DIA IV: Porto Côvo – Zambujeira do Mar

Este post faz parte de uma série: Lisboa-Messines-2013! As fotos estão aqui.
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DIA IV, 22 de Agosto, 5ª-feira
Porto Côvo –> Zambujeira do Mar
Cerca de 62 Km de pedaladas

O nosso caminho do dia foi mais ou menos este:


Ver mapa maior

Saímos do parque de campismo ao fim da manhã e arrancámos em direcção a Vila Nova de Milfontes. Ainda estávamos na vila quando vi o Nuno Markl a falar ao telemóvel na rua, junto a uma esplanada. Ainda pensei em ir lá, meter conversa e dizer “quando quiser realmente aprender a andar de bicicleta, é aqui!“, mas depois achei que o homem tem direito a férias e que deve estar farto de gente a chateá-lo, e segui. 😛

Em V.N. de Milfontes fomos procurar um sítio onde pudéssemos reparar o fogão ou então, talvez, comprar outro. Por momentos pensei que a vila era muito à frente, na rua principal via um parque de estacionamento para biclas num lugar de estacionamento em vez de no passeio, mas depois vi que pertencia à frota de uma empresa. 😉

Vila Nova de Milfontes

Afastámo-nos da rua principal à procura de um lugar mais calmo para almoçar. Tivémos sorte, encontrámos um restaurante (ponto C no mapa) com mesas de madeira e bancos corridos cá fora e à sombra, e onde pudémos deixar as biclas ao pé e também à sombra. 🙂 

Vila Nova de Milfontes

Depois de almoçados, refizémo-nos à estrada. Para reparar o fogão não tivémos sorte, mas encontrámos uma loja tipo “dos 300” (ponto D no mapa) que tinha um kit de 2 (um fogão + um candeeiro), por 45 €. Estivémos ali vai-não-vai, mas decidimos não gastar dinheiro naquilo – teríamos mais coisas para acartar, aquilo podia estragar-se também e depois ficávamos a arder (era uma marca indiferenciada, e não voltaríamos facilmente à loja para pedir a garantia, enquanto que o fogão que temos e que se avariou é um Coleman). Pensámos: pelos 45 € do fogão quase que conseguimos almoçar e jantar nos próximos 3 dias (a técnica de comer num restaurante e depois levar o que sobra para o jantar é muito prático, e geralmente as doses são grandes, mas na verdade só fizémos isto uma vez,neste mesmo dia). Não compensava muito comprar outro fogão e então seguimos.

Antes de nos fazermos ao caminho para a Zambujeira do Mar, fomos espreitar o Farol de Milfontes. Já lá tínhamos passado anos antes e quisémos revisitar a paisagem. Aproveitámos para re-aplicar o protector solar, beber água, respirar mais um pouco de sol & mar, e reunir mais umas “stock photos“. 🙂

Vila Nova de Milfontes

E allez que se faz tarde. Passar a ponte sobre o Rio Mira foi fixe, uma bela paisagem apreciada à (boa) velocidade da bicicleta. 🙂 Depois pela N263, que tinha bom piso e uma berma larga para irmos a par muitas vezes (um direito que quem vai de carro assume como garantido, ir lado-a-lado a conversar e comunicar e que a partir de Novembro também “assiste” aos ciclistas). 🙂 Ah, e o uso das bermas também passa a estar previsto na lei como uma opção para os ciclistas.

Uma paragem para um chichi, mais água, ver o mapa e umas fotos. 😛

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Na nossa primeira road trip [de carro], quando começámos a namorar, há mais de 10 anos, passámos pela praia de Almograve, e quisémos revê-la, agora a pedalar. 😉 Assim, cortámos para a direita, rumo à costa:

Almograve

A vila tinha bom aspecto, foi uma lufada de ar fresco.

Almograve

Parámos e encostámos as biclas a mais uma parede, para beber água, e comprar fruta e mais umas coisas num minimercado. Quando nos apercebemos, damn it!, de um stand de farturas do outro lado da rua. Bolas, tanta pedalada a queimar combustível acumulado e agora vamos lixar tudo com uma fartura à qual não vamos resistir.

Almograve

Aquele sorriso de prazer está carregadinho de culpa. 😛

Mais umas pedaladas e chegamos à praia. Há 10 anos atrás havia o restaurante, agora desactivado e mais nada.

Almograve

Era uma estrada em terra batida até à praia, e os carros estacionados quase à beira de caírem lá para baixo. Agora havia uma zona delimitada para estacionar, um pouquinho mais recuada que antes, com uns blocos com um buraco no meio para dar estrutura mas sem impermeabilizar o solo, presumo), uma zona de estadia com bancos e sombra para apreciar a paisagem:

Almograve

Estacionámos lá as biclas e enquanto eu tirava fotos o Bruno meteu conversa com umas pessoas que lá estavam, que disseram que se tinham cruzado connosco na estrada, e daí se desenvolveu uma conversa sobre o uso da bicicleta. 🙂

Almograve

A vista enchia a alma. 🙂

Almograve

Almograve

Um dia talvez possamos fazer estas rotas a pé.

Almograve

Pessoalmente dou-me melhor com a bicicleta, adoro andar a pé, mas entre a escoliose e as pernas pesadas, fico KO rapidamente. 🙁 A bicicleta acomoda melhor estes handicaps.

Ainda era quase “cedo”, vimos que havia uma rampa de acesso à praia e pensámos “‘bora para a praiaaaaaa!“.

Almograve

Havia um parque para bicicletas mas 1) era um dobra-rodas e 2) estava demasiado longe da praia para lá podermos deixar as biclas com toda a nossa bagagem.

Almograve

Pensei que os sítios cycle-tourist-friendly deveriam ter cacifos onde guardar as bicicletas com toda a carga, junto do balneário onde se pudesse tomar duche e mudar de roupa. Aaah, a utopia. 🙂

Solução “à tuga”? Levar a bicla para o pé de nós. Não é algo que nos orgulhe, mas, dado que éramos só nós a fazê-lo, não foi um problema e permitiu-nos desfrutar de uma experiência boa. 🙂

Almograve

Deixámo-las na rampa, fora da areia, encostadas à vegetação.

Almograve

Para um ladrão de ocasião, empurrá-las lá para cima seria difícil e lento, e tirar de lá coisas também não seria imediato, e então, apesar de estarmos sempre a olhar para lá, pudémos dar uns mergulhos e caminhar na areia. 🙂

Almograve

Usámos os balneários que ainda existem, embora desactivados (havia 2 duches + 1 WC), e agora só há 1 WC, com porta. Vários minutos à espera para trocar de roupa e vestir o fato-de-banho, e pronto. Estávamos preocupados com a perspectiva de continuar a viagem pedalando com a pele cheia de sal e areia, mas perguntámos a alguém se sabia se havia algum duche na praia e disseram-nos que sim, mesmo no fundo da praia, no recanto. Pensámos que se referia a um duche “oficial”, mas afinal era um sítio onde escorria pelas rochas água doce e as pessoas usavam como duche. 🙂 Brilhante! Pudémos sair da praia e voltar à roupa normal sem recear ficarmos assados com areia nos calções. 😛

Soube mesmo mesmo bem aquela horinha de praia. 🙂 Não gostamos de confusão nem de praias de betão, em cima da praia só deve haver dunas, pinhal, etc, nunca carros, asfalto, prédios!… Infelizmente o resto dos portugueses não vê as coisas da mesma maneira, parece, e por isso são raras as praias assim. Esta é mais uma de aproveitar enquanto durar…

E a coisa boa não acabou ali! Logo à saída, havia uma estrada em terra batida que continuava junto à costa. Perguntámos a alguém se aquilo continuava para a Zambujeira do Mar e disseram-nos que não, que ia dar a um sítio bonito, a um porto de pescadores (ponto H no mapa), mas que ainda era longe. Olhámos um para o outro, já deviam ser umas 20h, faltavam uns 20 Km para chegarmos ao próximo parque de campismo, que podia fechar entretanto a recepção, etc, etc,… e dissémos “vamos lá!”. 😀

Almograve

Ainda bem que o fizémos. No caminho e no destino, a luz era perfeita, a vista também, o silêncio divinal. Até o ar e a própria terra da estrada, apesar de meio ondulada, eram perfeitos.

Almograve

Depois voltámos ao caminho, pedalando por estradas quase sem trânsito, e quase sem gente, já de noite.

IMGP4299

É óptimo pedalar à noite (com boas luzes!…), relaxante, mais fresco, sem preocupações com protector solar, etc. O único problema são as melgas – temos que pedalar depressa para elas não nos apanharem! 🙂

Acho que démos “uma ganda bolta“, mas lá chegámos, finalmente, a Zambujeira do Mar e ao seu parque de campismo. A recepção fechava no preciso momento em que entrei na mesma para fazer o check-in: 22h00! Tivémos sorte, o minimercado ainda estava aberto e pudémos reabastecer-nos para o jantar. Depois foi andar às voltas a procurar um sítio bom para montar a tenda, enquanto éramos atacados pelas melgas (pelo menos até eu sacar do repelente!).

Cena estranha deste parque: podemos fazer o check-in até às 22h, mas a partir dessa hora já não temos direito a duches, temos que pagar para tomar banho entre as 22h e as 8h (!). Tem que se pôr uma moeda numa máquina FORA da cabine!!… Fantástico. Mas à parte isso, era um parque simpático, do que nós vimos e usámos na nossa curta passagem por lá. 🙂

CONCLUSÕES para a posteridade:

  • não sair de casa com equipamento avariado ou mal reparado (o fogão, no nosso caso)
  • Almograve é sem dúvida para repetir
  • uma cena destas tinha-me poupado tempo que podia ter sido usado em mais mergulhos no mar! 😛
  • uma cenas destas também me parece cada vez mais interessante, mesmo em viagens-sem-ser-até-ao-fim-do-mundo! 😉 
  • uma luz daquelas de fixar à testa daria jeito para todas estas montagens de tenda e afins à noite
  • além de um repelente de insectos, não sair de casa sem um creme para picadas de insectos…

7 thoughts on “DIA IV: Porto Côvo – Zambujeira do Mar

  1. Ricardo

    Estou a adorar o vosso relato. Fiz aproximadamente o mesmo percurso, umas semanas antes e é muito interessante comparar experiências. Até agora, destaco 2 coisas:
    – ser homem é muito mais simples
    – passei uma semana a tomar banho apenas no mar, e não fiquei assado
    bjs
    RF

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    1. Ana Pereira Autor do artigo

      Ricardo, acho que a questão aqui é “ser Ricardo é muito mais simples”, tem a ver com as pessoas e não tanto com géneros. 😛
      De resto, não sabemos se ficaríamos efectivamente “assados” com areia e sal na pele e na roupa, era só um receio que não chegámos a ter que testar. Mas não seria drama nenhum fazê-lo. Mas eu fico sempre com uma zona da pele, no interior das côxas, vermelha e irritada, quando pedalo mais do que meia-dúzia de Km por dia, independentemente do selim e tipo de bicicleta. O Bruno não se queixa disso, por isso deve ser algo meu.

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  2. Andreia

    Quanto mais acompanho o vosso blog mais vontade tenho de pegar na bicicleta a largar o carro em casa. A única coisa que me impede é taaanta subida até lá.
    Vi que usam umas técnicas para andarem na estrada em segurança e eu que já apanhei uns quantos sustos na cidade. Vocês dão formação ou receberam em algum lado?

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    1. Ana Pereira Autor do artigo

      Olá Andreia,

      As subidas contornam-se (literalmente), entranham-se (com a regularidade custam cada vez menos), ou ultrapassam-se (com uma bicicleta com assistência eléctrica, uma pedelec). 😉

      Nós damos formação, sim! Quando recomeçámos a usar a bicicleta para transporte, já adultos, há uns 9 anos, sentimos as mesmas dificuldades e receios que toda a gente, e fomos procurar soluções. Estudámos muito ao longo dos anos, e resolvemos tirar um curso de instrutores de condução para ajudar outros como nós, cá em Portugal. 🙂 Pode saber mais aqui.Temos um ainda com vaga que decorre este sábado, dia 7 e dia 14 de Setembro.

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      1. Andreia

        Tenho que admitir que a segunda vez já custou muito menos, especialmente quando fui a ouvir 3 golos pelo caminho sem saber que Portugal estava a jogar 😀

        Para o próximo sábado, já não têm vagas? Não me aparece essa data no vosso site, se calhar já cheguei atrasada :/

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  3. Humberto

    Ao chegarem ao Brejão, não percam um peixinho grelhado no Restaurante Miramar. É daquelas coisas que não se conseguem fazer num fogão de viagem… Digam que vão da minha parte e não tenham medo de provar o Medronho da casa.
    Boas pedaladas!

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