Como referi anteriormente, esta viagem pretende levar-nos até S.B. de Messines, pela costa alentejana e depois pela algarvia. Por isso comecei a pesquisar testemunhos de outras pessoas que tivessem feito mais ou menos o mesmo, para retirar dicas úteis para preparar a viagem.
Numa relativamente curta e simples sessão de Googlismo agora encontrei os seguintes relatos de viagens similares:
Alguém conhece outros? E que queira partilhar aqui? 🙂
As dicas que queremos apanhar estão relacionadas com a escolha de rotas, sítios onde ficar, coisas para ver, cuidados a ter, problemas encontrados e respectivas soluções arranjadas, etc.
Depois há outros recursos de rotas conhecidas que queremos estudar, mas que acho que não servirão para nós, que vamos de bicicleta e não a pé*, e que não vamos de BTT:
* eu gosto muito de andar a pé e agrada-me a ideia de sair por aí a pé, mas o facto de ter escoliose e tendência para má circulação e pernas pesadas faz com que a bicicleta me ofereça uma alternativa muito melhor: permite-me exercitar as pernas (necessário para activar a circulação), mas sem estas terem que suportar todo o peso do meu corpo, e ainda carrega toda a bagagem, em vez de ter que a acartar eu às costas. Além disso, ando a 18 Km/h com o mesmo dispêndio de energia de andar a pé a 4.5 Km/h, o que é útil quando se tem 300 Km para percorrer e o tempo contado. 😉
E depois há a Ecovia do Algarve, pensada também para bicicletas, embora a reputação não seja a melhor (falta de sinaléctica e conectividade).
São ambas pedelec (bicicletas com assistência eléctrica), uma longtail Surly Big Dummy e uma Kalkhoff citadina, ideais para as nossas necessidades pessoais e profissionais de mobilidade e transporte quotidiano em Lisboa. Fazemos tudo com elas, raramente precisamos de recorrer a outro meio de transporte. Quando vamos passear, também é com elas. E portam-se muito bem. Mas para viajar, em autonomia (ou seja, carregados), fazer muitos quilómetros, horas seguidas em cima da bicicleta, e eventualmente andar a caminhar com elas ao lado por estradas de areia, como se prevê, e transportá-las em comboios e autocarros, possivelmente semi-desmontadas, pensámos que fazia sentido investir em duas bicicletas mais adaptadas para o efeito, a nível de geometria, posição de condução, e especificações.
Serão basicamente iguais à da foto, mas com o quadro em preto, e uma roda dianteira diferente, construída à volta de um cubo com dínamo. E alguns outros extras encomendados logo de origem.
Num cenário ideal teríamos mandado vir os quadros e depois escolhido e montado os componentes a la carte. Mas isso exigiria mais tempo do que aquele que temos disponível agora (para escolher, mandar vir, e montar), e a conta ficaria mais alta, provavelmente, o que não seria viável agora. Além disso, dado que profissionalmente lidamos com a marca, pareceu-nos mais interessante experimentarmos em primeira mão a configuração da bicicleta de origem, e só mais tarde, como muitos quilómetros de teste em cima, começar a brincar e mudar os componentes à medida da evolução das nossas experiências e preferências pessoais.
Estamos com alguma curiosidade com a geometria de touring e meio ansiosos com a posição de condução e com os dropbars, vai ser uma experiência nova, e que contrastará muito com a posição bastante direita e guiadores citadinos que usamos e gostamos nas nossas bicicletas do dia-a-dia. O conforto possível virá do quadro em aço e dos pneus 2.0″ (o máximo com pára-lamas são 2.1″), visto que a bicicleta não tem suspensão no quadro, no garfo, no espigão do selim nem no próprio selim (estamos mal habituados :-P).
A escolha do modelo da bicicleta prendeu-se com a sua sólida reputação de bicicleta de viagens de longa distância, em autonomia (ou seja, carregada!), embora também eficaz para a cidade (queríamos algo também para passeios mais curtos ao fim-de-semana, por exemplo, ou para alguns tipos de deslocações urbanas do dia-a-dia), e assim ficaremos com dois exemplares de demonstração na loja, o que é sempre útil. 🙂 Dois links úteis e interessantes para começar a explorar este tema são este e este.
uniformizaçãonas peças suplentes: ambas as bicicletas usam o mesmo tamanho de aros, raios, pneus e câmaras de ar,
uniformização nas velocidades a rolar: uma roda 700c, devido à maior inércia face a uma de 26″, depois de estar a rolar mantém mais facilmente / por mais tempo a velocidade, o que levaria a que eu tivesse que me esforçar mais para manter a mesma velocidade do Bruno,
conforto: podemos usar pneus mais largos, neste caso serão 2.0″ mas podemos ir até 2.1″ (com rodas 700c e pára-lamas só dá para ir até aos 1.65″)
robustez: rodas 26″ são mais robustas que rodas 700c, o que é relevante em viagens em que a bicicleta vá muito carregada
Os extras básicos
Não temos dúvidas da importância que usar boas luzes tem no conforto e segurança da bicicleta, e não temos pachorra para andar a transportar, carregar e controlar pilhas, pelo que um dínamo de cubo era um item básico na lista de equipamento. Por isso pedimos logo ao nosso fornecedor para as biclas trazerem já montado um dínamo de cubo SON 28. Os SON são fiáveis e os 5 anos de garantia inspiram confiança (tenho um SON XS na Birdy e porta-se bem).
Escolhemos este em vez do SONdelux porque o SON 28 é o mais indicado quando é preciso mais luz a velocidades mais baixas, ou quando se pretende usar outros dispositivos ou carregar as suas baterias (eventualmente chegaremos a investir mais tarde num USB-Werk da Busch und Muller ou similar para carregar os telemóveis nas viagens).
Para usar com o dínamo, o Bruno escolheu a luz dianteira de LED SON Edelux pela sua capacidade de iluminação da estrada, nomeadamente a velocidades mais elevadas, fiabilidade, durabilidade, sensor e luz de paragem, e ser à prova de chuva!
Os pára-lamas que mandámos vir logo foram os Hebie Viper. Feínhos, coitados, mas leves e práticos.
O 190 é fixe porque tem um segundo par de carris mais abaixo, o que permite colocar o peso nos alforges mais abaixo também, e mais facilmente fixar outros sacos ou o que seja no topo, e mantém a luz traseira mais protegida numa espécie de reentrância. E aguenta até 40 Kg de carga!
O Low Rider 195 foi escolhido por ser mais leve visualmente e estruturalmente, dado que não prevemos ter que andar a transportar carga no topo de um porta-bagagem dianteiro, serão apenas os alforges de lado, em baixo, e o Low Rider 195 permite levar até 10 Kg de cada lado.
Entretanto, isto deve estar a chegar brevemente (estamos empulgas!). Agora temos que começar rapidamente a pensar em tudo o resto, para dar tempo de vir até à data de partida, planeada para algures entre 16 e 19 de Agosto!
Algumas coisas já temos, mas há-que analisar se servem o propósito (é diferente acampar com carro de apoio e com bicicleta de apoio :-P, e é diferente pedalar 5 Km seguidos ou acumulados por dia, ou 50 Km, o que afecta a escolha do selim e da indumentária). Qual a melhor rota para nós? Onde e como dormir (tenda, saco-cama, colchão, hammock,…?). O que levar para comer e cozinhar e como? Que ferramentas e peças suplentes devemos levar? Que tipo e número de artigos de vestuário e calçado escolher? Que tipo e número de sacos?
Tudo começa por escolher o destino e a rota da viagem.
No nosso caso, dado que toda a minha família do lado materno é do Algarve (o que significa matar saudades, e também cama e mesa garantidas), e que um novo membro da família é esperado vir ao mundo dentro de 2 ou 3 semanas, rumar a Sul foi a decisão óbvia. Além de que a paisagem, o ar do mar, etc, são o pano de fundo ideal para uma viagem no pico do Verão.
A ideia é, pela primeira vez em não sei quantos anos, conseguir tirar 2 semaninhas de férias efectivas, e usar a primeira para percorrer a costa de Lisboa ao Algarve e depois de Sagres ou Vila do Bispo até Messines (talvez usando a Ecovia do Algarve, que faz, supostamente, parte também da Rede 1 da Eurovelo), nas calmas, pedalando, passeando, e pernoitando pelo caminho. Uma viagem que já fizémos, de carro, há 11 anos atrás!
A segunda semana seria para ir para a praia, sendo que a ideia (muito optimista, reconheço), seria pedalar todos os dias para a praia e voltar (~60 Km ao todo). Tudo dependerá de quão quentes estejam os dias nessa altura, de como achemos as estradas (e trânsito) para percorrer de bicicleta, da nossa própria força de vontade, e das condições para prender as bicicletas em segurança enquanto estivermos no areal. 😉 Também há uma forte possibilidade de passarmos os dias em casa de papo para o ar a pôr a leitura e o sono em dia, só a repôr as energias depois da empreitada da primeira semana, ou irmos para a praia de carro, à boleia da família. 😛 Mas como a bicicleta não é uma religião, tudo bem!
Assim, ainda antes de estudarmos isto mais a sério e prepararmo-nos melhor, a matemática inicial é esta:
300 Km Lisboa-Messines
60 Km / dia
5 dias
depois 5 x 60 Km = 300 Km no commuting para a praia ou para onde mais nos apetecer!
Será que conseguiremos manter-nos fiéis ao plano?… 😛