Sexta-feira, feriado do 1º de Dezembro, 2017. Fim-de-semana prolongado. Previsões meteorológicas: um frio do caraças, mas sol e céu limpo! Vamos pedalar para um sítio qualquer e dormir onde calhar? 🙂 Ao partir ainda não sabíamos, mas acabou por ser a primeira vez que acampámos no quintal de alguém.
Era esse o plano, pedalar até algures e dormir onde desse. Convidámos os suspeitos do costume. Como sempre, a maior parte não pode por isto ou aquilo. O Gonçalo e os miúdos estavam disponíveis e alinharam. E eu convidei a Patrícia, que conheci mais recentemente, e que já sabia que curte estas cenas.
O plano
O Gonçalo propôs e a malta concordou:
Sexta-feira:
- Comboio Regional das 9h35 até ao Entroncamento.
- Pedalar até Vila Nova da Barquinha (5 Km) e fazer uma visita/paragem no Barquinha Parque, toda aquela extensão verde ribeirinha. (Para nós seria uma repetição, tínhamos andado por aqui num cicloescapadinha com outros amigos no Carnaval, uns meses antes.)
- Pedalar até ao Castelo de Almourol (5 Km) e visitá-lo. Existe aqui um café fixe, com umas boas saladas.
- Pedalar até ao Parque de Campismo de Castelo de Bode (14 Km). Percurso: https://goo.gl/maps/
EtwWjb1qdXs). Tem uns bungalows muito em conta onde dá para ficar 6 pessoas. Dormir aqui. Parque de campismo fechado. Alternativa: wild camping em sítio a descobrir na altura!
- Pedalar até Tomar (14 Km: https://goo.gl/maps/
vdqhUXqiEHB2). Visitar o parque ribeirinho, o Convento e Castelo de Tomar, comer bem e barato nas ruas pedonais do centro histórico. - Apanhar o Comboio Regional de regresso para Lisboa ao final do dia.
A implementação
E lá fomos nós! Éramos 4 adultos, 2 crianças e 1 cão, 6 bicicletas (incluindo uma longtail, 1 pequena de criança – que às vezes ia no atrelado, tal como o seu dono – e uma dobrável) e 1 atrelado.
A Mutthilda fica sempre com medo que nós não a levemos, e então estaciona logo no seu lugar, enquanto arrumamos tudo, não vá o diabo tecê-las. 🙂
Apanhámos o comboio das 9h35 em Santa Apolónia, para não madrugar demasiado. Já aqui dissémos e repetimos: a co-modalidade bicicleta – comboio é fundamental à dinamização da mobilidade em bicicleta e do turismo em bicicleta em longas distâncias. Ainda bem que a CP tem melhorado progressivamente o serviço que presta ao seus clientes nesta área.
Chegados ao Entroncamento, havia um elevador, mas ainda assim optámos por acartar a bicicleta do Bruno e o atrelado do Gonçalo pelas escadas – já não me lembro bem, mas acho que o elevador era muito pequeno e havia alguma “fila”.
A primeira paragem foi no parque de Vila Nova da Barquinha, onde almoçámos.
E fizémos uma pausa.
Seguimos depois rumo ao Castelo de Almourol. Bebemos qualquer coisa no café em frente e prendemos as bicicletas umas às outras.
Descemos e fomos então visitar o castelo.
A seguir, pusémo-nos a caminho de Martinchel, por onde tínhamos já andado em Fevereiro. Incluindo uma subida do caraças, onde tivémos que apertar um bocado com os miúdos. 🙂 Mas lá se fez novamente, e chegámos ao topo cansados mas quentinhos!
A partir dali a nossa missão era encontrar um sítio fixe onde montar as tendas e pernoitar.
A primeira vez que acampámos no quintal de alguém
Acabámos por bater à porta do Sr. António, quando vimos que o quintal dele parecia reunir as condições ideais. Ele estava ao telefone e tivémos que esperar um bom bocado. Mas lá nos abriu a porta e aceitou logo o nosso pedido. Foi muito simpático e até nos emprestou uma lanterna. Montámos o estaminé (tendas), e jantámos (comida fria que trazíamos nas marmitas, nham nahm!) e depois, seguindo as instruções do Sr. António, pedalámos 2 ou 3 Km até um cafézinho, onde fomos tomar uma bebida quente e passar um bocado ao “quentinho”.
Reconfortados, regressámos ao quintal do Sr. António.
E fomos dormir, esperando não congelar durante a noite. 😀 Estariam uns 3 ºC naquela noite. Fomos prevenidos, mas ainda assim, não foi uma noite quentinha. Mas não fazia mal, era só uma noite de eventual desconforto, e não é aventura nenhuma se estivermos muito confortáveis!
De manhã, havia gelo nas tendas.
Mas felizmente estava sol. Pusémos as coisas a secar, estendemos uma manta no chão, na beira da estrada em frente (ao sol!) e tomámos o pequeno-almoço. O Sr. António até nos trouxe umas torradas! E ficou ali a conversar connosco e a contar-nos história da vida dele. Trouxe-nos os álbuns de fotografias, falou da tropa, da guerra, da família…
Viúvo, e com os filhos emigrados ou longe, expressou alguma tristeza com essa solidão e afastamento. Mas é independente e autónomo, e tem uma vida social e cultural preenchida, pareceu-nos, o que é muito bom!
Ficámos felizes por lhe fazer companhia, alegrar o fim-de-semana, e proporcionar-lhe também mais uma história para contar. Aqui há umas semanas enviámos-lhes uns postais! 🙂
Foi a primeira vez que acampámos no quintal de alguém. Já podemos riscar essa da lista.
Lá nos despedimos do Sr. António e pusémo-nos a caminho de Tomar. Já era um bocado tarde. Passámos pela barragem de Castelo de Bode, e parámos um bocado depois para um almoço improvisado num café à beira da estrada. Continuámos depois até Tomar, mas sem muito tempo para ir ver monumentos.
Serendipity (felizes coincidências, encontros fortuitos)
Íamos nós a pedalar quando vemos uma cara conhecida da Cenas a Pedal, era o António com a sua Brompton. Parámos para dizer olá, quando nos lembrámos de que ele e a Eva tinham aberto recentemente uma mercearia bio em Tomar, que era justamente ali!
Pronto, estacionámos as biclas cá fora e entrámos, para dizer olá à Eva, ver a loja – Bio Thomar, e petiscar qualquer coisa.
Um espaço muito agradável! Se passarem por Tomar, não deixem de espreitar.
Quando estávamos a sair, para ir apanhar o comboio, fomos “apanhados” em directo pelo Luís, no seu vídeo de divulgação da palestra de alimentação saudável que ali ia ter lugar de seguida, dada pela Daniela. 🙂
E assim concluímos mais uma cicloescapadinha! Depois fomos na conversa o resto da viagem de comboio até Lisboa, uma das grandes vantagens de andar de comboio (isso e podermos levantarmo-nos e andar por ali).
Foi fixe. 🙂 Até à próxima!