A nossa mui aguardada primeira viagem de 2015, yeaaah!
Éramos 4 adultos, 3 crianças dos 6 aos 9 anos, e 1 cão. Pedalámos até ao Meco no primeiro dia, acampámos, fomos a pé até à praia no segundo dia, e pedalámos de regresso a Lisboa ao terceiro dia.
O H. e o R. estavam em pulgas! A sua primeira viagem de bicicleta com campismo, e ainda por cima a Mutthilda também ia! 😀
O tempo estava fan-tás-ti-co. Tudo correu maravilhosamente bem. Foi mesmo muito fixe, e só queremos é fazer mais disto. 🙂
Este post faz parte de uma série: Lisboa-Messines-2013! As fotos estão aqui.
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DIA I, 19 de Agosto, 2ª-feira
Lisboa –> Praia da Galé (Melides)
Cerca de 45 Km de pedaladas (+ barco + comboio + ferry!)
Partimos tarde, depois do almoço, ai, largar o trabalho é muito complicado!… E ainda tivémos que parar para uma compra vital de última hora: garrafas de água! Toda a gente nos alertava para a grande necessidade de levar MUITA água. Nunca a esgotámos, e levámos 2.5 L em 5 bidões, entre os dois. Queríamos levar umas Kleen Kanteen mas não vinham a tempo, assim lá nos resignámos com o plástico, mau para a saúde mas melhor para a carteira (“always look on the bright side of life“!).
Porto Côvo
Pedalámos do Largo do Rato até à estação fluvial do Terreiro do Paço, onde apanhámos um barco para o Barreiro. Foi tudo fácil em termos de acessibilidade com as bicicletas, mas a sinalética da estação não era muito clara.
Chegados ao Barreiro, o interface estava bem feito com a estação de comboios, era logo ali, e até tinha rampas! 🙂
Estava um dia mesmo muito muito quente, e cozemos um bocado dentro do comboio até Setúbal. :-S O acesso ao comboio era fácil, e a arrumação das biclas foi esta:
Em Setúbal pedalámos mais um pouco, às apalpadelas, até à estação para apanhar o ferry para Tróia. Apanhámos o início de uma ciclovia para doidos (ou incautos…) (possivelmente destas), que ignorámos, mas o ferry era logo ali, de qualquer modo.
Foi uma viagem agradável no ferry, com o sol de fim de tarde.
Água! 🙂
Chegados a Tróia começámos a pedalar logo rumo à Praia da Galé. Dado que já era tarde (umas 19h), optámos por deixar a zona de Tróia (e o caminho de Lisboa, ou de algures da margem Sul, até lá) para explorar num futuro S24P ou S36P.
Começámos logo com 41 Km a pedalar, tudo seguido, entre as 19h30 e as 22h15, mais ou menos, para abrir a pestana. 😛
A N261 consiste numa faixa de rodagem com duas vias, uma em cada sentido, sem berma, e naquele dia e horário tinha um trânsito significativo, e os carros circulavam a grande velocidade (a coisa só acalmou depois da bifurcação, em que provavelmente seguia toda a gente para a N261-1, enquanto nós seguimos para a direita).
Começámos logo no início da N261 a praticar a técnica de “control & release” (traduzido para português dará algo como “controlar & libertar”) para podermos circular em segurança e com o mínimo de conforto. Ao longo das duas semanas seguintes notei que isto parece funcionar especialmente bem à noite.
O que é “control & release”?
Podem saber mais aqui. Eu (Ana) ia atrás e posicionada no centro da via, o Bruno ia logo à frente desviado um pouco mais para a direita (assim éramos ambos visíveis por quem se aproximava por trás). Eu ia a controlar o tráfego atrás pelo espelho retrovisor, e ia comunicando (com a posição na via e, por vezes, com a mão esquerda – “páre/espere” e “pode ultrapassar”) à medida das necessidades. Há sempre imbecis que não respeitam o sinal de espere, ou que passam desnecessariamente perto, mas o mais comum é passarem depressa demais, mesmo quando usam totalmente a outra via (que será a lei a partir de Novembro), mas foi pacífico.
Eu ia atrás (e não o Bruno) para tirar partido da teoria da compensação do risco (quem já fez o nosso curso sabe do que estou a falar), e a par do “control & release” às vezes usava um pouco de “ziguezaguear consciente/deliberado” para enfatizar a coisa. Estas duas técnicas foram extensivamente usadas ao longo de toda a viagem (o ziguezaguear bastante menos, pois por vezes pode ter o efeito oposto ao desejado).
Estávamos confiantes a conduzir à noite graças a essa técnica e ao facto de estarmos muito bem sinalizados. As nossas luzes dianteiras e traseiras (alimentadas a dínamo de cubo) são melhores do que as de muitas motoretas!, e os alforges Ortlieb têm uns grandes e eficientes reflectores atrás e à frente (e tínhamos dois alforges atrás e outros dois à frente!), e os reflectores nos pedais também funcionam muito bem. Para terminar, os pneus têm reflectores laterais integrados, e as bolsas dianteiras também tinham detalhes reflectores.
As nossas luzes dianteiras, além de nos sinalizarem muito bem, iluminavam bem o piso, mesmo numa noite escura sem lua e sem candeeiros na rua, pelo que íamos em segurança a uma boa velocidade.
Começámos logo a atacar o nosso stock de frutos secos, para evitar o bonking(hipoglicémia). Os frutos secos (3 frascos de um mix de nozes, passas e sementes várias), eram o nosso stock de emergência (não se estragam com o calor da viagem, e são nutritivos e cheios de calorias). Mas na verdade devíamos ter comido coisas de rápida absorção de energia (os frutos secos são de degradação lenta).
Pagámos caro o termos optado por comprar um repelente de mosquitos “mais tarde”. Sempre que parávamos para beber água (estava uma noite quente!), comer, ou ver o mapa, as melgas atacam sem dó nem piedade. Big mistake!
Pedalar à noite é espectacular e nós adoramos, mas chegámos ao parque de campismo exaustos! Porque foram 41 Km seguidos a pedalar com as biclas carregadas, depois de um dia longo, de uma semana longa, de um mês longo (é inevitável trabalhar mais mesmo antes de irmos de férias!), e porque infelizmente não temos oportunidade de pedalar muito na nossa vida quotidiana a ponto de isso servir de “treino” para esta viagem. :-/
Entretanto, depois de deixado um documento e recebidos uns cartões temporários (a recepção já estava fechada quando chegámos ao parque, passava das 22h), montámos a tenda e fizémos o jantar, meio às escuras.
Tínhamos hesitado em levar uma mesinha dobrável que tinha comprado (parecia supérflua, dado o preço de a transportar em termos de peso e volume), até pensei em ir trocá-la, mas foi bem jeitosa em todos os acampamentos! 🙂
DIA II, 20 de Agosto, 3ª-feira
@Praia da Galé (Melides)
Zero pedaladas.
Como estávamos cansados do 1º dia, e gostámos do parque de campismo, resolvemos ficar mais uma noite, e então, depois de ficarmos na ronha à sombra da tarpa a seguir ao almoço, fomos à praia ao fim da tarde. 🙂
Foi o nosso sítio preferido, a praia estava em estado bruto, e o parque bem integrado na natureza, no pinhal. Ficámos com pena de não termos podido escolher melhor o sítio (chegámos de noite já tarde e cansados e não andámos a explorar o parque antes de escolher o local para montar a tenda), mais junto à praia havia uns sítios calminhos e integrados no meio da natureza, e longe do karaoke nocturno. 😛
Soube mesmo bem o primeiro mergulho do ano, sentir os pés na areia, as ondas a bater nas pernas, o sol a aquecer a pele, e o sossego, nada de carros, de betão, de rebuliço, deixar os stresses quotidianos enterrados algures. Tão perfeito que nem tirámos fotografias. 🙂
CONCLUSÕES para a posteridade:
o parque de campismo e a praia da Galé são para repetir 🙂
não sair de casa sem repelente de insectos à mão na bolsinha dianteira
não sair de casa sem umas barras energéticas ou algo similar para um boost de energia rápido, sempre de reserva
confirmar por telefone, se possível, previamente as horas de check-in do sítio onde vamos ficar, para sabermos com o que podemos contar e não ficarmos stressados a pensar “ai que ainda temos que acampar à porta do parque!”
sair cedo de casa!
não gastar dinheiro em mapas para quem anda de automóvel, não têm o detalhe suficiente para quem anda de bicla!
não montar a tenda no primeiro sítio decente que encontramos, perder um pouco de tempo a conhecer melhor o parque. Coisas a ponderar: de dia ficamos à sombra? de noite ficamos com luzes incomodativas a incidir sobre nós? ficamos num local de passagem ou num sítio mais calmo e qual preferimos? passam carros ali (levantando poeira e fazendo ruído)? estamos ao pé de sítios de encontro ou actividades que possam incomodar à noite ou de manhã? estamos perto o suficiente dos balneários e de pontos de água? temos sítio bom onde prender a corda da roupa e uma tarpa? o chão é nivelado para não escorregarmos a dormir? temos onde amarrar as biclas junto à tenda?
Ora bem, isto de ir de férias dá tanto trabalho que uma pessoa precisa de férias antes das férias. 😛 Para não variar, o tempo escapuliu-se e o planeamento não foi tão atempado como gostaríamos, mas, c’est la vie. Ora aqui está o game plan por alto. A ideia é chegar a casa no dia 6 ou 7 da viagem, consoante o rumo e o ritmo que os pontos de interesse que encontremos, a nossa energia, etc, etc, nos levem a tomar. Então é assim, por alto…:
Como referi anteriormente, esta viagem pretende levar-nos até S.B. de Messines, pela costa alentejana e depois pela algarvia. Por isso comecei a pesquisar testemunhos de outras pessoas que tivessem feito mais ou menos o mesmo, para retirar dicas úteis para preparar a viagem.
Numa relativamente curta e simples sessão de Googlismo agora encontrei os seguintes relatos de viagens similares:
Alguém conhece outros? E que queira partilhar aqui? 🙂
As dicas que queremos apanhar estão relacionadas com a escolha de rotas, sítios onde ficar, coisas para ver, cuidados a ter, problemas encontrados e respectivas soluções arranjadas, etc.
Depois há outros recursos de rotas conhecidas que queremos estudar, mas que acho que não servirão para nós, que vamos de bicicleta e não a pé*, e que não vamos de BTT:
* eu gosto muito de andar a pé e agrada-me a ideia de sair por aí a pé, mas o facto de ter escoliose e tendência para má circulação e pernas pesadas faz com que a bicicleta me ofereça uma alternativa muito melhor: permite-me exercitar as pernas (necessário para activar a circulação), mas sem estas terem que suportar todo o peso do meu corpo, e ainda carrega toda a bagagem, em vez de ter que a acartar eu às costas. Além disso, ando a 18 Km/h com o mesmo dispêndio de energia de andar a pé a 4.5 Km/h, o que é útil quando se tem 300 Km para percorrer e o tempo contado. 😉
E depois há a Ecovia do Algarve, pensada também para bicicletas, embora a reputação não seja a melhor (falta de sinaléctica e conectividade).
Tudo começa por escolher o destino e a rota da viagem.
No nosso caso, dado que toda a minha família do lado materno é do Algarve (o que significa matar saudades, e também cama e mesa garantidas), e que um novo membro da família é esperado vir ao mundo dentro de 2 ou 3 semanas, rumar a Sul foi a decisão óbvia. Além de que a paisagem, o ar do mar, etc, são o pano de fundo ideal para uma viagem no pico do Verão.
A ideia é, pela primeira vez em não sei quantos anos, conseguir tirar 2 semaninhas de férias efectivas, e usar a primeira para percorrer a costa de Lisboa ao Algarve e depois de Sagres ou Vila do Bispo até Messines (talvez usando a Ecovia do Algarve, que faz, supostamente, parte também da Rede 1 da Eurovelo), nas calmas, pedalando, passeando, e pernoitando pelo caminho. Uma viagem que já fizémos, de carro, há 11 anos atrás!
A segunda semana seria para ir para a praia, sendo que a ideia (muito optimista, reconheço), seria pedalar todos os dias para a praia e voltar (~60 Km ao todo). Tudo dependerá de quão quentes estejam os dias nessa altura, de como achemos as estradas (e trânsito) para percorrer de bicicleta, da nossa própria força de vontade, e das condições para prender as bicicletas em segurança enquanto estivermos no areal. 😉 Também há uma forte possibilidade de passarmos os dias em casa de papo para o ar a pôr a leitura e o sono em dia, só a repôr as energias depois da empreitada da primeira semana, ou irmos para a praia de carro, à boleia da família. 😛 Mas como a bicicleta não é uma religião, tudo bem!
Assim, ainda antes de estudarmos isto mais a sério e prepararmo-nos melhor, a matemática inicial é esta:
300 Km Lisboa-Messines
60 Km / dia
5 dias
depois 5 x 60 Km = 300 Km no commuting para a praia ou para onde mais nos apetecer!
Será que conseguiremos manter-nos fiéis ao plano?… 😛