles 35 Km. Nem sei como, a minha previsão eram 3h. Ai que agora a Mutthilda tem sede. Ai que deixa-me ver estas ruínas. Olha vamos parar aqui e comer qualquer coisa. Vou só fotografar umas cenas ali. Ai a Mutthilda tem que esticar as pernas. Temos que pôr protector solar. Ah, afinal era para ali. And so on. 😛 Antes da Mutthilda fazíamos 55 Km/dia, agora fazemos 30 ou 40 Km, está visto 😛

O parque era agradável, muito bem arborizado, tinha bom aspecto e as infraestruturas eram boas e logo ali ao lado da tenda. E à noite esteve perfeito, nem demasiado calor, nem frio.

No dia seguinte acordámos cedo e rumámos à estação de comboios de Pinhal Novo, onde apanhámos um comboio urbano (mas que usa as mesmas carruagens que os Regionais da linha do Norte) para Setúbal. Por falta de preparação, saímos na última estação, Praias do Sado A, um erro. Devíamos ter ficado na estação de Setúbal, assim tivémos que pedalar mais, e por sítios sem interesse. Como augurava o estado da estação

Mas lá nos pusémos a caminho. As subidas tinham duas recompensas: lindas paisagens, e descidas a seguir. 🙂

De Lisboa às praias da Arrábida de bicicleta

“É para ali que vamos!”

Só é pena a conspurcação que algumas pessoas fazem destes locais. É isto. E a falta de resposta das autoridades que gerem estes espaços em criar condições para que as pessoas possam usufruir dos mesmos mas sejam conduzidas a comportamentos mais cívicos.

A seguir parámos num vale onde parecia estar a decorrer um evento qualquer, tal era a quantidade de gente a preparar grandes almoçaradas. Era o Parque de Merendas da Comenda. Nós aproveitámos para descansar um pouco e comer qualquer coisa, sentados na nossa manta de piquenique.

De Lisboa às praias da Arrábida de bicicleta

De Lisboa às praias da Arrábida de bicicleta

Depois continuámos a pedalada. Queríamos ir para a praia, e já agora queríamos espreitar a praia dos Galapinhos, eleita a melhor praia da Europa em 2017, pelos internautas. Sabíamos que seria só espreitar, porque os acessos seriam incompatíveis com bicicletas (ainda mais carregadas, em modo touring).

Não fomos os únicos a ter esta ideia num feriado. Mas fomos dos poucos que o fizeram de bicicleta.

Os outros foram de carro, o que significa que passaram mais tempo a cozer dentro do carro do que na praia, e, por estacionarem ilegalmente, causaram a obstrução da única via de acesso àquelas praias, pondo pessoas, natureza e bens em risco em caso de emergência (é pensar em acidentes, emergências médicas, incêndios, etc).

De Lisboa às praias da Arrábida de bicicleta

Para a esquerda a vista era esta.

De Lisboa às praias da Arrábida de bicicleta

Em frente o cenário era este. Carros parados por todo o lado a entupir a circulação. Nós de bicicleta a tentar passar pelo meio deles, juntamente com as pessoas pé (que vêm desses mesmos carros…).

Tudo permitido ano após ano pelas autoridades (município de Setúbal, Estradas de Portugal, GNR,…), pelo que descobrimos ao falar com um GNR, e depois na net. Em centenas de carros, multar e bloquear duas ou três dezenas é irrelevante, embora se agradeça o esforço, claro. Mas são precisas medidas de prevenção. Enfim. Não vão para lá de carro. Peguem nas bicicletas, conjuguem com os transportes públicos, façam carpooling, só não façam estas figuras.

Bom, passámos a praia da Figueirinha e continuámos pois parecia demasiado cheia de carros. Acabámos por descer até à praia do Creiro, que também não conhecíamos. A descida era íngreme e longa, e torcemos para que fosse uma praia fixe onde pudéssemos passar o dia (e a noite).

De Lisboa às praias da Arrábida de bicicleta

Ao descer vimos um sinal que indicava 22% de inclinação. Já sabíamos o que nos esperava depois para sair!

Descemos, e antes de escolhermos um sítio para montar arraiais, percorremos a praia até à outra ponta, para fazer o reconhecimento da área assim por alto.

De Lisboa às praias da Arrábida de bicicleta

Vista do outro extremo da praia do Creiro

De Lisboa às praias da Arrábida de bicicleta

“Estive aqui!”

O problema do bike touring é que não dá para deixarmos a bicicleta amarrada algures e irmos à nossa vida, pois a bagagem está lá, e fácil de aceder e levar pelos amigos do alheio. Então, temos que a levar connosco para todo o lado. Como quem anda de carro gosta de fazer, embora aí seja simplesmente por preguiça.

Abancámos atrás da malta toda no areal, para não arrastar demasiado as bicicletas pela areia, e para termos espaço sem incomodar ninguém. E usámos a tarpa para tapar parcialmente as bicicletas e criar um toldo. Mas como não temos estacas (temos que comprar umas!), ficou baixinho, e dado o calor e a distância à água, íamos cozendo. 😛 Vá lá que foi menos mau pois usámos o meu Click-Stand como estaca, e foi funcionando mais ou menos, apesar do vento. Nada como cenas multifunções. 🙂

De Lisboa às praias da Arrábida de bicicleta

Só falta comprar umas estacas para a tarpa-como-toldo-de-sol funcionar melhor.

De Lisboa às praias da Arrábida de bicicleta

Click-Stand à direita a fazer de estaca. Mutthilda cheia de calor mas ainda assim a encostar-se ao paizinho querido, não fosse ele fugir.

E montar este estaminé alien à frente de toda a gente, na esplanada e no areal? E depois pormo-nos lá debaixo desta cena com ar meio hobo, com cão e tudo? Espectacular para gente tímida. 😛 Mas crescer/envelhecer traz muitas coisas boas, inclusivé a capacidade para zero fucks given.

Depois foi ficando mais fresquinho. Ficámos no areal até os dois restaurantes fecharem e a malta toda ter-se ido embora, para podermos sair de fininho para o nosso spot para pernoitar, wild camping style.

De Lisboa às praias da Arrábida de bicicleta

Durante o dia tínhamos andado a ver ali potenciais zonas para pernoitar e dirigimo-nos para lá. Na outra ponta da praia (à esquerda de quem acede à praia pela tal descida), mesmo junto ao areal, estavam mais pessoas a acampar, várias tendas, e grandes. Pelo que não estávamos sozinhos.

Nós fomos para uma zona onde vimos uma família a piquenicar à hora de almoço (um indicador de que poderia ser uma zona segura o suficiente (leia-se, não usada como casa-de-banho nas outras horas).

De Lisboa às praias da Arrábida de bicicleta

De Lisboa às praias da Arrábida de bicicleta

Ficámos mais “para fora” do que inicialmente planeado porque não conseguimos enfiar as espias no chão, que deve ter entulho (!) por baixo, pelas amostras de tijolo e afins que se viam no chão. Mas sem problema. Fizémos o jantar e o pouco fuel que tínhamos ainda deu, pelo que não foi desta que comemos as salsichas por cozinhar. E ainda deu para o cappucino no final – qualidade de vida! 🙂

Estávamos com medo de passar frio à noite, não tínhamos trazido roupa mais quente nem mantinha extra. No campismo em Pinhal Novo tivémos sorte e a temperatura estava perfeita. Mas aqui ao pé do mar e com vento… Mas a noite foi super quente, principalmente depois que o vento parou. Tive dificuldade em dormir. Acordava com calor. Só melhorou já quase de manhã.

Mas ninguém disse que as microaventuras são confortáveis. Se o fossem não eram aventuras. 

Os momentos de desconforto valem a pena, dão um sabor especial a cenas destas. Como acordarmos de manhãzinha e termos uma praia deserta à frente. 🙂

De Lisboa às praias da Arrábida de bicicleta
De Lisboa às praias da Arrábida de bicicleta

Como compensação pela noite de alojamento gratuito, apanhámos algum lixo antigo, de gente mais distraída que não reparou nos caixotes do lixo ali ao lado.

De Lisboa às praias da Arrábida de bicicleta

Depois do pequeno-almoço da praxe (muesli com banana e leite de soja) tomado com vista sobre a praia, e disco atirado n vezes, era hora de partir.

Tínhamos uma subida do caraças para vencer só para sair dali. Só pensava nos 22% de inclinação e já tinha pensado que a melhor estratégia seria levar primeiro dois alforges a pé, descer, e levar a bicicleta mais leve a seguir. Mas não foi preciso. Com tanta expectativa de uma subida “horrível” para fazer com a tralha às costas, aquilo foi quase peanuts. 😛 E a partir dali, todas as subidas que encontrámos foram psicologicamente muito mais fáceis.

De Lisboa às praias da Arrábida de bicicleta

Chegados cá acima, pedalámos um pouquito e rapidamente chegámos à zona da praia dos Galapinhos. A vista era esta:

De Lisboa às praias da Arrábida de bicicleta

A estrada ainda estava transitável.

O Bruno ficou cá em cima com as bicicletas, e eu fui com a Mutthilda procurar o acesso à praia e descer para espreitá-la, para uma incursão futura. Aquela zona está toda “furada” de caminhos que se cruzam e vão dar a esta praia e à dos Coelhos, ali ao lado. Os acessos são assim:

Ciclo-escapadinha à Arrábida  Ciclo-escapadinha à ArrábidaCiclo-escapadinha à ArrábidaCiclo-escapadinha à Arrábida

A praia dos Galapinhos: uma parte concessionada, outra não. Aproveitei para dar aqui uns mergulhos para refrescar.

Ciclo-escapadinha à ArrábidaCiclo-escapadinha à Arrábida

Depois continuei, a ver se ia dar à praia dos Coelhos. Subi por outros caminhos sinuosos e fui dar lá acima, donde avistei a praia.

De Lisboa às praias da Arrábida de bicicleta

Ficará para outra vez. Regressei, pois tinha o Bruno já a apanhar seca à minha espera. Pusémo-nos a caminho, com planos de parar na praia da Figueirinha, para conhecer, e para passar a manhã e almoçar. Chegámos lá e escolhemos a ponta Este, de forma a podermos deixar as bicicletas ali ao pé mas sem as levar para a areia, e poder ter a Mutthilda fora da zona concessionada,e ainda assim termos rápido acesso à água. Foi perfeito. E a água estava perfeita. Like, perfeita.

De Lisboa às praias da Arrábida de bicicleta

Apesar dos nossos esforços de persuasão com bolas e o camandro, não foi desta que a Mutthilda se “atirou” ao mar e nadou. É uma mariquinhas. 😛

 

 

De Lisboa às praias da Arrábida de bicicleta

Da série “sim, estivémos mesmo aqui”.


Depois de refrescados, D vitaminized, e almoçados, pusémo-nos a caminho da estação de comboios de Setúbal.

De Lisboa às praias da Arrábida de bicicleta
Estava uma brasa, e havia subidas. Ainda fizémos uma paragem para espreitar o parque de campismo do Outão, mas estava fechado, ainda em obras, e aproveitámos para fazer uma sesta ali ao pé, debaixo de uns pinheiros. Este parque era o nosso plano B ao wild camping. Estávamos bem lixados se nos tivéssemos posto a caminho dele na noite anterior…

Depois da power nap, continuámos até Setúbal, e só demos com a estação (sem recorrer ao Google Maps, com as indicações de um transeunte, porque não encontrámos uma única placa com direcções, era como se a estação não existisse. Inacreditável. Mas lá fomos dar, e correu tudo bem. Até apanhámos um revisor da CP muito simpático e conversador, e sensibilizado para a questão das bicicletas conjugadas com o comboio para turismo e transporte.

Desta vez seguimos de comboio directamente para o Barreiro, onde apanhámos depois o barco. Este tem só um espaço amplo, não tem “racks”.

De Lisboa às praias da Arrábida de bicicleta
Olá Lisboa, estamos de volta! Pareceu uma semana fora, mas foram só umas 48 horas. 🙂 Assim é o Paradoxo das Férias.

Ciclo-escapadinha à Arrábida

De Lisboa às praias da Arrábida de bicicleta (e não só) é, sem dúvida, para repetir e expandir. Mais fotos aqui.

Microaventura de Abril: uma S24O até ao Guincho

Não começámos mal o ano de microaventuras, fizémos uma espectacular em Janeiro, com o Gonçalo (mas sem a Mutthilda) mas depois em Fevereiro e Março não conseguimos, os planos saíram furados por várias razões. Mas em Abril retomámos o comboio. 🙂

No domingo 24, véspera de feriado, saímos de casa, em Lisboa, pelas 20h30, para apanhar o comboio para Cascais. Lá, pedalámos cerca de 8 Km até à praia do Guincho. Tivémos muita sorte, estava uma temperatura amena e quase vento nenhum.

1-Captura de ecrã total 25042016 235936

Andámos ali às voltas à procura de acessos para as bicicletas e a sondar o espaço para ver se encontrávamos um sítio simpático, seguro, adequado, sem chatear ninguém e onde ninguém nos chateasse, para pernoitarmos, bivaque style.

Não conhecíamos aquela praia, não sabíamos até onde chegava a maré, que movida nocturna haveria, etc, e depois de tudo considerado, estendemos os bivaques e afins na areia que cobria parte do deck de um barzinho de praia que se encontrava fechado.

1-dscn8667

Foi a nossa primeira microaventura sozinhos e num local relativamente perto da “civilização” e estávamos um bocado receosos de termos encontros imediatos com visitantes indesejados durante a noite. Mas correu tudo bem, não nos cruzámos com vivalma. 😛

Para quem vive em Lisboa é uma microaventura fácil e barata. E para nós foi a primeira vez que pernoitámos numa praia.

1-dscn8696

Não dormi nada. 🙂

1-dscn8727

Penso que foi um misto de factores, era só a 2ª vez que pernoitava na rua sem ser dentro de uma tenda (levámos os bivaques), estava meio com receio de haver gente a passar por ali durante a noite ou de manhã, e ainda não tinha atinado com a pressão de ar ideal para o colchão.

Mas faz parte da aventura (se for tudo muito fácil e confortável não é aventura!). E a experiência de “acordar” na praia deserta às 6 da manhã compensou tudo. 🙂

Microaventura Abril 2016 | S24O @ praia do Guincho

Tomámos o pequeno-almoço.

1-dscn8747

E houve sessões de frisbee com a Mutthilda. 🙂

1-dscn8705

Depois arrumámos as coisas, levando todo o lixo connosco, claro, e voltámos para Lisboa, com um desvio por Porto Salvo para almoçar com a família. Um bom uso de um feriado! 🙂

Microaventura na Ecopista do Dão

São cerca de 3 horas de viagem de comboio entre as estações de Santa Apolónia, em Lisboa, e Santa Comba Dão, no Vimieiro, no Intercidades. Óptimo para pôr coisas em dia: leitura, pensar na vida, conversas. E assim nos pomos no Km 47.5 da famosa ecopista do Dão.

A última vez que lá estivémos foi em 2008, no  I Fórum Técnico Regional sobre Ecopistas e Corredores Verdes, e nessa ocasião percorremos os (apenas) 8 Km que já existiam na altura, a partir de Viseu. Entretanto a ecopista cresceu, estendendo-se por Tondela e Santa Comba Dão – a cor do piso marca o concelho.

O que é uma ecopista?

É um antigo canal ferroviário transformado numa via exclusiva para peões e velocípedes com um número muito reduzido de cruzamentos com vias com trânsito automóvel. Foi uma forma de a REFER manter os canais desimpedidos, dificultando a apropriação indevida de espaços pelos proprietários dos terrenos adjacentes às linhas, e ao mesmo tempo as freguesias e municípios conseguiram uma nova infraestrutura de mobilidade, lazer, desporto e turismo.

Uma ecopista é a 2ª melhor coisa que se pode ter nestes canais. Infelizmente a 1ª coisa – linhas de comboio funcionais – foram morrendo e/ou sendo dizimadas por décadas de planeamento de território baseado em mobilidade automóvel e autoestradas… Haverão em Portugal cerca de 700 Km de vias ferroviárias desactivadas passíveis de serem convertidas em ecopistas.

O que tem de especial a ecopista do Dão?

Hoje em dia já há uma série de ecopistas pelo país (este site faz um excelente trabalho a compilar estas e outras infraestruturas do género). Mau sinal (de que estão a matar a mobilidade em comboio), por um lado, mas bom sinal (de que estão a criar algo positivo a partir daí), por outro.

Considerando a distância de Lisboa, e o peso da deslocação em qualquer plano de touring em ecopistas (em termos de despesas de transporte e de gasto de tempo), a ecopista do Dão oferece 4 coisas muito diferenciadoras:

  • é directamente acessível de comboio (e a ligação é directa, sem transbordos)
  • tem uma extensão que já enche um dia ou dois de passeio (47.5 Km, ou o dobro se fizermos ida & volta)
  • o piso é todo em betuminoso
  • and last but not least, as paisagens envolventes são lindíssimas, nomeadamente nos troços de Tondela e Santa Comba Dão

Além de alguma necessidade de manutenção do pavimento, a única coisa de monta a apontar é mesmo a ligação entre a plataforma da estação de Santa Comba Dão e o início da ecopista.

Um degrau, uma descida inclinada em terra e pedras soltas… Parece uma anedota, tal a dissonância que gera com o resto:

GOPR0173

GOPR0174

De resto, claro que há espaço para melhorar, nomeadamente em termos de sinaléctica e informação para convidar os visitantes a saírem da ecopista em algumas zonas e explorarem as localidades próximas. Sem info não nos arriscamos, não sabemos se vale a pena. Há uns totens mas nem sei se funcionam, parece degradados. Bastavam uns sinais old school, umas placas (“cena-interessante-xpto a 500 mts”, “acesso à ecopista a tantos m, no final da plataforma da estação”, etc).

Levar as bicicletas no comboio

A linha de Intercidades da Beira Alta não permite o transporte de bicicleta sem ser desmontada e embalada, mas cada uma das 3 carruagens de 2ª classe que as composições costumam ter, acomoda 2-3 bicicletas convencionais apenas ligeiramente desmontadas (roda da frente e pedais removidos, e guiador virado), arrumadas ao alto. Assim:

O transporte das bicicletas, desde que cumpridas as regras, é permitido e gratuito. Esta linha, tal como a do Algarve, não está equipada com suportes para transportar as bicicletas – montadas – na vertical, num espaço próprio, por isso temos que fazer isto:

Manga plástica (seria melhor se fosse preta / opaca, mas não havia), fita cola, e umas Rok-Straps.

Obviamente que é muito menos stressante se conseguirmos entrar na estação de partida (temos muito tempo para nos deslocarmos para a nossa carruagem e confirmar onde temos espaço para arrumar as bicicletas).

Um bilhete de ida e volta em 2ª classe, comprado com antecedência pode ficar em apenas 18 €. A carruagem mais vazia e com menos tráfego é a 23, a última/primeira. A carruagem 21 é a que pega com a carruagem-bar. Desde que não deixemos coisas de valor fáceis de levar nos bancos, dá para nos afastarmos para ir tomar um café. 🙂

EDIT de 7/4/2017 | dica do João Barreto, para contornar o Intercidades Lisboa – Santa Comba Dão sem ganchos paraas bicicletas: apanhar o Intercidades Lisboa – Coimbra (com ganchos) e depois o Regional Coimbra – Santa Comba Dão (não é preciso desmontar a bicicleta, não é possível reservar lugar mas não costuma ter muita gente de qualquer modo). O tempo de viagem e o preço fica ela por ela.

As paisagens

De Santa Comba Dão para Viseu a ecopista é essencialmente a subir. O gradiente é ligeiro, mas constante, e ao fim de quase 50 Km pesa bem nas pernas! Soube muito bem fazer depois o caminho inverso a descer. 🙂

As fotos não fazem justiça. Têm que lá ir!

A microaventura

Juntando o útil ao agradável, juntámos ao passeio pela ecopista uma dormida em wild camping, para cobrir a nossa microaventura de Outubro. Já sol posto, quase totalmente escuro, metemo-nos por um caminho a partir da ecopista e montámos o estaminé no meio dos eucaliptos para pernoitarmos, sabendo que iria chover (daí o uso da tarpa por cima da tenda e das bicicletas).

pernoita no eucaliptal

pernoita no eucaliptal

Correu tudo lindamente. E, claro, deixámos o espaço como o encontrámos: limpo e preservado!


Adorámos a ecopista do Dão nestes tons outonais! E tivémos a sorte de a conseguir ‘absorver’ com sol e com chuva, com calor e com “fresquinho”! Foi uma experiência verdadeiramente maravilhosa. 🙂

Microaventura Out '16 | Ecopista do Dão

O tempo não é ilimitado, não fiques em casa

Pensar na nossa vida em número de anos não nos diz muita coisa. É mais útil, e esclarecedor, pensar em número de Verões, ou Invernos, em número de dias por passar com quem amamos, em número de concertos das nossas bandas favoritas, em número de edições dos eventos de que mais gostamos, etc.

E depois, perceber que o tempo é limitado, e que temos que o fazer contar. Com uma S24O aqui e ali, por exemplo. 🙂

Primeira S24O!

O Pedro (Velocorvo), convidou-nos para um S24O a meio de Abril e nós aceitámos prontamente! Para nós foi a primeira experiência neste formato, e a primeira vez a fazer campismo selvagem, mas o Pedro é um habituée e levou-nos para um seu local de eleição, no meio de umas rochas na serra de Sintra.

DSCN5368

Para nós não é fácil conjugar coisas destas com outras pessoas dado que o nosso fim-de-semana (2ª e 3ª) não coincide com o fim-de-semana normal da maior parte das pessoas (sábado e domingo). Mas desta vez deu para juntarmos 6 pessoas, com o plano de sairmos de Lisboa a meio da tarde de Domingo (o que permite conjugar a volta com o nosso trabalho de manhã na escola), e regressarmos a Lisboa ao final da manhã de 2ª-feira.

Para isso foi fundamental a co-modalidade com o comboio, que apanhámos para lá e para cá.

DSCN5396

Apanhámos o comboio em Campolide, outros no Rossio, outros em Benfica, e saímos na última estação, em Sintra. Depois de todos juntos, arrancámos, pois tínhamos uma serra para subir.

DSCN5391

Chegámos ainda com tempo de montar o estaminé com luz do dia. Ficou apertado, mas coubémos todos.

DSCN5339 DSCN5337 DSCN5338

A Mutthilda foi connosco, claro. E o A. levou o gira-discos, o que deu um toque especial à experiência. 🙂

DSCN5335

Antes e depois do jantar subimos à rocha para apreciar a vista. O pôr-do-sol primeiro, e as estrelas depois.

DSCN5349

O jantar incluiu massa instantânea, cogumelos, queijo, paté, folhados caseiros, chá, etc. Comida não faltou.

DSCN5371

Depois de uma noite com um momento de emoção em que a S. se afastou para atender a uma chamada da natureza, caiu e se desnorteou momentaneamente para encontrar o caminho de volta sozinha, começando a gritar por ajuda, acordámos frescos. Tomar o pequeno-almoço na serra, na manhã seguinte, foi também muito bom.

DSCN5378

Depois de voltarmos a arrumar tudo, lá saímos da “caverna” a meio da manhã, para regressar à civilização.

DSCN5382

A parte mais positiva dessa perspectiva é que o que sobe (no dia anterior) tem que descer. 🙂

Mas o melhor é verem o vídeo. 🙂

Este é mesmo um belo formato de escapadinha. Gostámos muito e é para repetir!

O que é uma S24O?

S24O [lê-se ésse-tu-fór-ou], é uma abreviatura para “Sub-24hour-Overnight“, um tipo de campismo de bicicleta promovido por Grant Petersen da Rivendell Bicycle Works como uma forma fácil de passar mais tempo lá fora numa bicicleta. Ao contrário do touring convencional, a s24o incentiva a fazer viagens curtas (sub-24horas) de campismo. A lógica é que se for curta e descomplicada, é mais fácil de organizar e mais fácil de fazer acontecer. Só se leva a bicicleta e o equipamento necessário.

Fonte: Wikipedia

O aspecto de uma s24o é isto.

s24o

Fonte: Rivendell Bicycle Works

Uma s24o ocupa menos de 24 horas, o que significa que dá perfeitamente para sair ao fim da tarde de sábado e estar de volta a tempo do almoço de domingo, ou seja, dá-nos tempo para tratarmos dos nossos afazeres domésticos e dos nossos compromissos familiares de fim-de-semana, e ainda assim encaixar uma microaventura de bicicleta, pedalar e passar algum tempo num ambiente natural. A Laura e o Russ explicam com um exemplo:

A outra grande vantagem é que, como é uma coisa de um dia para o outro, o equipamento e mantimentos necessários são reduzidos ao mínimo, ou seja, vamos mais leves, e não temos que perder muito tempo em preparações, nem preocuparmo-nos por não termos todo o equipamento ou o equipamento “certo” – é só um dia, desenrascarmo-nos-emos, amanhã de manhã estaremos de volta a casa. Para quem tem crianças pequenas, isto torna também mais fácil levá-las!

Finalmente, estas s24o permitem-nos ir fazendo testes simples e fáceis: testar a bicicleta, testar a tenda, o fogão, a arrumação, a roupa que usamos, o planeamento das rotas, a experiência em si e nós próprios! Ou seja, vamos facilmente afinando preferências e optimizando processos, tornando mais fácil metermo-nos em viagens maiores, ou mesmo grandes viagens.

As s24o, assim promovidas desde 2005 por Grant Petersen, acabam por ser também um sub-conjunto das microaventuras promovidas pelo Alastair Humphreys desde 2011.

Digam lá, não acham que também merecem um pouco disto? 😉

Ofensiva Primaveril de Microaventura

Problema:
Demasiado ocupado com o trabalho; amigos dispersos e longe?
Sem tempo para desfrutarem juntos?

Solução:
Encontrarem-se num monte.

 

É impossível não querer fazer o mesmo, não é? 🙂

Sim, este exemplo nem envolve bicicleta, mas pode (embora não seja esse o detalhe mais importante). Acho-o apelativo pela experiência em si mesma, mas também porque é um pequeno “degrau” na incursão em outras aventuras, nomeadamente em bicicleta, claro. Foi o primeiro exemplo de que falei, quando partilhei este fantástico projecto do Alastair Humphreys, e parece-me dos mais simples, mas giros à mesma. 🙂

969520_140282852829939_701005815_n

Alguém tem sugestões de sítios destes, perto de Lisboa, bons para bivacar? 🙂

Microaventuras

Aventura é apenas um estado de alma.

Acredito que aventura é esticares-te a ti próprio: mentalmente, fisicamente ou culturalmente. É sobre fazer o que normalmente não fazes, puxares a sério por ti e fazê-lo até ao melhor das tuas capacidades.

Se isto é verdade então aventura está à nossa volta, a todo o momento. Aventura é acessível a pessoas normais, em sítios normais, em curtos segmentos de tempo e sem ter que gastar muito dinheiro.

Aventura é apenas um estado de alma.

É por isso que inventei a ideia de microaventuras. Expedições e desafios simples que são próximos de casa, baratos e fáceis de organizar. Ideias desenhadas para encorajar pessoas comuns para Sair Lá para Fora e Fazer Cenas por elas próprias, mesmo nestes tempos de aperto financeiro. 

[…]

Podem ser pequenas mas as microaventuras podem ainda assim ser desafiantes e compensadoras. Cada uma é desenhada para inspirar outros a definir os seus próprios desafios, desafios que podem ser curtos mas que captam o espírito de aventura.

Este é o objectivo das minhas microaventuras.

Alastair Humphreys

Microadventure calendar

Para nós Janeiro já não deu, vamos ver se conseguimos arrancar com isto de 1 microaventura por mês em Fevereiro. 🙂

Uma que parece bastante fácil, e simples, é esta: apanhar um comboio para fora da cidade, subir um monte e passar lá a noite. Regressar na manhã seguinte.

Microadventure 3: Sleep on a Hill from Alastair Humphreys on Vimeo.

A energia de activação disto é alta, o próprio Alastair refere isso. Pelo que conseguir vencer a inércia, os medos, os preconceitos, e ir a 1ª vez é o passo mais importante e mais difícil, a partir daí a coisa rolará melhor, e é importante é manter o ritmo!

Porque um pouco de aventura boa só faz é bem! 🙂 Vamos *escolher* alocar tempo para ela.