Este post faz parte de uma série: Lisboa-Messines-2013! As fotos estão aqui.
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DIA V, 23 de Agosto, 6ª-feira
Zambujeira do Mar –> Aljezur
Cerca de 48 Km de pedaladas
O nosso caminho do dia foi mais ou menos este:
Acordámos com a tenda ainda à sombra (isto vai-se aprendendo umas coisas). 🙂
Arrumámos o estaminé e fomos ter à vila, espreitar o mar.
Eu a pensar “bolas, agora ia bem um mergulho”. 😛
O Pedro, que se mudou de Lisboa para Zambujeira do Mar há uns meses, tinha-nos convidado a contactá-lo para nos mostrar um sítio fixe para comer, e acompanhar-nos até Odeceixe, e assim foi (obrigada Pedro!).
Fomos almoçar a um restaurante de que não me recordo o nome, mas que fica no Porto das Barcas (ponto C no mapa). Calminho, perto do mar, com mesas cá fora. 🙂
Depois arrancámos os três rumo a Odeceixe. Mas primeiro, íamos passar em S. Teotónio, a ver se tínhamos sorte e encontrávamos aquilo de que o Bruno precisava para reparar o fogão de campismo.
O “control & release“ não funcionou tão bem a três, ou pelo menos com dois a circular a par (só há uma coisa que afronta mais os automobilistas do que não andar chegado à direita, é andar a par), mas funcionou ainda assim.
Em S. Teotónio a LHT do Bruno foi “baptizada”, caiu ao chão com uma rajada de vento mais forte. Não houve danos, salvo a fita do guiador, que se esfarelou no ponto de impacto. Mas o alforge e até o espelho retrovisor sobreviveram incólumes (provavelmente porque a bicicleta estava com a roda dianteira travada, e tinha peso, baixo, de ambos os lados, o que permitiu uma queda suave e lenta).
Em Odeceixe o caminho até à praia é deslumbrante! 🙂 Fazê-lo de outro modo que não de bicicleta é um sacrilégio. No final tem umas subidas, masa praia vale todas as gotas de suor que possam despoletar. 😛
Chegados à praia e despedidas feitas ao Pedro, queríamos ir ao banho e desfrutar daquela bela Natureza! 🙂 Ai, a ideia dos cacifos para ciclo-viajantes… Descemos aquilo com calma até lá abaixo, e empurrámos as biclas na areia, até uma pequena duna (perdoai-nos, senhor, esse pecado).
Só não as levámos para o pé das toalhas porque cansava mais. 😛
Arrumadas as biclas, fomos mudar de roupa no WC do café que dá para a praia e onde comprámos uns gelados como “lanche” (e onde jantaríamos depois).
A praia, pelo menos do lado fluvial, é linda de olhar e linda de sentir.
Embora dispensasse a vista de tanta autocaravana, confesso… E depois são todas brancas, é monótono. 😛
Entretanto o pessoal debandou todo e ficámos quase só nós na praia, o que deu jeito para trocarmos de roupa. Um vestido é super prático para isso, primeiro a parte de cima (faz-se um topless rápido) e depois a parte de baixo, resguardada de olhares pelo vestido. De qualquer modo, ali ao lado há uma praia de nudismo. 🙂 Para quem não é adepto de vestidos, a toalha serve! A beleza da coisa é que, do lado fluvial conseguimos sair da água impecáveis, sem areia, é só secar e mudar de roupa.
Entretanto, resolvemos jantar ali qualquer coisa em vez de deixar isso para as tantas, no parque de campismo.
Arrancámos já de noite praticamente, e pedalámos na boa os 15 Km até ao parque de campismo.
Este parque do Serrão tinha uma boa vibe. Mal chegámos apercebemo-nos de que 1) tinha imensas crianças e jovens e 2) havia bicicletas por todo o lado. Deve ser um parque particularmente interessante para famílias com miúdos, tinha campos desportivos, um relvado onde havia um grande grupo numa actividade qualquer logo quando chegámos (lá para as 21h30), piscina, e as ruas principais asfaltadas e em muito bom estado para andar de bicicleta, e uma zona comum de grelhados. Muito fixe.
Pouco depois de escolhermos o nosso lugar, chegou uma família. Entretanto lá nos tínhamos arrumado (tenda, corda para a roupa, bicicletas parqueadas – e como as bicicletas ficaram um bocado perto da tenda deles, fui lá pedir desculpa pelo facto, avisando que iríamos sair na manhã seguinte de qualquer modo. A senhora respondeu que “tudo bem, não há problema nenhum”, e ainda se ofereceu para nos deixar carregar as baterias dos telemóveis e assim no ponto de electricidade deles. 🙂 Por acaso já tínhamos pedido um para nós, e dado que tínhamos várias coisas para carregar, foi melhor, mas é uma alternativa a considerar para futuras viagens, a generosidade dos vizinhos. 🙂
Menos fixe: água “pró fria” no duche. Episódio para rir: indeliberadamente, tomei banho no balneário masculino. Estava vazio quando entrei e quase todo o tempo em que lá estive, só me apercebi mesmo quando estava a sair do edifício, pelo ar confuso de um rapaz que entrava naquele momento, que me olhava como se eu tivesse cometido uma grande infracção, lol.
Muito menos fixe ainda: furei o chão da tenda num pedaço de arame farpado (!) enterrado no chão, que não detectámos quando montámos a tenda (era de noite e fizémo-lo com pouca luz). Felizmente que não furei o colchão!
CONCLUSÕES para a posteridade:
- Odeceixe é definitivamente para revisitar!
- ao empurrar as LHT, carregadas, pela areia, percebemos que ajuda imenso a manobrabilidade se a mão atrás segurar no tudo do selim, logo abaixo da sua junção com o “top tube“
- pedalar de noite no Verão é mesmo fixe!
- montar a tenda ainda de dia, ou usar uma lanterna para ver o chão, nomeadamente se está lá algo que possa furar a tenda ou um colchão, por exemplo
- confirmar efectivamente se estamos no balneário certo para não arriscarmos situações de atentado ao pudor, lol
A praia de Odeceixe é maravilhosa! Eu fiquei do lado dos nudistas, pois costuma ser mais reservada. Como estava nevoeiro, rapidamente fiquei com a praia só para mim.
Há, ou havia, um restaurante de uma senhora holandesa (ou alemã, não me lembro) com uma comida óptima, muito original, mas em bom. Quando lá passei, tinha uns pratos temperados com mostarda de figo.
Depois destas férias, em que pela primeira vez utilizei alforges, fiquei na dúvida entre o conforto de não ter mochila às costas, e a liberdade de prender a bicla em qualquer sítio para descer à praia. Não consigo decidir qual a melhor opção.
Vou passar a Aljezur… 😉 Será que foram à praia da Amoreira?
Mostarda de figo? Hmmm. Temos que lá ir investigar isso numa próxima vez. 😛
Coisas às costas nunca! O nosso problema não era ter alforges, era ter muitos e carregados, e coisas valiosas (os nossos dois portáteis) num deles. Numa próxima viagem poderemos minimizar este problema com uns cabos próprios da Ortlieb para prender os alforges e levando connosco o que tiver algo mais valioso (ou não tendo nada de valioso à partida). A Ortlieb tem um acessório para transformar um alforge numa mochila, mas isso não nos resolvia o problema.
Foi porreiro, pena não ter estado mais tempo convosco à conversa… talvez agora que têm biclas próprias para isso e o ‘bichinho’ do touring já mordeu, apareçam por cá mais vezes! 😉
Abraço,
Pedro.
Ana, uma dica a quem lê este belo relato.
De Odeceixe Praia a Aljezur é possível evitar a N120 (muito trânsito e grandes velocidades) da seguinte forma: A partir de Malhadais seguindo pela rede de caminhos alcatroados do lado do mar, com muito pouco tráfego. Cruzar a N120 na entrada de Maria Vinagre (semáforos) e seguir pela M1002, uma paralela á N120 pelo lado da serra e que vai dar a Aljezur.
Um dos meus percursos de eleição a partir de Odeceixe.
Luis
Boa dia, fica para a próxima. 😉 Obrigada!